[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Pouca saúde (I)

Dia após dia, semana a semana, lendo a imprensa, tanto a de âmbito local como nacional, diária e hebdomadária, escutando e olhando a comunicação social audiovisual, cada vez mais se instala a sensação, transformada certeza, de que é inequivocamente muito medíocre e, por vezes, declaradamente má a qualidade dos eleitos para o desempenho de cargos políticos.

De admirar seria a presença de quadro diferente já que, na sequência de campanhas eleitorais conduzidas por eficazes publicitários - que tanto promovem a venda do dentífrico ou do preservativo como a do candidato ao parlamento ou à autarquia - os deputados e eleitos locais continuam constituindo uma classe política cuja educação, preparação cultural e conhecimentos básicos, para além do perfil do substrato sociocultural de origem, salvo raras excepções, se tem mantido mais ou menos inalterada de há muitos anos a esta parte.

Questão altamente preocupante e sintomática da situação actual é a flagrante e insidiosa adulteração da noção de Serviço Público. Do nobre exercício de desinteressada entrega à causa do bem comum, não raro, escorregam os políticos de todas as escalas e quadrantes, para a prática de ambíguos actos, pretensamente favoráveis à cobertura dos interesses da generalidade dos cidadãos.

E, afinal, o que mais se tem apontado aos actores desta classe política, a quem o povo não tem sabido devolver, com a dignidade e eficácia que se impõe, as múltiplas razões de queixa? Mesquinhos propósitos de protagonismo individual? Defesa dos próprios interesses particulares ou do partido político a que pertencem? Vaidade pessoal? É possível. E tanto mais possível quanto, entre nós, não se exerce e, muito menos, se fomenta a intervenção cívica que poderia contribuir para o controlo do Serviço Público decorrente da actividade dos eleitos.

Serviço Nacional de... quê?

Após uma semana particularmente fértil em políticos desacertos e desconcertos, em quase todos os domínios, mas particularmente evidentes nos da Economia, Transportes e Comunicações, Segurança Social e Saúde, estou certo de que vão compreender que tenha escolhido o último mencionado para, concretamente, me deter num conhecido caso que bem ilustra as anteriores considerações.

(Continua)

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