[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

(Continuação)
Na falta de alternativa...

Este pequeno acrescento ao texto já hoje publicado, apenas serve de post-scriptum, com o objectivo de sublinhar uma ideia que subjaz, não só a todas as considerações já expendidas mas também às que terei oportunidade de continuar a partilhar. Nestes termos, gostaria que tivessem em consideração que a circunstância de não estarem concretizadas - nem total nem sequer parcialmente, as soluções que, futuramente, satisfarão a correcção do problema do estacionamento em Sintra, à semelhança do que se passa noutros lugares mais afortunados -não habilita ninguém em particular e, muito menos, a autoridade instituída, à prática da famigerada tolerância, com a esfarrapada desculpa de que não existe alternativa...

Esta ideia, tão perniciosamente vulgar, tem como consequência que ninguém faz o que, efectivamente, lhe compete porque, enfim, como se verifica, não estão reunidas as condições... Por isso, como não há parques dissuasores, autoriza-se que os automóveis sejam caoticamente parqueados (??), em tudo quanto é sítio, à revelia da Lei... Pois é, a generosa mas corrosiva tolerância tem este resultado horroroso, em certos casos perigosíssimo, como terei ocasião de apontar, que parece não afligir os nossos concidadãos, todos muito ocupados, todos muito stressados, todos muito ciosos do seu umbigo, da sua circunstância, completamente nas tintas para os direitos do outro.
Ignorância + Analfabetismo = Laxismo

Atitudes que tais ainda são consequência, não só da iliteracia mas também do analfabetismo funcional e pleno, este último ainda a rondar os mais de dez por cento, a nível nacional, percentagem escandalosa, totalmente desconhecida em qualquer país da União Europeia, a doze, a quinze ou a vinte e sete... Pois é, às vezes esquecemo-nos da herança dos tempos da outra senhora... Ela aí está, bem patente, a herança da esperteza saloia, por um lado, mas espelhada, por outro, na correspondente tolerância que nos habituámos a confundir com o designado nacional porreirismo o qual, para todos os efeitos, tem contribuído como nenhum outro factor socio-cultural ou económico, para um progresso que, naturalmente, teima em não acontecer...

Mas será que não se percebe que tudo isto está indissociavelmente ligado? Será que não se percebe que um agente da ordem, em plena rua, no estrito cumprimento do dever, nâo pode ser ridicularizado, pelos tais espertalhões, pelos tais habilidosos ou simplesmente ignorantes, como tantas vezes acontece, por cumprir e fazer cumprir a Lei? Será que não se percebe que o agente da autoridade, não pode, não deve, está proíbido de ser tolerante porque, se o for, está agindo contra o interesse geral? Não se percebe que esta tolerância é a maior inimiga da qualidade de vida?

Tanto trabalho a fazer para que princípios universalmente aceites como inquestionáveis, a concretizar sem tibieza de qualquer ordem, sejam assumidos entre nós, que somos tão europeus como os nossos vizinhos espanhóis ou como os austríacos, mas, infelizmente, tão distantes e tão tolerantes...

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