[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 2 de junho de 2015



Gulbenkian,
o júbilo musical da Juventude
 
[facebook, 29.03.2015]
 
Ontem, no Grande Auditório da Gulbenkian, o primeiro de três concertos que a Gustav Mahler Jugendorchester nos vem oferecer nesta sua digressão pascal. Desde a fundação, por Claudio Abbado, quase há trinta anos, não houve temporada, duas, três vezes por ano - às vezes mais, em Salzburg, por exemplo, por altura de «residências» - em que não tivesse ouvido esta orquestra, constantemente renovada.
...
Quando aqui anunciei o evento e convosco partilhei gravações das várias peças constantes do programa, não podia estar em maior expectativa quanto à interpretação que teríamos oportunidade de gozar. Enfim, quanto ao gabarito dos músicos, já se sabe que é «só» o da mais alta fasquia. Mas Leo McFall, um dos mais promissores jovens maestros que tenho vindo a acompanhar, desde 2009, nele em especial, eu queria perceber que tipo de trabalho tem sido o seu, nos bastidores da GMJ, porquanto os sinais que me tinha dado no passado recente tinham suscitado a maior curiosidade.

Não se tratava de confirmar coisa alguma na medida em que o seu valor como dirigente já é inequívoco nos meios musicais. Não se faz o seu percurso sem as certezas que nele reconheceram o próprio Abbado e, em especial, Bernard Haitink de quem tem sido maestro assistente e dele tendo beneficiado de um magistério ímpar. Estava particularmente ansioso, devo confessar, isso sim, em relação às obras de Dvorak.

Pois bem, teria oportunidade de evidenciar toda a capacidade de liderança, de contenção e poder de galvanização de um grupo de cento e tal jovens músicos, na abordagem de peças tão exigentes como "Serenata para Sopros", op. 44 e, e "Sinfonia Nº 8 em Sol Maior, op 88. Por serem obras que acolheram certas soluções tardo-românticas, tentadoramente propícias a determinados 'deslizes', já tenho assistido a alguns, bem lamentáveis, por parte de conhecidos maestros. Ontem, felizmente, tal não aconteceu.

Aos aplausos, na fila e lugar mesmo à minha frente, uma querida amiga, a Prof. Ana Maria Ferrão, a quem a didática da Música para a infância e Juventude tanto deve, voltou-se para trás, comovida, comigo partilhando o júbilo geral. Disse-lhe que, neste domínio da interpretação musical, podemos estar descansados porque estes e outros jovens disso mesmo já estão a encarregar-se. Assim, pudessem os políticos dar-nos sinais de tranquilidade análoga...

E, mais uma vez, a partilhar convosco a Sinfonia No. 8 de Dvorák, desta vez, pela Cleveland Orchestra, sob a direcção de Christoph von Dohnányi.

Boa Audição!
 
 
 
 

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