Pedro Tamen,
Natal, nata do tempo
Natal, nata do tempo
[publicado no facebook em 25.12.2015]
Deste soneto vos digo que ficará na História da Poesia Portuguesa como um dos mais belos poemas de Natal de todos os tempos. Se puderem, leiam "Memória Indescritível", o livro onde, além deste, outros desafios lindíssimos esperam a devassa.
Pedro Tamen, que formidável oficina, a sua. Que estupenda escola!
[Também este é dia de lembrar o cunhado do Pedro, saudoso amigo, João Bénard da Costa, cuja relação anual com o Natal, na sua casa, em Sintra, era mesmo algo de muito especial]
"Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio
...
nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos
por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,
e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura."
Pedro Tamen
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos
por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,
e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura."
Pedro Tamen
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