[facebook, 25.06.2015]
26 Jun | 18h00, Palácio Nacional de Queluz
L'ISOLA DISABITATA, Serenata per musica
Composição: David Perez
Libretto: Pietro Metastasio
Estreia mundial moderna
26 Jun | 18h00, Palácio Nacional de Queluz
Este espetáculo, interpretado pelo Divino Sospiro e com direção musical de Massimo Mazzeo, dá continuidade aos ciclos de música que a Parques de Sintra tem vindo a apresentar nos Palácios de Sintra, integrando-se na decisão de os dinamizar através da música, bem como atrair novos públicos. Relativamente às serenatas compostas para o Palácio de Queluz, género nacional por excelência, esta é a primeira de várias que se pretende recuperar e apresentar. Este projeto de investigação prevê o estudo sobre o contexto de criação e execução das obras e a sua edição crítica.
David Perez foi um dos compositores mais relevantes no panorama musical europeu da segunda metade do séc. XVIII. “Compositor da Real Câmara e Mestre das Suas Altezas Reais” de 1752 a 1778, dirigiu a vida musical da Corte portuguesa até à sua morte. A sua produção influenciou a maioria dos compositores portugueses. Muitos, como João Cordeiro da Silva, João de Sousa Carvalho e Luciano Xavier dos Santos, foram seus discípulos diretos.
Esta Serenata foi escrita para ser apresentada no Palácio de Queluz, residência do Infante D. Pedro e da futura rainha D. Maria I, alunos privilegiados de David Perez, que estabeleceram com ele uma estreita ligação. A proximidade entre o casal real português e o compositor napolitano está demonstrada pela sua presença na tela pintada no teto da Sala dos Embaixadores, no Palácio Nacional de Queluz.
O libreto para esta Serenata foi escrito, em 1752, pelo maior poeta para música do séc. XVIII, Pietro Metastasio. Vários compositores usaram este texto com grande êxito. Para além da trama quase realista, a narração trata de viagens marítimas longínquas para as Índias Ocidentais, o que terá despertado, na altura, bastante interesse, particularmente, entre o público português.
Desta obra restam atualmente apenas duas partituras manuscritas. Uma encontra-se na Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda e tem a seguinte nota em língua italiana: “…para ser apresentada na Real Vila de Queluz no ano de 1767” que consta igualmente no libreto impresso conservado na Biblioteca Nacional de Portugal; a outra encontra-se na Biblioteca do Conservatorio di Musica San Pietro a Majella, em Nápoles.
A edição crítica desta partitura é responsabilidade de Iskrena Yordanova (DS-CEMSP).
A Serenata, em versão de concerto, será realizada pela orquestra Divino Sospiro, com direção musical de Massimo Mazzeo, e contará também com os sopranos Joana Seara, Francesca Aspromonte e Francesco Divito e com o tenor Bruno Almeida.
A soprano Joana Seara que, em ópera, tem interpretado inúmeros papéis de Monteverdi a Puccini, de Verdi a Francisco António de Almeyda, interpretará a personagem de Constanza.
A soprano Francesca Aspromonte, que já se apresentou em locais como a Opéra Royal de Versailles, a Opéra de Vichy, o Auditorium Parco della Musica, em Roma, o Bozar de Bruxelles, a Opéra National de Montpellier, e apareceu em festivais de renome como Ambronay Festival, Aix-en-Provence Festival ou Musikfest Bremen, interpretará a personagem de Silvia.
Francesco Divito, um caso extraordinário por nunca ter sofrido nenhuma alteração de voz (tem uma voz natural de soprano, com o poder de pulmões masculinos), interpretará a personagem de Enrico.
O tenor Bruno Almeida, um dos fundadores do Projeto Alba, que se dedica à promoção do canto lírico e da guitarra portuguesa, que já colaborou com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e é reforço do Coro Gulbenkian, interpretará a personagem de Gernando.
O século XVIII foi um dos períodos mais importantes na História da música portuguesa, registando um forte investimento do poder real ao nível da produção e da interpretação, através de estratégias que incluíram a importação de músicos e de repertório, bem como a formação de intérpretes e compositores. Ao Palácio de Queluz acorria frequentemente a Corte para assistir a serenatas, cavalhadas e espetáculos de fogo-preso. A música ocupou sempre um papel central nestas festividades, sobretudo entre 1752 e 1786. Antes e depois da construção da Casa da Ópera, em 1778, ali se tocaram dezenas de serenatas e óperas.
Sobre o Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal
O Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal, com sede nas instalações do Palácio Nacional de Queluz, tem como objetivo principal a promoção e divulgação do património musical associado ao Palácio de Queluz, no qual a música ocupou desde sempre um papel central, e onde foram apresentadas dezenas de serenatas e óperas. Serão realizados, nas salas do Palácio, concertos, eventos, conferências, simpósios e colóquios, assim como masterclasses e outras iniciativas que se propõem estudar e recuperar o tempo e a tradição de grandes acontecimentos musicais da época da permanência da Família Real no Palácio de Queluz, contribuindo em simultâneo para a fruição pública de uma programação musical de qualidade e para a afirmação do Palácio como referência incontornável da nossa herança cultural.
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