apesar de tantos anos a remar contra a maré, continuo a ficar perplexo perante a extrema demora na adopção dos processos que podem resolver questões essenciais para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Refiro-me a soluções que todos conhecemos, concretizadas em lugares que visitamos ou de que temos conhecimento através da comunicação social, uns mais perto, outros mais longe.
Não há nada, absolutamente nada, que possamos discutir e propor que constitua novidade. A única coisa que compete aos decisores, uma vez auscultada a comunidade - e Sintra tem dado os sinais necessários - é avançar para as soluções já sobejamente estudadas e com provas dadas ao longo de anos de concretização.
E, para o efeito, há que afectar recursos, urge desenhar aqueles processos siofisticadíssimos de engenharia financeira, em que tantos técnicos portugueses são peritos, no sentido de ir buscar dinheiro nem que seja na cabeça de um tinhoso...
No meio de tudo isto, dava um certo jeito que ressuscitasse o Movimento Cívico que foi capaz de lutar contra o projecto de instalar o parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche. Pela minha parte, que me honro de ter sido um dos seus animadores, estou mais que mobilizado!
Das pessoas que participaram naqueleas vitoriosas jornadas, a maioria não se revê nas tíbias, absolutamente irrelevantes e imobilistas posições de apenas bem intencionados cidadãos que, sem o conseguirem, em Sintra se afirmam afins do que é suposto constituir o trabalho de uma verdadeira associação de Defesa do Património. Mas é tempo de tomar outras posições, corajosas, frontais, de quem, efectivamente, não tem medo de dar a cara por projectos que valham a pena." Fim de citação.
A Pena, a propósito...
Para que conste, ainda cumpre lembrar que, como a da Regaleira, outras «ilhas» há em Sintra. Não me anima qualquer senha de denúncia persecutória. Se necessário for denunciar alguma situação menos consentânea, menos apropriada, a merecer o devido reparo, cá estarei mas, invariavelmente, sem qualquer intenção persecutória.
Lembrem-se do que aconteceu na Parques de Sintra Monte da Lua. Durante anos, um certo fulano, armado em gestor, permitiu-se ofender os espaços que era suposto gerir, permitiu-se ofender os munícipes sintrenses, em particular, os contribuintes portugueses em geral, através de práticas de administração que determinados auditores consideraram «irregulares». Tarde e a más horas, acabou por ser afastado, sem que, passados anos, se conheça qual o desfecho dos processos de investigação entretanto levados a cabo. Infelizmente.
Gostaria que soubessem que, não raro, fui interpelado no sentido de não perseguir o biólogo Serra Lopes que, coitado, até era boa pessoa, que até estava animado de boas intenções... Claro que só me resta invocar São Judas Tadeu, advogado dos impossíveis... Como é possível confundir a denúncia frontal com perseguição? Alguém pôs em causa a bonomia do biólogo? Que eu saiba, apenas se pôs em causa a sua (in)capacidade como gestor, aliás, q.e.d. ...
Bem, apesar das incompreensões e do desconforto, acaba por valer a pena. A prová-lo aí está a actual administração da PSML, sob a presidência do Prof. António Ressano Garcia Lamas que, até ao momento, só nos tem dado motivos de satisfação e de quem esperamos a adopção das medidas que, paulatinamente, é preciso ainda concretizar. Como, por exemplo, contribuir no sentido de proibir o trânsito de viaturas particulares na rampa da Pena e o acesso das mesmas ao Castelo dos Mouros e ao Parque. Não é coisa fácil mas, estou certo, num prazo razoável, seremos surpreendidos pela definitiva concretização desta solução, coincidente com a abrangente, integrada e sistémica noção de Defesa do Património. (**)
(*) Vd. Notas Diárias de 17.10.07, «Irregularidades» de Serra Lopes, no rol do esquecimento?
(**) Vd. Notas Diárias de 25.09.07, Acesso à Pena, um caso especial(íssimo).
4 comentários:
Quanto à actuação da actual administração da P.S.M.L., além da colocação de uma placa que prevê a execução da 1ª fase de reconstrução do Chalet da Condessa pouco mais me ressaltou à vista.
Ou por outra, ressaltou-me sim a forma muito negativa como continua a gerir o seu nome não respondendo às questões que lhe são colocadas publicamente ou às reclamações apresentadas por escrito pelos visitantes dos parques e monumentos.
Veja-se como lidou com a interpelação que lhe foi feita acerca do abate e limpeza das infestantes na Tapada D.Fernando e Convento dos Capuchos.
Algum de nós sabe que medidas concretas estão a ser implementadas para que a erradicação das infestantes na Serra de Sintra seja eficaz e para que na zona dos Capuchos que foi limpa, não voltem a nascer na próxima Primavera as centenas (milhares ?) de sementes que se encontram espalhadas pelo terreno?
Eu gostava de saber.
Quanto aos movimentos cívicos e à mobilização dos cidadadãos, nomeadamente os sintrenses, acabei de fazer um comentário no seu post de ontem.
ereis
A ereis
Acredite que vou tentar, mesmo directamente, junto do próprio Prof. Lamas, que ele se pronuncie sobre o assunto, se possível, neste mesmo espaço destinado aos comentários.
