[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 16 de março de 2018



Alterações do trânsito
às voltas com o umbigo

Hoje, às sete e meia da manhã, em pleno casco do centro histórico da Vila Velha, mais um dos encontros que, quase quotidianamente, mantenho com um bom amigo estrangeiro há muito tempo radicado em Sintra.
A propósito do desígnio da expulsar os parasitas de quatro rodas daquela nobilíssima zona, objectivo com o qual ambos estamos totalmente de acordo, dizia-me ele que tinha estado presente numa das reuniões em que o Vice-Presidente da Câmara, Rui Pereira, se tem desmultiplicado para explicitar o que está em jogo.
E, meu Deus, confessava-se-me completamente escandalizado com a atitude de quem, tendo acorrido para se esclarecer, apenas está preocupado com o seu umbigo. Como é que EU saio? Como é que EU entro? Como é que EU vou daqui para ali? Então EU não posso voltar? Então, agora, EU
não tenho hipótese de? Como querem que EU faça?
Este meu querido amigo - natural de um país que é minha segunda pátria, cuja identidade aqui não escarrapacho porque não o quero melindrar - com vida pessoal e profissional toda concentrada naqueles poucos hectares da Vila Velha - não se conforma com atitudes egoístas e egocêntricas dos que, ao mesmo tempo, se afirmam amantes de Sintra...
Quando, de vez em quando, ao alinhavar os meus comentários, me refiro aos baixíssimos índices de literacia que obstaculizam a participação e a intervenção cívica promotoras do progresso local é, precisamente, a isto que me reporto...
Perceber que a defesa do sofisticado património local depende desta resolução histórica da Câmara Municipal de Sintra é «demasiada areia para a camioneta» desta gentinha que nada mais vê do que o palmo adiante do nariz dos seus interesses pessoais.
Está claro que o Rui Pereira, mesmo que gostasse de desabafar o que eu estou a escrever, não poderia... Mas eu posso! Eu e, pelo menos, uma das filhas, que também tão «prejudicados» seremos por estas medidas, não nos passa pela cabeça vir reivindicar seja o que for e, disciplinadamente, vamos submeter-nos àquilo que, só na aparência, é um incómodo.
C' os diabos, Valores mais altos se levantam! Os interesses da comunidade exigem que nos disponibilizamos para um ou outro «sacrifício»!... Ah. se todos os sacrifícios que a comunidade nos pede pudessem justificar-se por razões tão altruístas, em que estão em equação valores tão caros como a salvaguarda do património ou a segurança de pessoas e bens!
naturalmente, toda esta disponibilidade para a mudança não significa que, por outro lado, não esteja total e literalmente atento a tudo quanto aí vem e, portanto, absolutamente decidido a não dar descanso a quem tem a responsabilidade de levar a bom termo o programa de alterações com que nos desafia.

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