[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014



[Com proposta de audição de excerto de "Lazarus", de Franz Schubert]


Sintra
É verdade,
Missa na Capela de São Lázaro!


[facebook, 18.12.2014] 

Nem os mais antigos se lembram há quantos anos terá sido celebrada a última missa na Capela de São Lázaro. Não confundam o acto de culto que é a Adoração do Santíssimo em Quinta Feira Santa, no qual alguns de nós costumamos participar neste mesmo local, com a celebração da Santa Missa... Missa, de facto, terá acontecido apenas hoje, depois de muitas décadas.

Santo lugar, carregado de séculos de História, a Capela de São Lázaro é um espaço algo exíguo, se apenas nos ativermos à real aparência daqueles poucos metros quadrados de área de culto da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. É que, por outro lado, se considerarmos a dimensão outra, de cunho espiritual, de memórias acumuladas e coladas àquelas singelas paredes, então, verdadeiramente impressionante é a partilha da Palavra ali vivida.

Pároco estudioso, também membro da Canaferrim, Associação Cívica e Cultural, o celebrante Padre Armindo, quis aproveitar a oportunidade para esclarecer o que é possível acerca da figura de santo hoje em evidência. Em São Lázaro, confundem-se duas entidades, a de Lázaro, irmão de Marta e de Maria, amigo de Jesus, que Jesus ressuscitou quatro dias passados sobre a sua morte física [João, 11, 26] e a de outro Lázaro, o da parábola que o mesmo Jesus contou.

Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico. Até os cães iam lamber-lhe as chagas [Lucas 16:19-31].

Este Lázaro, o mesmo da gafaria de Sintra, protagonista de uma parábola, não passa disso mesmo, ou seja, uma entidade simbólica, cujos atributos e méritos nos são veiculados pelo próprio Jesus, com o objectivo de chamar a atenção para realidades e valores que, fazendo parte do nosso património cristão, cumpre serem assumidas, suscitando a reflexão que o divino Autor da Parábola pretendeu.

Recuámos séculos e séculos, impressionados pela singeleza dos sinais à nossa volta, que, repito, nos remetem para a possibilidade da partilha de uma espiritualidade prenhe de memórias, de História, que se renova com os nossos propósitos mais virtuosos em tempo de Advento.

Um fim de tarde muito especial o deste 17 de Dezembro, ao lado de queridos amigos. Militantes da defesa, preservação e recuperação do património natural e edificado de Sintra, com os pés bem assentes na terra, dificilmente poderíamos ter encontrado um lugar que melhor se identifique com os objectivos que nos determinam, recusando mundanidades estéreis, alinhados, isso sim, com valores essenciais que se confundem nos Lázaros da hagiografia.

Foi o primeiro, estou certo, de muitos futuros 17 de Dezembro. Passos discretos de uma História multissecular, vivida por homens discretos, radicados na Boa Memória de vivências que importa saber estar à altura.

A propósito, um excerto do Acto I de "Lazarus" D. 689 de Franz Schubert, a Cantata para seis solistas, coro e orquestra, obra incompleta que leva o subtítulo de 'Lázaro ou a Celebração da Ressurreição'. São intérpretes a Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera Rádio Sinfonia, Helen Donath, Lucia Popp, Maria Venuti, Robert Tear, Elmar Schloter, Josef Protschka, Dietrich Fischer-Dieskau. Dirige Wolfgang Sawallisch.

Boa Audição!

http://youtu.be/LthxH8sVlBA


































Hoje dia de aniversário do Papa Francisco e dia de São Lázaro. Celebração de missa pelo Sr Padre Armindo Reis na capela de São Lázaro em S.Pedro de Sintra. A CANAFERRIM Associação Civica e Cultural esteve presente.
 

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