[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 31 de julho de 2015


Podia ser melhor?
-Pelo menos, diferente


[facebook, 06.07.2015]

Ao ver Merkl e Hollande, em Paris, obrigados a mais um tête-à-tête acerca das questões que o governo grego continua a desencadear em catadupa avassaladora, ambos se reportando ao cuidado com que terão de tratar todos os itens afins das negociações em curso, não posso deixar de me interrogar quanto ao que teria acontecido se, em tempo oportuno, análoga tivesse sido a atitude dos chefes de governo ibéricos, irlandês e grego, ou seja,... dos famosos PIGS.

Se, isoladamente, contra tudo e contra todos, o actual executivo grego consegue pôr «as instituições» em polvorosa, durante semanas e semanas consecutivas, que victórias não poderiam ter alcançado os quatro governos, através de uma estratégia comum para defesa de interesses comuns, contra a avidez e o cariz agiota da economia que mata?

Lembro-me perfeitamente de que estava em Salzburg, no passado mês de Janeiro, quando o Syriza venceu as eleições. Lá escrevi textos defendendo a necessidade de uma tal estratégia e, na minha ingenuidade, também espaldada pela opinião de Krugman e Stiglitz, cheguei a pensar que alguma coisa poderia surgir afim desse hipotético envolvimento.

Por razões que todos conhecemos, Coelho e Rajoy mantiveram a cabeça baixa da subserviência que nada resolve. Na verdade, as dívidas ibéricas são tão infernais como a grega e, ou se renegoceiam ou os credores ficam a ver os seus interesses por um canudo. Naturalmente, haveria toda a conveniência numa frente comum dos países que enfrentam os mesmos problemas. Mas estes «estadistas» sem qualquer noção das conveniências de Estado, gente impreparada, inculta, são destituídos da estaleca indispensável à tomada das atitudes aqui implícitas.

Por isso, ainda mais nos comovemos com a decisão do povo grego. Os outros dezoito países que se cuidem. Tal como Merkl e Hollande há pouco afirmavam, vão estudar, ouvir, definir uma resposta comum, continuar a negociar, sabendo que não «do outro lado» mas, ao fim e ao cabo, do mesmo lado da barricada, com diferente opinião, estão os interesses de um povo europeu em dificuldades, é certo, que não pode ser atirado à bicharada, em especial, aos abutres que, atentos, pairam para se lançarem sobre os fragilizados e inermes.

 

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