[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Um concelho gigante


Durante cinco anos, só no Jornal de Sintra, terei escrito mais de dezena e meia de artigos subordinados ao tema do gigantismo do Concelho de Sintra. Fundamentalmente consonante com as mais actuais tendências da gestão territorial, que promovem a proximidade, cada vez mais estreita, entre eleitos e cidadãos eleitores, tive oportunidade de reflectir sobre a triste realidade sintrense.
Quase meio milhão de pessoas às portas de Lisboa, compósita, disfuncional e macrocéfala, concentradas num mosaico absurdo de unidades - com freguesias de puro e duro betão, sem qualquer afinidade com a realidade que a sede do concelho constitui no todo nacional - sofrem as agruras de uma gestão autárquica distante, que raramente consegue actuar a tempo e a contento, tantas e tão diversificadas são as solicitações.
Até mesmo no estudo coordenado pelo Professor Braga de Macedo, consigo vislumbrar a necessidade de considerar a solução de dividir o grande concelho de tal modo que se constituam, a partir do actual, mais um ou mesmo mais dois concelhos. Tanto quanto a minha luta se tem pautado, continuo a apostar num inequívoco concelho de Sintra-Sintra - designemo-lo assim para nele afirmar as características de uma unidade com afinidades mínimas de carácter sociocultural e económico - agrupando as freguesias de Santa Maria e São Miguel, São Martinho, São Pedro, Colares, São João das Lampas e Montelavar.
Mais pequeno e governável
No agrupamento em questão, como poderá verificar-se, não se recusa a diversidade, antes se procura concentrar o que é minimamente afim, aquilo que, apesar de um leque muito aberto de características e actividades, não deixa de constituir uma proposta de complementaridade saudável e desejável. Se alguma coisa se repudia, teremos que procurá-la na recusa de aceitação de componentes cuja lógica, desde logo as afasta deste quadro.
Bem sei que tudo isto é muito controverso. Há uma série de freguesias que estão encostadas a Sintra, que se consideram altamente beneficiadas pela inclusão e proximidade geográfica com uma Sintra queirozianamente mítica, tudo fazendo para manterem o statu quo. Que ilusão!... Pois bem, não tenho a mínima dúvida de que valeria a pena que invistissem no estudo de alternativas, de acordo com a ideia que veiculo, criando grupos ad hoc, círculos de estudo que concitem o interesse dos jovens fregueses e munícipes, lutando pela melhoria de uma qualidade de vida, actualmente tão des(en)graçada.
Mais tarde ou mais cedo é solução que acabará por acontecer e, quem cá estiver, verificará como tais freguesias ficarão muito mais bem servidas se e quando agrupadas numa unidade geradora de sinergias com afinidades intrínsecas e lógica inequívoca. Tal como se encontra, o actual concelho é uma manta de retalhos, um gigante perfeitamente ingovernável, como há dezenas de anos se tem vindo a demonstrar.
Este blog está aberto à discussão em apreço. Façam o favor de entrar.

2 comentários:

Zé-Viajante disse...

Tarde mas entro.Tenho a mesma opinião mas nunca a escrevi.
Faz-me sempre impressão ler Queluz - Sintra, Cacém - Sintra e por aí fora. Com todo o respeito que estas vilas/cidades merecem.Se ficavam as indicadas no post era uma questão a estudar mas que havia (HÁ) necessidade de redução é evidente.

Sintra do avesso disse...

Caro Viajante

Desconheço se terá lido algum dos inúmeros artigos que escrevi no Jornal de Sintra acerca do assunto. Na maioria dos casos, o que tenho conseguido é a reacção dos que se opõem à necessidade que tenho manifestado e com a qual vejo que concorda. Insclusive, tenho arranjado alguns «inimigos de estimação» que o statu quo, na realidade, também convém a muita gente, mal pensante, bem instalada e perfeitamente nas tintas para a melhoria da qualidade de vida de fregueses e munícipes do actual e fururos concelhos.
Se, a propósito, pretender saber qual tem sido a minha afirmação pública acerca desta proposta, terei o maior prazer em lhe fornecer uma lista dos artigos publicados no referido Jornal.
Acredite que fiquei muito sensibilizado com a sua reacção.

João Cachado