À beira da estrada
Ultimamente, ao sair de Sintra pelo IC16, tanto na direcção de Lisboa como na de Mafra, tenho deparado com trabalhos de limpeza, corte e desbaste da vegetação espontânea, nos terrenos circundantes.
Habituado à constante agressão de indescritíveis cenas de desleixo, não posso deixar de assinalar tão positiva atitude. Tão surpreendido tenho ficado que ainda não identifiquei a entidade promotora, que gostaria de saudar com a maior vivacidade. Custa-me a perceber como é possível não generalizar esta prática.
Entendo mas é muito difícil admitir como a maioria dos cidadãos se mostra insensível ao quotidiano convívio com bermas descuidadas, vedações e muros degradados ou inexistentes, matagais infectos, edifícios sujos, decadentes, permanentes quadros de vergonha a ladear certas estradas do concelho como, por exemplo, entre a Abrunheira e Albarraque, a caminho de São Domingos de Rana.
Por isso que este seja um bom sinal, excelente pretexto para partilhar convosco uma nota de optimismo em época tão avessa a sinais de esperança. Quem nos dera o arranjo sistemático, o nosso sossego, a possibilidade da singela, da eficaz beleza, a que temos direito. À beira da estrada, uma estética a defender.
Ultimamente, ao sair de Sintra pelo IC16, tanto na direcção de Lisboa como na de Mafra, tenho deparado com trabalhos de limpeza, corte e desbaste da vegetação espontânea, nos terrenos circundantes.
Habituado à constante agressão de indescritíveis cenas de desleixo, não posso deixar de assinalar tão positiva atitude. Tão surpreendido tenho ficado que ainda não identifiquei a entidade promotora, que gostaria de saudar com a maior vivacidade. Custa-me a perceber como é possível não generalizar esta prática.
Entendo mas é muito difícil admitir como a maioria dos cidadãos se mostra insensível ao quotidiano convívio com bermas descuidadas, vedações e muros degradados ou inexistentes, matagais infectos, edifícios sujos, decadentes, permanentes quadros de vergonha a ladear certas estradas do concelho como, por exemplo, entre a Abrunheira e Albarraque, a caminho de São Domingos de Rana.
Por isso que este seja um bom sinal, excelente pretexto para partilhar convosco uma nota de optimismo em época tão avessa a sinais de esperança. Quem nos dera o arranjo sistemático, o nosso sossego, a possibilidade da singela, da eficaz beleza, a que temos direito. À beira da estrada, uma estética a defender.
5 comentários:
Caro Dr. Cachado,
Primeiramente venho desejar um óptimo ano de 2008 a si e a todos os que procuram este blogue.
O senhor já várias vezes tem referido ese assunto com o qual concordo totalmente. Lembro-me muito do falecido Pinto Vasques que era homem muito preocupado com obras pequenas que fazem a diferença.
Também me faz muita confusão tanto desleixo e não tenho grande esperaça que o futuro vá trazer muita mudança. Vamos a ver, como diz o cego...
Um abraço do
Artur Sá
CAro Artur Sá,
Ainda bem que continua por aí. Para si também os melhores votos de Bom Ano.
Ah como eu tanto me lembro do saudoso Pinto Vasques! Partilhei com ele tantas conversas acerca das pequenas obras que, na realidade, mudam a face dos lugares sem lhes retirar as memórias, limpando, dignificando, embelezando.
Olhe, eu continuo a ter esperança. Crédulo como sou, tenho a certeza de que vai passar este período dos pacóvios ignorantes cuja ideia de progresso não coincide com esclarecidas atitudes de equilíbrio.
Um abraço do
João Cachado
Meus caros amigos, por aqui andando nesta terra que poderia ser tão bela, pergunto-me tanta vez porque malefício ou praga rogada estaremos enleados. Tenho para mim que, uma das razões, se prende com a remuneração, uma receita agora muito em voga para que se mantenha tudo na mesma. Ganha-se bom dinheiro na gestão dos dinheiros públicos, não existem horário de trabalho nem obrigações a cumprir com muito rigor (contaram-me há dias uma deliciosa sobre um atraso na chegada a um evento comemorativo cá no nosso burgo) e passados uns anos (poucos) a tal pensão vitalícia começa a funcionar, quantas vezes ainda na juventude do beneficiário. É a moral pública que temos. Agora nós que futuro temos, se abordamos os temas desagradáveis e procuramos algo de melhor, mas de borla? Trabalho grátis e não remunerado é coisa de um incómodo tremendo e, se das nossas palavras, não saírem resultados visíveis, estou certo que pelo menos os sorrisos que por vezes nos dedicam (de circunstância, é óbvio) me dão o gozo de o fazerem envergonhados.
Peço desculpa pela incorrecção que espero me desculpem: é 'por que malefício...' em vez de 'porque'.
Cumprimentos,
Saloio, Caro amigo,
O teor do seu comentário, logo no princípio do ano, não pode ser mais oportuno, especialmente quando se refere à nossa condição de cidadãos intervenientes, inevitavelmente obrigados à abordagem de temas desagradáveis, na permanente procura de melhoria da terra que amamos.
A nossa «remuneração» é, meu caro amigo, directamente proporcional ao preço da lucidez que também é «grande amiga» do descomprometimento.
Certamente estaremos de acordo se, neste contexto, inscrevermos o gozo de poder apontar o que nos der na real gana, com a responsável liberdade que esta condição proporciona.
Um abraço do
João Cachado
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