[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 17 de abril de 2018



Testemunho dominical

[Publicado no facebook em 16 de Abril de 2018]

Por um lado, se me apetecia ser mais directo e quase telegráfico, por outro, não conseguindo subtrair-me ao prazer das cenas que partilhei, eis-me caído na tentação de mais umas palavras que alicercem o testemunho.
Depois de a Câmara Municipal de Sintra ter introduzido as alterações ao trânsito de acesso e circulação na Vila Velha, foi ontem o primeiro fim de semana em que, não tendo ido até ao Alentejo devido a «obrigações musicais na Gulbenkian», me foi possível avaliar o comportamento dos visitantes de Sintra durante uma tranquila manhã de Domingo.
Cerca das onze e meia, mais ou menos confundido entre centenas e centenas de peões que, pela Volta do Duche, se encaminhavam até às imediações do Palácio Nacional, apercebi-me de que, em sentido contrário, alguns condutores provenientes da descida da Visconde de Monserrate, até conseguiam estacionar ao pé da Fonte Mourisca…
Então vamos lá a mais uma avaliação sumária, muito sumária porque, tal como tenho expressado em diferentes ocasiões, ainda em período de adaptação, não é altura para avaliações conclusivas.
Ora bem, tal como a maioria dos sintrenses, eu também sei que a ‘Piriquita’ é o barómetro da vida comercial local. Casa verdadeiramente icónica da doçaria regional e nacional, o que ali se passar, em frente aos balcões e à volta das mesas, será imagem fiel da maior ou menor animação dos negócios de toda a vizinhança.
Enfim, para que tenham uma aproximada ideia do que se passava àquela hora, primeiramente, verifiquei que as mesas estavam totalmente ocupadas e que, inclusive, havia pessoas aguardando que alguém saísse para ocupar o ambicionado lugar; em segundo lugar, ao tirar a senha para ser atendido, verifiquei que tinha 12 clientes à minha frente.
Em suma, estava «à cunha» a casa dos meus queridos amigos Julia e Fernando Cunha e, a confirmá-lo, tendo eu prolongado a conversa para além dos limites aconselháveis, quando saí, já depois de aviado de toucinho do céu e nozes douradas, agradecia a Julia por eu a ter «libertado» do prolongado diálogo uma vez que tinha mesmo de ir dar uma ajuda ao balcão…
Ao saír, a Rua das Padarias não podia estar mais apinhada de gente a subir e a descer. Por ali, por todo o nosso Terreiro do Paço, tão grande era a animação como o sossego e a descontracção dos visitantes que, em fila contínua, continuavam a chegar. Sem pressas, sem trânsito, sem semáforos, sem guardas a apitar. Que descanso! De modo algum exagero! Pelo contrário, contenho a minha evidente satisfação.
Já de regresso, parei para saudar dois agentes da GNR em serviço junto à ‘Bristol’. Gostei de perceber como vai o ânimo destes polícias que, sintomaticamente, puderam falar comigo à vontade, pura e simplesmente, porque pouco tinham a fazer. Aproveitei para os parabéns da ordem, em relação ao excelente trabalho durante o período de adaptação por que ainda estamos a passar, manifestando eles o mais sincero agrado pelo apreço que, em geral, os sintrenses têm dado conta.
A concluir, como não registar a diferença, meu Deus, relativamente a horríveis e bem recentes cenas! Como esquecer que, não há muito tempo, também num Domingo, passando pelo Largo Dr. Carlos França, deparava com três pronto-socorro preparados para entrar em acção porque estava interrompida a circulação a partir da Regaleira, precisamente, em consequência de carros mal estacionados da autêntica selva a jusante?
Pelos vistos ainda haverá gente que, ou é incapaz de notar o benefício da mudança ou, então, em consequência dos tais «prejuízos umbilicais» a que me tenho reportado, até se dava muito bem com esses lamentáveis episódios de perfeito terceiro mundo que tanto denunciei ao longo de anos e anos...
Quanto mais não fosse - e é muito, muito mais - a segurança de pessoas e bens já teria determinado as alterações que a autarquia viabilizou.

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