[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 28 de fevereiro de 2016




Língua Portuguesa é
 
 
É barca e casa, dos alicerces ao telhado,
da quilha e cavername à ponta do mastro.
 
De arca feita viajou,
âncoras lançou
em fundos
e raízes noutros mundos.


De verbo inicial que vicejou,
património renovado, imorredouro se tornou.


Língua Portuguesa é.
E sofre.
Os tratos de polé,
a inquisição dos maus falantes e escreventes.


De coluna direita, resiste e persiste.
E enobrece.


Perpetua a construção da casa,
novos materiais, energias outras.
Singra a barca, imune à tempestade esporádica.
Soma experiência aos viveres seculares.


De viagem se fala,
pedra angular de iniciação recorrente.


E espera.
Acção, defesa,
e palavra certa no coração do tempo
que trespassa e não perdoa.


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A estes dias, Maria José Craveiro trouxe palavras minhas, esquecidas, já não sei se escritas em 2001 ou antes, publicadas no Boletim No. 9 da Associação de Cultura Lusófona (ACLUS). Aqui ficam essas linhas. Com a minha querida amiga, partilho-as com ternura. Convosco, também o faço na presunção de que nos cimentam os traços de união.
 
 
 

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