31 de Julho de 1886
Morte de Franz Liszt
Em Bayreuth, a Casa-Museu é um excelente lugar de «aprendizagem» da biografia de Liszt, uma lição excepcional de como o fazer, com tanto sucesso e com tão poucos meios. Vou lá sempre. E também passo pelo mausoléu. Bayreuth, para mim, de facto, também é muito Liszt.
No meu caso, Liszt é uma presença constante desde miúdo. Meu avô adorava-o e foi com ele que «aprendi Liszt». Dentre as biografias de grandes compositores que «herdei» da sua biblioteca, claro que ainda conservo a que foi escrita por Guy de Portales (ed. 1925), que continuo a considerar de referência.
Ora bem, gostaria de aproveitar esta oportunidade em que, ontem, recordámos Franz Liszt, para partilhar convosco uma sua obra 'programática', “Eine Symphonie zu Dante Divina Commedia”, escrita entre 1855 e 1856 e estreada em 1857 cuja audição, nas salas de concerto é bastante rara.
O objectivo inicial de Liszt era compor a obra em três andamentos: um 'Inferno', um 'Purgatorio' e um 'Paradiso' em que os dois primeiros seriam puramente instrumentais e o último coral. Richard Wagner, seu genro, conseguiu convencê-lo de que nenhum compositor seria capaz de exprimir fielmente as alegrias do paraíso, com tais argumentos que Lizt desistiu do terceiro andamento não sem que tivesse acrescentado um ‘Magnificat’, com base em Lucas 1:46, no fim do segundo.
Será interessante terem em consideração que esta é uma sinfonia extremamente inovadora que propõe uma série de efeitos orquestrais e harmónicos tais como harmonias progressivas, experiências de atonalidade, 'tempi' flutuantes, interlúdios de música de câmara. Trata-se de uma das primeiras obras a utilizar a designada 'tonalidade progressiva', começando e terminando em tonalidades radicalmente diferentes, respectivamente de Ré menor e Si Maior, antecipando em cerca de quarenta anos a sua prática nas sinfonias de Gustav Mahler.
A estreia da peça ocorreu no Hoftheater de Dresden em 7 de Novembro de 1857. Foi um fiasco colossal devido a deficiências de ensaio e Liszt, que dirigiu a orquestra, sofreu uma humilhação pública. Contudo, não desanimou, mantendo a obra no concerto de 11 de Março de 1858, em Praga, juntamente com os seus poema sinfónico “Die Ideale” e segundo concerto para piano, em 11 de Março de 1858. Desta vez, a Princesa Carolyne zu Sayn-Wittgenstein, preparou um programa para o concerto que ajudaria o público a entender e a seguir a forma tão pouco comum da sinfonia.
Obra dedicada a Richard Wagner, a sinfonia está orquestrada para piccolo, duas flautas, dois oboés, corne inglês, dois clarinetes em Si bemol e em Lá, um clarinete baixo em Si bemol e Lá, dois fagotes, quatro trompas, dois trompetes em Si bemol e Ré, dois trombones tenor, um trombone baixo, uma tuba, dois pares de timpani (exigindo dois músicos) timbales, tambor baixo, duas harpas, cordas, e um coro feminino de sopranos e contraltos em que um dos sopranos deverá cantar uma parte solista.
A gravação que vos proponho é estupenda, com Giuseppe Sinopoli dirigindo a Staatskapelle de Dresden. Eis o detalhe dos tempos de mudança de andamento:
1. Infermo 00:00
2. Purgatorio 21:28
3. Magnificat 44:30
Boa audição!
Morte de Franz Liszt
Em Bayreuth, a Casa-Museu é um excelente lugar de «aprendizagem» da biografia de Liszt, uma lição excepcional de como o fazer, com tanto sucesso e com tão poucos meios. Vou lá sempre. E também passo pelo mausoléu. Bayreuth, para mim, de facto, também é muito Liszt.
No meu caso, Liszt é uma presença constante desde miúdo. Meu avô adorava-o e foi com ele que «aprendi Liszt». Dentre as biografias de grandes compositores que «herdei» da sua biblioteca, claro que ainda conservo a que foi escrita por Guy de Portales (ed. 1925), que continuo a considerar de referência.
Ora bem, gostaria de aproveitar esta oportunidade em que, ontem, recordámos Franz Liszt, para partilhar convosco uma sua obra 'programática', “Eine Symphonie zu Dante Divina Commedia”, escrita entre 1855 e 1856 e estreada em 1857 cuja audição, nas salas de concerto é bastante rara.
O objectivo inicial de Liszt era compor a obra em três andamentos: um 'Inferno', um 'Purgatorio' e um 'Paradiso' em que os dois primeiros seriam puramente instrumentais e o último coral. Richard Wagner, seu genro, conseguiu convencê-lo de que nenhum compositor seria capaz de exprimir fielmente as alegrias do paraíso, com tais argumentos que Lizt desistiu do terceiro andamento não sem que tivesse acrescentado um ‘Magnificat’, com base em Lucas 1:46, no fim do segundo.
Será interessante terem em consideração que esta é uma sinfonia extremamente inovadora que propõe uma série de efeitos orquestrais e harmónicos tais como harmonias progressivas, experiências de atonalidade, 'tempi' flutuantes, interlúdios de música de câmara. Trata-se de uma das primeiras obras a utilizar a designada 'tonalidade progressiva', começando e terminando em tonalidades radicalmente diferentes, respectivamente de Ré menor e Si Maior, antecipando em cerca de quarenta anos a sua prática nas sinfonias de Gustav Mahler.
A estreia da peça ocorreu no Hoftheater de Dresden em 7 de Novembro de 1857. Foi um fiasco colossal devido a deficiências de ensaio e Liszt, que dirigiu a orquestra, sofreu uma humilhação pública. Contudo, não desanimou, mantendo a obra no concerto de 11 de Março de 1858, em Praga, juntamente com os seus poema sinfónico “Die Ideale” e segundo concerto para piano, em 11 de Março de 1858. Desta vez, a Princesa Carolyne zu Sayn-Wittgenstein, preparou um programa para o concerto que ajudaria o público a entender e a seguir a forma tão pouco comum da sinfonia.
Obra dedicada a Richard Wagner, a sinfonia está orquestrada para piccolo, duas flautas, dois oboés, corne inglês, dois clarinetes em Si bemol e em Lá, um clarinete baixo em Si bemol e Lá, dois fagotes, quatro trompas, dois trompetes em Si bemol e Ré, dois trombones tenor, um trombone baixo, uma tuba, dois pares de timpani (exigindo dois músicos) timbales, tambor baixo, duas harpas, cordas, e um coro feminino de sopranos e contraltos em que um dos sopranos deverá cantar uma parte solista.
A gravação que vos proponho é estupenda, com Giuseppe Sinopoli dirigindo a Staatskapelle de Dresden. Eis o detalhe dos tempos de mudança de andamento:
1. Infermo 00:00
2. Purgatorio 21:28
3. Magnificat 44:30
Boa audição!
Liszt Eine Symphonie zu Dantes "Divina Commedia" S.109 1. Infermo 00:00 2. Purgatorio 21:28 3. Magnificat 44:30 Giuseppe Sinopoli Staatsopernchor Dresden Sta...
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