Natal,
palavras emprestadas
Para todos, só desejo o melhor. Mas não consigo alinhar nos designados «votos da quadra». Como estão gastas as palavras comuns, vou em busca das únicas que jamais se corroem, as da Poesia, constante refúgio de Beleza.
Recorro a Natália. É Natal?
FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
[Natália Correia, "O Dilúvio e a Pomba", Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979]
palavras emprestadas
Para todos, só desejo o melhor. Mas não consigo alinhar nos designados «votos da quadra». Como estão gastas as palavras comuns, vou em busca das únicas que jamais se corroem, as da Poesia, constante refúgio de Beleza.
Recorro a Natália. É Natal?
FALAVAM-ME DE AMOR
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
[Natália Correia, "O Dilúvio e a Pomba", Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979]
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