7 de Abril d 1893
Nascimento de Almada Negreiros (m. 1970)
[facebook, 07.04.2015]
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Eu, «O» retrato, o leilão e os olhos espectaculares
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Na minha infância, o 'Irmãos Unidos', ao Rossio, era um dos restaurantes onde a família almoçava frequentemente. Na altura, ainda nos anos cinquenta, lembro-me perfeitamente, com minha irmã Ana Maria, de nos intrigarmos com o retrato do Fernando Pessoa, bem à nossa frente, durante as refeições, aquele quadro que Almada Negreiros tinha pintado para assinalar as reuniões do 'Orpheu', precisamente, naquele mesmo restaurante.
Mais tarde, com a outra Ana Maria da minha vida, já estudantes da Faculdade de Letras, algumas vezes ali fomos. Então, eram os fins de sessenta, e nessa altura - depois do advento do programa 'Zip-Zip' que, em plena era da primavera marcelista, dera a conhecer ao povo a mítica figura de Almada - já ia eu em romagem de saudade dos meus tempos de garoto.
Numa primaveril tarde de1970, em data que não consigo precisar, e por mero acaso, assisti aos minutos finais do leilão do retrato. O restaurante tinha fechado no princípio daquele ano, vendia-se o recheio, máquinas, móveis e o quadro, pois claro. Em determinada altura, apareceu Mestre Almada. Muito esguia, pairou apenas, mal se detendo, aquela figura toda de negro. Percebeu-se que estava muito comovido. Foi a última vez que o vi já que morreria no princípio de Junho.
Em 2014, por esta altura da efeméride do aniversário, li uma notícia cujo autor, a propósito do assunto, insinuava que Almada Negreiros teria presenciado o leilão. Pois posso garantir que esteve mesmo, tendo-me deixado memória inesquecível. Aqueles olhos, meu Deus, que impressão!
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Na minha infância, o 'Irmãos Unidos', ao Rossio, era um dos restaurantes onde a família almoçava frequentemente. Na altura, ainda nos anos cinquenta, lembro-me perfeitamente, com minha irmã Ana Maria, de nos intrigarmos com o retrato do Fernando Pessoa, bem à nossa frente, durante as refeições, aquele quadro que Almada Negreiros tinha pintado para assinalar as reuniões do 'Orpheu', precisamente, naquele mesmo restaurante.
Mais tarde, com a outra Ana Maria da minha vida, já estudantes da Faculdade de Letras, algumas vezes ali fomos. Então, eram os fins de sessenta, e nessa altura - depois do advento do programa 'Zip-Zip' que, em plena era da primavera marcelista, dera a conhecer ao povo a mítica figura de Almada - já ia eu em romagem de saudade dos meus tempos de garoto.
Numa primaveril tarde de1970, em data que não consigo precisar, e por mero acaso, assisti aos minutos finais do leilão do retrato. O restaurante tinha fechado no princípio daquele ano, vendia-se o recheio, máquinas, móveis e o quadro, pois claro. Em determinada altura, apareceu Mestre Almada. Muito esguia, pairou apenas, mal se detendo, aquela figura toda de negro. Percebeu-se que estava muito comovido. Foi a última vez que o vi já que morreria no princípio de Junho.
Em 2014, por esta altura da efeméride do aniversário, li uma notícia cujo autor, a propósito do assunto, insinuava que Almada Negreiros teria presenciado o leilão. Pois posso garantir que esteve mesmo, tendo-me deixado memória inesquecível. Aqueles olhos, meu Deus, que impressão!
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