Efeméride mozartiana,
um quinteto para a eternidade
[facebook, 22.12.2014]
Em Viena, no dia 22 Dezembro de 1789, durante um concerto da Wiener Tonkünstlersocietät (Associação dos Músicos Vienenses), acontecia a estreia do ‘Quinteto para Clarinete em Lá, KV. 581’, que Mozart terminara em 29 de Setembro daquele ano, tendo-o dedicado a Anton Stadler, seu Irmão Maçon, afamado clarinetista, que também o interpretou na ocasião.
Estamos perante uma das obras mais sofisticadas da fase da grande maturidade do compositor. E, infelizmente, hoje em dia, não podemos aceder à plenitude da peça, inicialmente composta para um instrumento especialmente construído para o grande músico que Stadler era, que permitia a emissão de notas de registo mais grave do que os instrumentos que se enquadravam no padrão da época.
O famoso clarinetista, sempre muito «curto» de dinheiro, terá vendido a partitura autógrafa durante uma sua tournée europeia, entre 1791 e 1796, partitura essa que, lamentavelmente, se perdeu. É por isso que as edições subsequentes tiveram de se subordinar à edição André de 1802, adequada, isso sim, ao instrumento «normal». De qualquer modo, modernas «reconstruções» do Quinteto bem como o Concerto KV. 622, demonstram até que ponto chegou a mestria do compositor na exploração das capacidades do clarinete.
A propósito desta peça, como não lembrar que, há cerca de uma dúzia de anos, assisti a um dos mais espantosos eventos musicais da minha vida, no pequeno e humilde auditório da Sociedade de Recreio ‘Os Pimpões’ das Caldas da Rainha, onde Sabine Meyer - talvez a mais conhecida intérprete clarinetista, a nível mundial, a diva ou die Göttin, [a deusa], o seu mais famoso epíteto - ali tocou com o estupendo Quarteto Tokyo, o Quinteto KV. 581 de Mozart, perante a total ausência dos «melómanos», qual paradoxo, na medida em que, por definição, o melómano sabe onde acontece o evento que não pode perder...
Como a estreia da obra se reporta a um dia 22 de Dezembro, por favor, não imaginem que Mozart a terminou em perfeito espírito natalício - seja lá o que isso for, tanto hoje como há 225 anos - porque, reparem logo no primeiro parágrafo deste texto, tinha sido terminada quase três meses antes…
Finalmente, a paradigmática interpretação do Quarteto Hagen, precisamente, com Sabine Meyer e Quarteto Hagen, objecto da gravação que vos proponho [só a primeira parte, de cerca de trinta e três minutos], foi obtida ao vivo na Grosse Saal do Mozarteum, durante uma edição da Mozartwoche a que, naturalmente, tive o privilégio de assistir.
Boa audição!
http://youtu.be/4k1fuAuwnJA
um quinteto para a eternidade
[facebook, 22.12.2014]
Em Viena, no dia 22 Dezembro de 1789, durante um concerto da Wiener Tonkünstlersocietät (Associação dos Músicos Vienenses), acontecia a estreia do ‘Quinteto para Clarinete em Lá, KV. 581’, que Mozart terminara em 29 de Setembro daquele ano, tendo-o dedicado a Anton Stadler, seu Irmão Maçon, afamado clarinetista, que também o interpretou na ocasião.
Estamos perante uma das obras mais sofisticadas da fase da grande maturidade do compositor. E, infelizmente, hoje em dia, não podemos aceder à plenitude da peça, inicialmente composta para um instrumento especialmente construído para o grande músico que Stadler era, que permitia a emissão de notas de registo mais grave do que os instrumentos que se enquadravam no padrão da época.
O famoso clarinetista, sempre muito «curto» de dinheiro, terá vendido a partitura autógrafa durante uma sua tournée europeia, entre 1791 e 1796, partitura essa que, lamentavelmente, se perdeu. É por isso que as edições subsequentes tiveram de se subordinar à edição André de 1802, adequada, isso sim, ao instrumento «normal». De qualquer modo, modernas «reconstruções» do Quinteto bem como o Concerto KV. 622, demonstram até que ponto chegou a mestria do compositor na exploração das capacidades do clarinete.
A propósito desta peça, como não lembrar que, há cerca de uma dúzia de anos, assisti a um dos mais espantosos eventos musicais da minha vida, no pequeno e humilde auditório da Sociedade de Recreio ‘Os Pimpões’ das Caldas da Rainha, onde Sabine Meyer - talvez a mais conhecida intérprete clarinetista, a nível mundial, a diva ou die Göttin, [a deusa], o seu mais famoso epíteto - ali tocou com o estupendo Quarteto Tokyo, o Quinteto KV. 581 de Mozart, perante a total ausência dos «melómanos», qual paradoxo, na medida em que, por definição, o melómano sabe onde acontece o evento que não pode perder...
Como a estreia da obra se reporta a um dia 22 de Dezembro, por favor, não imaginem que Mozart a terminou em perfeito espírito natalício - seja lá o que isso for, tanto hoje como há 225 anos - porque, reparem logo no primeiro parágrafo deste texto, tinha sido terminada quase três meses antes…
Finalmente, a paradigmática interpretação do Quarteto Hagen, precisamente, com Sabine Meyer e Quarteto Hagen, objecto da gravação que vos proponho [só a primeira parte, de cerca de trinta e três minutos], foi obtida ao vivo na Grosse Saal do Mozarteum, durante uma edição da Mozartwoche a que, naturalmente, tive o privilégio de assistir.
Boa audição!
http://youtu.be/4k1fuAuwnJA
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