Até logo
Estimado Senhor João Cachado,
Tenho lido com atenção muitos dos seus artigos e gostaria de expressar algumas opiniões, talvez pouco válidas. A questão nuclear da nossa terra é a Serra de Sintra, nela se enquadrando o Chalet da Condessa d'Edla, cujo estado envergonha o País e os agentes nomeados para a respectiva gestão; a preservação da valiosa vegetação e riqueza ambiental que dela resulta e a segurança indispensável à respectiva preservação. Da Vila de Sintra abandonada ao lixo e quase só com donos não falarei, apenas lembrarei o que o saudoso José Alfredo escrevia sobre um certo estabelecimento que mais parece "dono" local.
Para mim é altura de uma verdadeira autoridade de transportes intervir contra a utilização da serra como zona de passeios automóveis e estacionamento anárquico, bem como carreiras de autocarro que na época alta vão a abarrotar de gente sentada e em pé, fazendo perigar as suas vidas, como um dia pode suceder na descida da Rampa da Pena. E a poluição, meu caro? E como se processará um dia qualquer fuga? Os responsáveis sacodem para o lado e dizem umas gracinhas por vezes sem humor nenhum e lá vão vivendo dos nossos impostos, pouco fazendo por nós mas adquirindo direitos a altas e chorudas reformas muito antes dos 65 anos enquanto nós vamos esperando que essa idade chegue ou a morte nos leve antes.
Depois ainda temos quem se auto-intitule de defesa disto e daquilo, com horizontes curtos que pouco mais são do que uma ou outra florzinha roubada na Volta do Duche e um ou outro devaneio. Sintra está a morrer aos poucos, cada vez com menos vida e progresso. Daí que haja quem bata palmas a quem nada faz. O nosso drama tem de acabar antes que seja tarde.
Caro Saloio,
Em primeiro lugar, deixe-me expressar-lhe o meu apreço pelo pseudónimo que escolheu. Com muito orgulho, também é a minha condição.
Não posso estar mais de acordo consigo. Em tudo!
Quando refere o Chalé da Condessa até a alma me estremece. No âmbito das minhas actividades profissionais como professor e formador de jovens professores, lá desenvolvi algumas actividades afins da Animação da Leitura.
No fim da década de oitenta e durante os anos noventa, ali levei dezenas de pessoas, até que um criminoso incêndio e a incúria geral - de quem, hoje em dia, chora lágrimas de crocodilo - puseram termo a uma atitude que, já então, eu levava a efeito com o propósito de denunciar a lamentável situação de abandono a que aquele ninho de amor tinha sido votado.
Dezenas de anos, tempo imperdível, que nos damos ao luxo de desperdiçar. No seu escrito, umas linhas mais abaixo, alude o meu amigo ao caso dos políticos que, impunemente, conduzem este pobre país para uma situação em que só eles e outros privilegiados não serão prejudicados já que bem se previnem para a velhice, engordando o património familiar a herdar por outros privilegiados...
Sabe, os portugueses, em geral e alguns sintrenses em particular, têm uma péssima memória... São capazes de verberar contra a falta de recursos para a recuperação do Chalé da Condessa, esquecendo, por exemplo, que o actual Primeiro Ministro, o principal autor dos controversos orçamentos com que nos tem brindado, foi o máximo responsável pelo brutal investimento da nação em estádios de futebol que estão às moscas...
Esquecem também que o mesmo PM, enquanto foi Ministro do Ambiente, terá apadrinhado a controversa e eventualmente lesiva gestão do biólogo Serra Lopes na Parques de Sintra Monte da Lua. E até esquecem que, jamais, o actual PM negou as graves acusações que o Engº António Abreu lhe endereçou, num escrito publicado pelo Jornal de Sintra em 24.12.2004, no sentido de que teria espaldado actuações do gestor Serra Lopes lesivas dos dinheiros públicos, portanto em altura durante a qual alguma coisa poderia ter sido feita no sentido de acudir à desgraça do chalé...
Como saberá - basta «visitar» alguns dos meus textos já publicados neste mesmo blog, desde 12 do passado mês de Setembro - tenho trabalhado todos os temas que, de um modo ou outro, acaba de citar no comentário que teve a gentileza de partilhar com todos os visitantes deste espaço virtual.
É comovente que tenha citado José Alfredo. Acredite que, ainda hoje e sempre, se algum exemplo eu sigo, nestas minhas humildes andanças, é o desse homem a quem Sintra tanto deve, ele o principal denunciador de paradoxos sintrenses...
E, obrigados a conviver com estes inegáveis paradoxos,como o meu amigo afirma, ainda temos que aturar quem se arma em defensor das florinhas da Volta do Duche e das arvorezinhas não sei donde, verdadeiros empecilhos imobilistas
que, paradoxo dos paradoxos, acabaram por granjear, junto do poder autárquico, um crédito que só está à espera que qualquer criancinha venha denunciar, afirmando que, afinal, o rei vai nu...
Aproveitaria para lhe lembrar que já escrevi uns artigos (vd. Jornal de Sintra de 18 de Fevereiro e 4 de Março de 2005) sobre estes equívocos dos tais defensores do património. Talvez um dia se lhes descubra a carapuça.
Fico aguardando que uma tão evidente cumplicidade com os meus escritos venha a transformar-se num verdadeiro e profícuo encontro de saloios interessados no progresso desta terra.
E isso pode acontecer sem que a intenção belisque o mínimo interesse ecológico e de real Defesa do Património, sempre contra a avidez de uns certos negociantes que até são capazes de vender o pai e a mãe, sob a capa da defesa dos reais interesses de Sintra...
Pois é, amigo Saloio, um paradoxo que nos deverá merecer constante atenção.
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