[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 1 de março de 2017




 
 
Em Sintra,
caso a considerar
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“Nada mais assustador do que a ignorância em acção"
[Johann Wolfgang von Goethe]

A falta de informação, o défice cultural pessoal, a ignorância e o atrevimento que a própria ignorância suscita, são ingredientes explosivos se referentes a cidadãos eleitos. De todo em todo, porém, não nos surpreendamos com os manifestos de ignorância que nos devolvem perante as denúncias que apresentamos. A verdade é que, uma vez eleitos e «em roda livre», não há como evitar e, portanto, temos de contar com a ignorância de quem, localmente, nos representa e governa.

Como não são as pessoas certas nos lugares certos, se e quando lhes dizemos que peças patrimoniais de inequívoco interesse, em locais sofisticadíssimos e únicos, se degradam a olhos vistos perante a sua inacção, temos de contar que nos respondam através da sistemática desvalorização das nossas denúncias. As suas limitações impedem que nos respondam com a lúcida humildade ditada pela evidência.

Para tais pessoas, fontes como a dos Pisões, ou as centenárias d’ El Rey, Ladrões, peças como o Casal de São Domingos, Casa Francisco Costa, em processo de degradação galopante ou, mais prosaicamente, buracos e lombas nos pavimentos da Correnteza ou da Volta do Duche, para tais pessoas, repito, são tão interessantes como quaisquer fontanários, pavimentos de ruas e casas degradadas em qualquer lugar do concelho.

O específico enquadramento das peças, que caracteriza e define o ‘espírito do lugar’, não é coisa que lhes determine a adopção das medidas específicas e urgentes que são encaradas por gente preparada, educada, informada e culta nas latitudes civilizadas. Pura e simplesmente isso não os preocupa porque, se preocupasse, não estaria eu a escrever estas linhas ao fim de quatro anos do seu mandato!...

Para eles, esta Sintra-Sintra, que não pode dispensar os parques de estacionamento periférico - cuja operacionalidade, aliás, cumpre lembrar, no-la prometeram para o Verão de 2016 - para eles, repito, é a Sintra tradicionalmente defendida por uns tipos elitistas, que só pensam no que se passa entre a Volta do Duche e a Regaleira, gente sem a precisa noção dos problemas ingentes a resolver neste concelho mastodôntico e multifacetado…

Muito limitados, coitados, avaliam-nos, avaliam as nossas justíssimas queixas através dos parâmetros afins das limitações que os caracterizam…

“Nada mais assustador do que a ignorância em acção". De facto, contra factos...
 
 
 

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