[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015



2015, Salzburg III
(Cont. de ‘Salzburg II’)


[facebook, 22.01.2015]


Pois se chegou tarde, preparando-se para sair, antes de a Mesa Redonda terminar, a minha querida e maior amiga em Salzburg, Prof. Geneviève Geffray, directora da Bibliotheca Mozartiana da Fundação Internacional do Mozarteum durante dezenas de anos até se aposentar em 2012, e eu saltámos do nosso lugar e fomos ao encontro de MM, lembrando-lhe o compromisso comigo.

Marc Minkowski, o conhecido fundador e, até hoje, único Maestro titular de Les Musiciens du Louvre Grenoble, é um apaixonado por cavalos. Não admira, portanto que, praticamente, tivéssemos caído nos braços quando percebeu o que eu lhe levava. Pois, nem mais nem menos do que o livro escrito pela Dra. Teresa Abrantes, a médica veterinária que dirige a Escola Portuguesa de Arte Equestre, ainda por cima, com uma dedicatória.

Também o Dr. Manuel Baptista escreveu umas palavras que o Maestro agradeceu sinceramente. Quando lhe falei de Queluz, sede da EPAE, ele já sabia que era a meio caminho entre Lisboa e Sintra, lugar que pretende conhecer. No referido livro, o Palácio aparece profusamente, as fotos são estupendas, o homem estava encantado.

Ele conhece os Lusitanos, ele conhece os Sorraia, raça portuguesa, antiquíssima, que a maioria dos portugueses nem nunca ouviu falar, exemplares da qual Bartabas tem na Académie Équestre de Versailles. (Por acaso, depois de fazerem o indispensável volteio, sem o qual ninguém deveria atrever-se a montar, as minhas filhas montaram, durante alguns anos, o ‘Nobel’, cavalo Sorraia, montada estupenda mas caprichosa. E lá vão cerca de trinta anos…).

E, igualmente, lhe entreguei, com a devida apresentação, os CD’s que o Massimo Mazzeo lhe enviou, bem como uma sua misteriosa carta – certamente, coisa de iniciados… – que, em envelope fechado, eu era portador… O Massimo Mazzeo (MM), que também tem trabalhado com a Escola Portuguesa de Arte Equestre, e que tem uma relação tão íntima com a orquestra barroca ‘Divino Sospiro’, de facto, tem uma série de coincidências de vida musical com Marc Minkowski (MM). O que eu adorava ver estes dois amigos lançados numa qualquer aventura, mais ou menos louca, que isto é gente de outra, da melhor, galáxia…

Falámos acerca da possibilidade de a produção ir a Lisboa ma, não tendo havido tempo para entrar em detalhes. Às tantas, já ele falava do CCB, que conhece, e eu, a propósito, replicando com o conhecimento do Prof. António Lamas, pessoa que tão afim está de toda esta história. Mas, reconhecia ele, que o CCB não tem condições para o efeito da montagem desta produção. Como a conversa já se prolongava e ele ainda tinha imenso que fazer, teremos um novo contacto num dos próximos dias.

A minha amiga e eu ainda voltámos à Mesa Redonda que, sem a presença dos franceses Bartabas e Minkowski, então continuava, apenas em Alemão, fornecendo pistas e mais pistas de leitura da obra que esta noite veríamos na Felsenreitschule. É verdade, estou farto de falar neste grande auditório, que fica paredes-meias com a Haus für Mozart – no espaço que, antigamente, foi ocupado pelo Kleines Festspielhaus (que, durante anos sucessivos, eu vi deitar a baixo e reconstruir nos termos da nova proposta) o qual, afinal, toda a gente conhece, quanto mais não seja, do filme “The Sound of Music”, já que é o cenário real do concerto que os Trapp dão antes de pirarem pela esquerda alta… Lembram-se ou também é preciso recorrer a imagens do YouTube?

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Um perigosíssimo fait divers...

Bem, quanto à récita da noite, amanhã terão as minhas impressões. Mas não me despeço sem vos dizer que estive prestes a não assistir. Nem mais! Quando me preparava para entrar, mesmo sem meter a mão à carteira para retirar o bilhete, logo tive presente de que me esquecera de o trazer. E, meu Deus, eram sete e dezassete, faltava menos de um quaro de hora para começar.

Agora apelo aos meus amigos que conhecem Salzburg, nomeadamente, a M Manuel Bravo Serra e José Luís de Moura. Dali, até St Sebastian, onde sempre fico alojado, é um quilómetro. Tive de subir e descer o terceiro andar onde está o meu quarto, buscar o bilhete e regressar. Dois quilómetros. Tive de correr que nem um desalmado. Fiz a vergonha de passar um semáforo antes de caír o verde.

Se vos disser que me parece impossível como consegui, dou-vos a minha palavra em como não exagero. Foi uma loucura. Se calhar, amanhã, no conhecido jornal “Salzburger Nachrichten”, virá uma qualquer notícia acerca de um velho louco, bem posto, de sobretudo formal, cachecol ao vento, a bater os calcanhares, entre a Wiener Philharmoniker Gasse, Rathaus Platz, Staatsbrücke e Linzer Gasse…

Bem, por acaso não há neve nem gelo pois, caso contrário, nem pensar! Depois de ter prometido à minha mulher que não poria em risco a minha segurança… É que, estando sozinho, se alguma coisa acontece, apesar de cá ter queridos amigos, tudo será muito complicado. E o que vale é que a Ana Maria não tem, não acede e detesta o facebook. Ficam sabendo, nomeadamente, as minhas irmãs e irmãos, que o mano mais velho os proíbe, terminantemente, de dizerem à cunhada seja o que for, acerca deste despautério!...

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