[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 31 de julho de 2015



7 de Julho,
Aniversário de Gustav Mahler (7/7/1860-18/5/1911)
 
Dia Mahler [I]

[facebook, 07.07.2015]


(adaptação de um texto publicado há dois anos)

No meu caso, celebrar a data implica cruzá-la com um sete de Julho mais familiar pois a Ana Maria, Ana D'Oliveira ] uma das minhas irmãs, também é hoje aniversariante. Naturalmente, este compositor é-lhe particularmente querido. E, ao escutar este “Quarteto com Piano em Lá menor”, peça que nela tem a especial destinatária, de certeza que também recordará o nosso querido pai, a quem tanto devemos, por nos ter inculcado este tão entranhado gosto pela grande música desde muito, muito garotos.

O caso das minhas primeiras abordagens a Gustav Mahler, pela mão do pai, aconteceu através de discos que ele importava, directamente dos Estados Unidos, para si próprio e para alguns amigos, músicos que com ele tinham feito o Conservatório, como o João de Freitas Branco, o Luís Villas Boas e ainda para outros, caso do João Sassetti, cujo negócio, na Rua do Carmo, também passava pela venda de música gravada, o Pignatelli, o Duarte Borges Coutinho, etc.

Iria eu nos meus doze anos – numa altura em que, no nosso país, o compositor era conhecido apenas em meios muito restritos – quando tive a sorte incrível de um pai informado e com uma invejável cultura musical que, depois de outras bem mais precoces, me abriu a porta a este Titã.

Como eu recordo, a sua introdução à Sinfonia No. 1 do Mahler, precisamente denominada ‘Titan’, em especial, àquele terceiro andamento ‘Feierlich und gemmessen, ohne zu schleppen’ [solene e moderado, sem arrastar] em que o tema do ‘Frère Jacques’ que, nos países germânicos, é conhecido por ‘Brüder Martin’, é adaptado a uma esplêndida marcha fúnebre… Meu Deus, há mais de meio século!

A grande herança do nosso pai foi a transmissão desse interesse pela Arte, não só pela Música, atitude que já o avô cultivava, por exemplo, nos célebres serões da sua casa em Belém. E, ainda mais relevante, a vontade insaciável de conhecer o que era possível saber, sempre subordinado à máxima ‘o saber não ocupa lugar’.

Neste dia de recordações, que me chegam a propósito do aniversário da mana, lembro que o pai tinha o topete de dizer que eu lia pouco. Eu lia enormidades mas, na verdade, comparado com ele, que, por dormir pouco, preenchia as madrugadas a ler de tudo, tinha eu, de facto, muito caminho para fazer… Meu Deus, onde já ia! Regressemos ao “Dia Mahler” e à coincidência dos aniversários.

Ouçamos o “Quarteto com Piano em Lá menor”, uma raridade nas salas de concerto, de inquestionável maturidade, ainda que composto aos dezasseis anos… A interpretação, de belíssimo recorte, foi confiada a Julia Fischer-Violino, Daniel Roehn-Violino, Alexander Chaushian-Violoncelo e a Milana Chernyavska-Piano.

Parabéns e, já sabem,

Boa audição!
 
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Dia Mahler [II]
 
  - (segundo post)
Aniversário de Gustav Mahler (7/7/1860-18/5/1911)
 
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- Memórias de Luzern e de Alma Mahler
No dia em que continuo a celebrar a efeméride da morte de Mahler, gostaria de vos propor a sua “Sinfonia No. 6 em Lá menor” que, manifestamente, em consequência de uma certa impreparação do público, é considerada a menos popular de todas as do compositor. Como ‘Trágica’ cognominaram esta que, na opinião de Alban Berg, é a «única» Sexta, mesmo incluindo a ‘Pastoral’…

Trata-se de gravação colhida no Festival de Luzern, em leitura de Claudio Abbado, que dirigiu algum do melhor Mahler a que assisti. Luzern, uma das mais belas cidades europeias, acolhe um estupendo Festival que tem deixado marcas especialmente significativas na minha vida de melómano. Marcas da melhor música, marcas de pessoas.

Hoje, pouco mais de um ano depois do primeiro ciclo de conferências do Colóquio Nacional sobre Raul Lino em Sintra, lembro alguém cuja memória tenho muito presente, filha do grande arquitecto, a Sra. D. Isolda Lino Norton de Matos, que fazia parte do "grupo do festival de Luzern" em que me integrava. Que personalidade vincada, que preparação cultural, que privilégio a sua especial companhia!...

Voltemos a Mahler. A vossa particular atenção para o primeiro andamento da Sinfonia em referência em que o compositor faz um retrato de sua mulher Alma. Eis o detalhe da obra: I. Allegro energico, ma non troppo. Heftig, aber markig. 0:07; II. Andante moderato 24:10; III. Scherzo: Wuchtig 39:13; IV. Finale: Sostenuto - Allegro moderato - Allegro energico 52:18.

Alma foi mulher de outros homens, tão extraordinários como Gustav, tais como Gropius, Franz Werfel, também Kokoschka, que a pintou inúmeras vezes, íntima de Arnold Schoenberg, de Gerhart Hauptmann, Enrico Caruso e de Alban Berg cuja ópera “Wozzeck” lhe foi dedicada. Trata-se de personagem absolutamente fascinante que vale a pena conhecer o melhor possível. Documentação não falta.

Boa audição!
 
 
Dia Mahler [III]
 
  - (terceiro post)
Aniversário de Gustav Mahler (7/7/1860-18/5/1911)
 
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Mahler e Don Juan


Ainda de Gustav Mahler, no domínio de “Don Juan”, com texto de Tirso de Molina, duas preciosidades raramente interpretadas para voz e piano, ‘Phantasie’ e ‘Serenade’, em estupendas leituras de Dietrich Fisher Dieskau e (nos bons tempos...) de Daniel Barenboim.
Queiram accionar os comandos seguintes I e II para acesso às respectivas gravações.

Boa audição!


http://youtu.be/3rygF8jd82I [I - Phantasie]
http://youtu.be/SX_gDcXkVR4 [II - Serenade]
 
 
 
 

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