25 de Dezembro de 1870
"Tribschen-Idyl”
- cena idílica nas margens do Lago dos Quatro Cantões, Luzern
Efeméride wagneriana
[publicado no facebook em em 25.12.2015]
Mais uma vez, em data tão especial, dificilmente conseguiria furtar-me ao fascínio deste feliz episódio da História da Música, naturalmente, conhecido de todos os meus queridos amigos wagnerianos.
A primeira apresentação da peça "Tribschen-Idyl" aconteceu na escadaria interior da Villa Tribschen, na manhã do dia de Natal de 1870, por ocasião do aniversário de Cosima Liszt Wagner (Bellagio - Como, 25 de Dezembro de 1837 — Bayreuth, 1 de abril de 1930).
Acordou ela ao som da melodia de abertura e escutou aqueles vinte minutos de extrema beleza enquanto Richard Wagner, o marido, dirigia um pequeno grupo de treze músicos [dois violinos, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta, oboe, dois clarinetes, duas trompas, trompete e fagote], que tinha recrutado em Zürich. Que melhor presente poderia imaginar?
O título original da peça era longo: “Tribschen-Idyl, com a canção dos passarinhos de Fidi e Nascer do Sol cor de laranja”. Está claro que logo percebemos tratar-se de uma obra muito pessoal para Wagner. Descodifiquemos. Tribschen é o nome da villa em Lucerna, na Suiça, onde Wagner vivia exilado com a família. Fidi era o 'petit nom' de Siegfried, filho de Richard Wagner e de Cosima, sua mulher.
“Tribschen-Idyl” é um título certamente suscitado pelo fascínio do lugar. Quem lá vai, percebe logo… Aquilo é lindo de morrer. De tal modo assim é que, não raro, por cá, tão longe, tenho aquele cenário diante dos meus olhos. Algo recorrente e, confesso, mesmo insistente e persistente. Vem a propósito lembrar o que, sobre Tribschen, Wagner escreveu ao Rei Luís II da Baviera “(…) para qualquer lado que me volte, fico no meio de um mundo mágico: não conheço outro lugar mais belo, nada mais acolhedor”
Oito anos mais tarde, com o título “Sigfried Idyl”, Wagner publicaria esta obra depois de ter acrescentado uma série de instrumentos à partitura original. Como é do conhecimento geral, algumas das melodias foram usadas pelo compositor na ópera "Siegfried", terceira jornada do "Ring".
Como nada substitui um testemunho na primeira pessoa, eis a conhecidíssima página do diário de Cosima Wagner - que vos proponho numa tradução para Inglês, já que a maioria não acede ao original Alemão - dando conta do episódio:
"(...) Sunday, December 25, 1870 About this day, my children, I can tell you nothing—nothing about my feelings, nothing about my mood, nothing, nothing, nothing. I shall just tell you, dryly and plainly, what happened. When I woke up I heard a sound, it grew even louder, I could no longer imagine myself in a dream, music was sounding, and what music! After it had died away, R. came in to me with the five children and put into my hands the score of his "Symphonic Birthday Greeting." I was in tears, but so, too, was the whole household; R. had set up his orchestra on the stairs and thus consecrated our Tribschen forever! The Tribschen Idyll—thus the work is called. — At midday Dr. Sulzer arrived, surely the most important of R.'s friends! After breakfast the orchestra again assembled, and now once again the Idyll was heard in the lower apartment, moving us all profoundly (Countess B. was also there, on my invitation); after it the Lohengrin wedding procession, Beethoven's Septet, and, to end with, once more the work of which I shall never hear enough! — Now at last I understood all R.'s working in secret, also dear Richter's trumpet (he blazed out the Siegfried theme splendidly and had learned the trumpet especially to do it), which had won him many admonishments from me. "Now let me die," I exclaimed to R. "It would be easier to die for me than to live for me," he replied. — In the evening R. reads his Meistersinger to Dr. Sulzer, who did not know it; and I take as much delight in it as if it were something completely new. This makes R. say, "I wanted to read Sulzer Die Ms, and it turned into a dialogue between us two." (C. Wagner 312)"
Finalmente, numa belíssima leitura de Sir Georg Solti, dirigindo a Filarmónica de Viena, aqui tendes a obra. AT: São duas gravações.
