[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 21 de julho de 2015


12 de Maio de 1789
Efeméride mozartiana
 
 
[facebook, 12.05.2015]
 
 
 
Concerto em Leipzig
 
A caminho de Berlin, Mozart permanece em Leipzig muito para além da estada que, inicialmente, planeara. Encontra amigos queridos, os Neumann de Dresden, Mad.me Duscheck e, em carta dirigida à mulher, Constanze, datada de 16 de Maio, confessa que obtivera grande sucesso, aplauso e honras mas, em termos materiais, os concertos tinham sido 'um desconsolo'.

Para a maior permanência na cidade também contribuíra o facto de haver muita gente a viajar durante aquele período, circunstância que originara escassez de cavalos disponíveis. Depois deste pequeno enquadramento, a efeméride. Naquele dia, Mozart apresenta-se num dos mais famosos auditórios germânicos, a Gewandhaus, onde interpreta dois concertos para piano, o No. 18 em Si bemol Maior, KV. 456 e No. 25 em Dó Maior, KV. 505.

Comemorando o evento, proponho a audição do último dos mencionados, chamando a atenção dos meus amigos que mais familiarizados estarão com a obra de Amadé para algumas curiosidades. Em primeiro lugar a circunstância de esta obra apresentar um flagrante paralelismo com o Quinteto de Cordas em Dó, KV. 515. Seguidamente, o facto de um dos temas secundários do primeiro andamento, ‘Allegro maestoso’, ser uma marcha que, frequentemente, nos lembra “La Marseillaise” (reparem, aos 14’ e 20”, aliás, já anteriormente aflorado) que, na altura, ainda não tinha sido composto.

No seu Concerto para Piano e Orquestra No. 4, Beethoven faz citações desta obra de Mozart. E, talvez, a mais famosa das conotações será com a Quinta Sinfonia também de Beethoven, cujo célebre motivo do primeiro andamento se parece muito com um deste concerto.

Como ainda poderão verificar, o terceiro andamento, ‘Allegretto’, na forma sonata, abre com um tema gavotte da ópera “Idomeneo”. Johann Nepomuk Hummel, um dos mais conhecidos alunos de Mozart, tinha esta obra em especial apreço, recebendo dela influência para o seu Concerto para Piano e Orquestra em Dó, op. 36.

Quanto à interpretação que vos proponho, de Uchida, parece-me luminosa. Já em relação à direcção da Filarmónica de Viena, perceberão que, no segundo andamento, ‘Andante em Fá Maior’, Mutti optou por certa e subtil aceleração que nada beneficiou a prestação geral.


Boa Audição!
 
 
 

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