De automóvel,
da Estefânea a Monserrate e regresso
da Estefânea a Monserrate e regresso
[Publicado no facebook em 3 de Abril de 2018]
Ontem à tarde, precisando de ir a Monserrate, aproveitei a oportunidade para mais uma avaliação – certo é que, necessariamente, muito imediatista, fruto das mais pessoais impressões – sobre as consequências, a montante e a jusante, das alterações introduzidas pela Câmara Municipal de Sintra com o objectivo de libertar o centro histórico de Sintra da carga imensa de automóveis.
Saindo da Estefânea, mais precisamente da Rua Câmara Pestana, junto ao Centro Cultural Olga Cadaval, fiz um percurso que, desde já registo, não podia ter sido mais agradável e civilizado. Passando pela Correnteza, subi ao Largo do Moraes, para continuar até ao Jardim da Vigia e logo inflectir para a Rua do Roseiral, no termo da qual, voltei à direita, descendo até ao Gandarinha, aí me dirigindo à Sabuga, Quinta do Saldanha e por ali abaixo, até ao Largo Dr. Carlos França.
Nada, absolutamente nada de especial a assinalar. Mas, a partir dali, isso sim, a meio da tarde cinzenta, imensa gente a pé, como não me lembro de ter visto há muito tempo, e, naturalmente, muito mais à vontade porque os veículos circulam só num sentido.
Agora, por aquela estrada fora, até há dias tão perigosa, sempre na iminência de se resvalar para a berma, agora, repito, a minha própria condução é incomparavelmente mais descontraída, despreocupada, naturalmente, só num sentido! Satisfeito, pergunto-me se quem se revela «tão prejudicado» com as mudanças, não experimentará a mesma sensação…
Parei o carro, junto à Quintinha de Monserrate, tendo tido oportunidade de conversar com pessoas de dois grupos que ali se cruzaram, muito contentes da vida com a sua caminhada. Depois de me ter encontrado com quem combinara, e já afeito ao meu regresso ao ponto de partida, prossegui até à Quinta da Piedade.
Não podendo deixar de pensar na Senhora Marquesa de Cadaval e adivinhando a boamente como teria acolhido estas medidas da autarquia, contornando o verde muro da propriedade e enveredando pelo caminho cuja placa toponómica lembra a grande mecenas, desci a Galamares, até ao entroncamento com a estrada para Sintra.
Não tendo chegado a ser contratempo porque, na altura, o trânsito era reduzido, lá tive de me sujeitar ao comando do semáforo antes da Ponte Redonda. Uma vez que a obra de recuperação do pavimento abatido – ali de urgentíssima concretização – não depende da Câmara Municipal de Sintra mas das Infrestruturas de Portugal, não seria possível chegarem a um acordo que obviasse os evidentes transtornos?
Prosseguindo, voltei à vespertina e calma procedência do meu recanto da Estefânea, terminando uma deslocação, tão civilizada, que até parecia terem sido outras, de latitudes mais favoráveis, as coordenadas geográficas do trajecto que acabara de fazer…
Afinal, ainda há pouquíssimos dias, para fazer o mesmo percurso, teria eu de passar pela Vila Velha, com o meu automóvel e, à minha reduzidíssima escala individual, lá iria contribuindo para o inferno do costume com a passagem de mais uma dentre as milhares de viaturas... Afinal, a avaliar pelas «reacções umbilicais» entretanto surgidas, até parece que muita boa gente se dava tão bem naquele cenário como Deus Nosso Senhor e os Anjos…
PS
Não colaborando na divulgação de qualquer sintrense cenário idílico, na verdade, para que tivesse tido esta ingénua e inocente experiência como condutor e amante de Sintra, não havia inferno algum noutros locais desta nossa querida terra.
Sei que há imensas questões a melhorar e cá estarei, tal como tenho «avisado», para acompanhar e exigir o que tiver de ser. Como, por exemplo, a interdição de circulação de viaturas particulares a caminho da Pena ou a construção urgentíssima dos parques verdadeiramente periféricos, como os dois da Cavaleira ou o outro, na zona do Ramalhão, nas imediações do estabelecimento prisional. Aliás, apenas mantendo a minha atitude sempre.
Tal como outros solitários e solidários companheiros, não estou «por aqui» só há alguns meses... Com eles, com os de sempre, continuarei, continuaremos, sem agenda política, a lutar «só» pelos superiores interesses de Sintra.
[Ilustr: Estrada Velha Sintra-Colares, à esquerda, junto Quinta da Piedade]
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