Dominical reflexão
Tenho certa dificuldade em perceber até que ponto vai o aparente (?) alheamento dos órgãos de comunicação social portuguesa relativamente ao importantíssimo dia de eleições legislativas que hoje se vive na Grécia.
Ou muito me engano ou me parece que os resultados eleitorais de hoje, ainda que não absolutamente determinantes, podem pesar significativamente na elaboração da decisão de significativa percentagem dos eleitores portugueses, daquele centro que pende ou para um lado ou para o outro, e que, tendo confiado o seu voto à direita há quatro anos, ainda hesitam quanto ao sentido da sua opção em 4 de Outubro.
Mas voltemos aos cidadãos gregos. Na realidade, depois de tanta provação, ainda numa agonia de tanto sacrifício, massacrados por tanta desconsideração por parte das instituições europeias, o que poderá significar uma victória da esquerda, além fronteiras helénicas e, em especial no rectângulo luso?
Indubitavelmente, poderá ser altamente estimulante para tantos portugueses que, nada tendo a perder, tudo têm a ganhar com o afastamento do poder da coligação da direita que, com tanta crueldade austeritária, além dos próprios desígnios da troika, governou este desgraçado país nos últimos quatro anos, gerando pobreza e mais pobreza, emigração galopante, desconfiança, medo, infelicidade?
Se, como é previsível que suceda, através do seu voto de hoje, os gregos voltarem a demonstrar não temer a aposta numa corajosa alternativa ao modelo vigente - que tanto a eles, em particular, como aos PIGS em geral, tem sido imposto, sem concessão de esperança alguma - que diferentes razões terão os portugueses pobres e remediados para não apostarem numa alternativa análoga, com que toda a esquerda os desafia?
Então, complementarmente, o que esperar à esquerda?
Para o efeito, muito bom seria, isso sim, que, durante a campanha eleitoral prestes a iniciar, em especial PCP/CDU e BES, não mantivessem a malfadada estratégia de defesa, que tão prejudicial se tem revelado ao longo dos anos, e que tanto tem comprometido qualquer hipótese de mudança, através de alianças à esquerda. Ou seja, que, à esquerda do PS, não insistissem no estafado argumento nos termos do qual, na sua essencialidade mais radical e redutora, votar PS será a mesma coisa que fazê-lo na coligação PPD/CDS... Por favor!
Se assim fizerem, prestarão um enorme serviço à própria Democracia, que tudo ganha com a transparência de um argumentário inequivocamente liberto de quaisquer propósitos paternalistas. Porquê e para quê matraquear os eleitores com razões que só os apoucam, que só os desconsideram a sua própria inteligência? Porque, à esquerda do PS, se teme o voto útil? Pois é, há que saber contar ele, preparar e afinar os caminhos que, após a consulta eleitoral, possam conduzir a uma estabilidade governativa à esquerda, onde não há lobos, nem papões.
Haja esperança! Até 4 de Outubro, nem a cabeça de um alfinete de qualquer asneira se pode conceder à coligação que ainda governa, embora a viver um dos seus mais flagrantes períodos de desesperado estertor. Não é preciso que, à esquerda, andemos aos beijinhos uns aos outros. Se, à direita, PPD e CDS dão a entender que aquilo é tudo fruto de um inquestionável carinho, filho de irrevogáveis declarações de amor, pois que, à esquerda, pelo menos, saibamos respeitar-nos, sem insinuações soezes.
Tenho certa dificuldade em perceber até que ponto vai o aparente (?) alheamento dos órgãos de comunicação social portuguesa relativamente ao importantíssimo dia de eleições legislativas que hoje se vive na Grécia.
Ou muito me engano ou me parece que os resultados eleitorais de hoje, ainda que não absolutamente determinantes, podem pesar significativamente na elaboração da decisão de significativa percentagem dos eleitores portugueses, daquele centro que pende ou para um lado ou para o outro, e que, tendo confiado o seu voto à direita há quatro anos, ainda hesitam quanto ao sentido da sua opção em 4 de Outubro.
Mas voltemos aos cidadãos gregos. Na realidade, depois de tanta provação, ainda numa agonia de tanto sacrifício, massacrados por tanta desconsideração por parte das instituições europeias, o que poderá significar uma victória da esquerda, além fronteiras helénicas e, em especial no rectângulo luso?
Indubitavelmente, poderá ser altamente estimulante para tantos portugueses que, nada tendo a perder, tudo têm a ganhar com o afastamento do poder da coligação da direita que, com tanta crueldade austeritária, além dos próprios desígnios da troika, governou este desgraçado país nos últimos quatro anos, gerando pobreza e mais pobreza, emigração galopante, desconfiança, medo, infelicidade?
Se, como é previsível que suceda, através do seu voto de hoje, os gregos voltarem a demonstrar não temer a aposta numa corajosa alternativa ao modelo vigente - que tanto a eles, em particular, como aos PIGS em geral, tem sido imposto, sem concessão de esperança alguma - que diferentes razões terão os portugueses pobres e remediados para não apostarem numa alternativa análoga, com que toda a esquerda os desafia?
Então, complementarmente, o que esperar à esquerda?
Para o efeito, muito bom seria, isso sim, que, durante a campanha eleitoral prestes a iniciar, em especial PCP/CDU e BES, não mantivessem a malfadada estratégia de defesa, que tão prejudicial se tem revelado ao longo dos anos, e que tanto tem comprometido qualquer hipótese de mudança, através de alianças à esquerda. Ou seja, que, à esquerda do PS, não insistissem no estafado argumento nos termos do qual, na sua essencialidade mais radical e redutora, votar PS será a mesma coisa que fazê-lo na coligação PPD/CDS... Por favor!
Se assim fizerem, prestarão um enorme serviço à própria Democracia, que tudo ganha com a transparência de um argumentário inequivocamente liberto de quaisquer propósitos paternalistas. Porquê e para quê matraquear os eleitores com razões que só os apoucam, que só os desconsideram a sua própria inteligência? Porque, à esquerda do PS, se teme o voto útil? Pois é, há que saber contar ele, preparar e afinar os caminhos que, após a consulta eleitoral, possam conduzir a uma estabilidade governativa à esquerda, onde não há lobos, nem papões.
Haja esperança! Até 4 de Outubro, nem a cabeça de um alfinete de qualquer asneira se pode conceder à coligação que ainda governa, embora a viver um dos seus mais flagrantes períodos de desesperado estertor. Não é preciso que, à esquerda, andemos aos beijinhos uns aos outros. Se, à direita, PPD e CDS dão a entender que aquilo é tudo fruto de um inquestionável carinho, filho de irrevogáveis declarações de amor, pois que, à esquerda, pelo menos, saibamos respeitar-nos, sem insinuações soezes.
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