[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015



2015, Salzburg VI

[facebook, 24.01.2015]
 
Muito rapidamente, a dar-vos conta dos dois eventos musicais a que ontem assisti. Primeiramente, às 11.00, na Grosse Saal do Mozareteum, o concerto que, todos os anos, nesta altura da Mozartwoche, a Orquestra Sinfónica da Universidade do Mozarteum apresenta.

Desta vez, a direcção esteve a cargo de Ainars Rubikis, jovem Maestro extremamente promissor, natural de Riga, capital da Letónia, que – recordo aos meus amigos habitués da Gulbenkian – dirigiu a Orquestra quando, tão recentemente, a pianista Leonskaia foi interpretar, no Grande Auditório da Av. De Berna, os Concertos para piano, Nos. 1 e 2 de Johannes Brahms.

Os jovens estudantes e graduados académicos do Mozarteum comovem-me todos os anos, pelo seu entusiasmo, dedicação, entrega e procura de Amadé, nas linhas dos pentagramas, nos interstícios das pautas, conduzidos por óptimos e atentos professores. Por isso, esta universidade é tão cobiçada e demandada por interessados de todas as latitudes. As provas de acesso são proverbialmente exigentes, os cursos não menos. Mas o ‘cartão de visita’ com a marca do Mozarteum de Salzburg abre portas em todo o lado…

É no contexto destas considerações e no absoluto e estrito respeito por ‘esta significativa presença’ de Mozart em Salzburg, que hoje vos trago a gratíssima memória do concerto de ontem. Em programa, de Franz Schubert, “Ouvertüre do Melodrama “Die Zauberhafe” D 644 – “Rosamunde Ouvertürea; de Elliot Carter, “Dialogues II” para Piano e Orquestra de Câmara e “Two Controversies and a Conversation para Piano, Marimbas e Orquestra de Câmara”; e, de Mozart, a “Sinfonia No. 35 em Ré Maior”, KV 385’.

É esta a orquestra académica através da qual os jovens vivem o privilégio de continuar o designado ‘Klang’ de Salzburg. Os solistas, Luise Imorde, piano e Richard Putz, marimbas, revelaram uma maturidade que bem atesta a qualidade das Escolas de Música por onde têm passado, o Mozarteum em especial.

Muito atento, Ainars Rubikis atacava qualquer hipótese de deslize evitando o mínimo desequilíbrio. As peças de Carter, interessantíssimas e de uma jovialidade extraordinário para a idade centenária que o compositor já tinha quando as concebeu, foram lidas e interpretadas com uma comoção evidente.

Quanto à Sinfonia de Mozart, é inequívoco o reconhecimento do tal som e espírito de Salzburg, comum às três orquestras da cidade – Orquestra do Mozarteum de Salzburg, Camerata Salzburg e Orquestra Sinfónica da Universidade Mozarteum.É nestes agrupamentos orquestrais que Mozart permanece vivo.

Em St Sebastian alojam-se muitos destes estudantes. Quando aqui venho, convivo com eles, em especial ao pequeno almoço, onde tenho conhecido alguns que já têm carreiras interessantes. Também é por isso que não troco St Sebastian por nenhum hotel das redondezas apesar de, no meu caso, os preços andarem ela por ela, uma vez que, embora amigo da casa, não gozo das tarifas mais vantajosas aplicáveis à rapaziada que aqui passa largas temporadas.

A título de ilustração de um dos momentos musicais, aqui fica "Diallogues II", numa interpretação ao piano por Daniel Barenboim, o dedicatário da obra, e a Staatskapelle Berlin, sob direcção de Zubin Metha.

Boa audição!

http://youtu.be/mu7bEE2wwW4

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Fica para mais logo a referência ao outro concerto. Hoje, sábado, durante a manhã, funciona o mercado de levante, na Universitätsplatz, junto à Kollegienkirche. Não perco, de modo algum. Já lá vai o tempo em que um montanhês trazia trutas fumadas e enchidos que eu levava para casa como verdadeiras preciosidades. O homem já morreu, há uns quinze anos, e nunca mais aparece um substituto…

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