Ainda muita há-de correr sob as pontes!...
[publicado no facebook em 01.02.2016]
O que ontem choveu em Salzburg bem como nos montanhosos arredores desta região tão beneficiada, é algo que se subtrai à minha gama de comparações pelo que não consigo dar-vos aproximada ideia. Chuva persistente, cerrada, mas nada de bátegas. Chuva de cortina, relativamente densa, nada de vento, horas e horas a fio.
Cerca das quatro da madrugada, ao espreitar pela janela do meu quarto, verifiquei que já assim chovia e, depois do pequeno almoço, quando saí para a missa das nove, Linzer Gasse fora, atravessando a ponte e a Sigmund Haffner Gasse, até à igreja dos Franciscanos, nada se tinha alterado.
Conforme programa que, cumpre dizer, também faz parte da Mozartwoche, ouvi a "Missa brevis" em Ré Maior, KV. 194, e mais duas peças sacras, KV. 241 e KV. 277, obras de Mozart. Interpretação de médio nível com o destaque para a extensa voz, do tenor Minyong Kang, de timbre muito agradável, voz jovem que me parece muito promissora.
Sair dos franciscanos até à catedral é distância que se faz nuns três, quatro minutos. Pois bem, sem novidades em relação ao tempo, lá continuava a chuva a cair naquele ritmo certo, persistente. Missa às dez, "Missa solemnis" em Dó Maior, KV. 337 e e mais duas peças sacras, KV. 278 e KV. 34 , obras de Mozart, sob a direcção de János Czifra, um seguríssimo Kappelmeister.
Coro da Catedral de Salzburg, Orquestra da Salzburger Dommusik, excelentes vozes solistas, Aleksandra Zamojska, soprano, Astrid Hofer, contralto, Maximilian Kiener, Fernando Araujo, barítono e ainda referência a Herbert Metzger, o artista que toca aquela máquina impressionante que é o órgão da catedral.
Nível superior, honrando os créditos de uma tradição da mais alta qualidade. Um «must» para quem visita Salzburg, independentemente da muita, pouca ou nenhuma fé cristã católica que possa professar. Qualquer herege, desde que se afirme melómano, não pode dispensar.
No meu caso, não poderei deixar de fazer referência à Epístola de São Paulo aos Coríntios que, ontem, ouvi duas vezes. Um texto de referência que a minha amiga M Manuela Bravo Serra publicou no seu mural, acerca do qual já me pronunciei. Se alguém tiver curiosidade, faça o favor que, estou certo, ela não se importa...
Saindo da Catedral, dirigi-me ao Mozarteum para o encontro com um amigo. Mais ou menos um quilómetro, no meu passo, dez minutos. A chuva, sempre, sempre, no mesmo compasso, sem endurecer nem aligeirar. Dali até casa para almoçar e, seguidamente, até ao Café 'Bazar' - imprescindível poiso, sempre que posso - nova passagem pelo Mozarteum - concerto pela Orquestra Infantil acerca do qual me referirei mais tarde - regresso a casa para jantar e, finalmente, de novo ao Mozarteum para o concerto final sobre o qual já publiquei uma nota.
Pois, durante toda a santa tarde e noite, a chuva jamais abrandou. Hoje, de manhã, ainda chovia. Mas pouco. Enfim, pingava. Dispensando-vos do pormenor das minhas voltas, apenas para referir que, ao chegar à ponte sobre o Salzach é que percebi a dimensão do portento pluviioso de ontem. Em poucas horas, o rio engrossou de maneira inusitada. Tornou-se barrento e leva troncos, e leva ramos, de vários calibres, leva lixos a uma velocidade vertiginosa.
Da chuva de ontem para o rio de hoje, a mesma vedeta. Bendita água!
[publicado no facebook em 01.02.2016]
O que ontem choveu em Salzburg bem como nos montanhosos arredores desta região tão beneficiada, é algo que se subtrai à minha gama de comparações pelo que não consigo dar-vos aproximada ideia. Chuva persistente, cerrada, mas nada de bátegas. Chuva de cortina, relativamente densa, nada de vento, horas e horas a fio.
Cerca das quatro da madrugada, ao espreitar pela janela do meu quarto, verifiquei que já assim chovia e, depois do pequeno almoço, quando saí para a missa das nove, Linzer Gasse fora, atravessando a ponte e a Sigmund Haffner Gasse, até à igreja dos Franciscanos, nada se tinha alterado.
Conforme programa que, cumpre dizer, também faz parte da Mozartwoche, ouvi a "Missa brevis" em Ré Maior, KV. 194, e mais duas peças sacras, KV. 241 e KV. 277, obras de Mozart. Interpretação de médio nível com o destaque para a extensa voz, do tenor Minyong Kang, de timbre muito agradável, voz jovem que me parece muito promissora.
Sair dos franciscanos até à catedral é distância que se faz nuns três, quatro minutos. Pois bem, sem novidades em relação ao tempo, lá continuava a chuva a cair naquele ritmo certo, persistente. Missa às dez, "Missa solemnis" em Dó Maior, KV. 337 e e mais duas peças sacras, KV. 278 e KV. 34 , obras de Mozart, sob a direcção de János Czifra, um seguríssimo Kappelmeister.
Coro da Catedral de Salzburg, Orquestra da Salzburger Dommusik, excelentes vozes solistas, Aleksandra Zamojska, soprano, Astrid Hofer, contralto, Maximilian Kiener, Fernando Araujo, barítono e ainda referência a Herbert Metzger, o artista que toca aquela máquina impressionante que é o órgão da catedral.
Nível superior, honrando os créditos de uma tradição da mais alta qualidade. Um «must» para quem visita Salzburg, independentemente da muita, pouca ou nenhuma fé cristã católica que possa professar. Qualquer herege, desde que se afirme melómano, não pode dispensar.
No meu caso, não poderei deixar de fazer referência à Epístola de São Paulo aos Coríntios que, ontem, ouvi duas vezes. Um texto de referência que a minha amiga M Manuela Bravo Serra publicou no seu mural, acerca do qual já me pronunciei. Se alguém tiver curiosidade, faça o favor que, estou certo, ela não se importa...
Saindo da Catedral, dirigi-me ao Mozarteum para o encontro com um amigo. Mais ou menos um quilómetro, no meu passo, dez minutos. A chuva, sempre, sempre, no mesmo compasso, sem endurecer nem aligeirar. Dali até casa para almoçar e, seguidamente, até ao Café 'Bazar' - imprescindível poiso, sempre que posso - nova passagem pelo Mozarteum - concerto pela Orquestra Infantil acerca do qual me referirei mais tarde - regresso a casa para jantar e, finalmente, de novo ao Mozarteum para o concerto final sobre o qual já publiquei uma nota.
Pois, durante toda a santa tarde e noite, a chuva jamais abrandou. Hoje, de manhã, ainda chovia. Mas pouco. Enfim, pingava. Dispensando-vos do pormenor das minhas voltas, apenas para referir que, ao chegar à ponte sobre o Salzach é que percebi a dimensão do portento pluviioso de ontem. Em poucas horas, o rio engrossou de maneira inusitada. Tornou-se barrento e leva troncos, e leva ramos, de vários calibres, leva lixos a uma velocidade vertiginosa.
Da chuva de ontem para o rio de hoje, a mesma vedeta. Bendita água!
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