Boa audição!
http://youtu.be/oFtpLhfKJ_0 [1ª parte]
http://youtu.be/N9mSlVYpsuM [2ª parte]
"Tribschen-Idyl”
- cena idílica nas margens do Lago dos Quatro Cantões, Luzern
Efeméride wagneriana
[publicado no facebook em em 25.12.2015]
Mais uma vez, em data tão especial, dificilmente conseguiria furtar-me ao fascínio deste feliz episódio da História da Música, naturalmente, conhecido de todos os meus queridos amigos wagnerianos.
A primeira apresentação da peça "Tribschen-Idyl" aconteceu na escadaria interior da Villa Tribschen, na manhã do dia de Natal de 1870, por ocasião do aniversário de Cosima Liszt Wagner (Bellagio - Como, 25 de Dezembro de 1837 — Bayreuth, 1 de abril de 1930).
Acordou ela ao som da melodia de abertura e escutou aqueles vinte minutos de extrema beleza enquanto Richard Wagner, o marido, dirigia um pequeno grupo de treze músicos [dois violinos, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta, oboe, dois clarinetes, duas trompas, trompete e fagote], que tinha recrutado em Zürich. Que melhor presente poderia imaginar?
O título original da peça era longo: “Tribschen-Idyl, com a canção dos passarinhos de Fidi e Nascer do Sol cor de laranja”. Está claro que logo percebemos tratar-se de uma obra muito pessoal para Wagner. Descodifiquemos. Tribschen é o nome da villa em Lucerna, na Suiça, onde Wagner vivia exilado com a família. Fidi era o 'petit nom' de Siegfried, filho de Richard Wagner e de Cosima, sua mulher.
“Tribschen-Idyl” é um título certamente suscitado pelo fascínio do lugar. Quem lá vai, percebe logo… Aquilo é lindo de morrer. De tal modo assim é que, não raro, por cá, tão longe, tenho aquele cenário diante dos meus olhos. Algo recorrente e, confesso, mesmo insistente e persistente. Vem a propósito lembrar o que, sobre Tribschen, Wagner escreveu ao Rei Luís II da Baviera “(…) para qualquer lado que me volte, fico no meio de um mundo mágico: não conheço outro lugar mais belo, nada mais acolhedor”
Oito anos mais tarde, com o título “Sigfried Idyl”, Wagner publicaria esta obra depois de ter acrescentado uma série de instrumentos à partitura original. Como é do conhecimento geral, algumas das melodias foram usadas pelo compositor na ópera "Siegfried", terceira jornada do "Ring".
Como nada substitui um testemunho na primeira pessoa, eis a conhecidíssima página do diário de Cosima Wagner - que vos proponho numa tradução para Inglês, já que a maioria não acede ao original Alemão - dando conta do episódio:
"(...) Sunday, December 25, 1870 About this day, my children, I can tell you nothing—nothing about my feelings, nothing about my mood, nothing, nothing, nothing. I shall just tell you, dryly and plainly, what happened. When I woke up I heard a sound, it grew even louder, I could no longer imagine myself in a dream, music was sounding, and what music! After it had died away, R. came in to me with the five children and put into my hands the score of his "Symphonic Birthday Greeting." I was in tears, but so, too, was the whole household; R. had set up his orchestra on the stairs and thus consecrated our Tribschen forever! The Tribschen Idyll—thus the work is called. — At midday Dr. Sulzer arrived, surely the most important of R.'s friends! After breakfast the orchestra again assembled, and now once again the Idyll was heard in the lower apartment, moving us all profoundly (Countess B. was also there, on my invitation); after it the Lohengrin wedding procession, Beethoven's Septet, and, to end with, once more the work of which I shall never hear enough! — Now at last I understood all R.'s working in secret, also dear Richter's trumpet (he blazed out the Siegfried theme splendidly and had learned the trumpet especially to do it), which had won him many admonishments from me. "Now let me die," I exclaimed to R. "It would be easier to die for me than to live for me," he replied. — In the evening R. reads his Meistersinger to Dr. Sulzer, who did not know it; and I take as much delight in it as if it were something completely new. This makes R. say, "I wanted to read Sulzer Die Ms, and it turned into a dialogue between us two." (C. Wagner 312)"
Finalmente, numa belíssima leitura de Sir Georg Solti, dirigindo a Filarmónica de Viena, aqui tendes a obra. AT: São duas gravações.
Boa audição!
http://youtu.be/oFtpLhfKJ_0 [1ª parte]
http://youtu.be/N9mSlVYpsuM [2ª parte]
Wilhelm Richard Wagner Sir Georg Solti Vienna Philharmonic Wagner wrote this tender composition for chamber orchestra as a birthday gift to his second wife, ...
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