[sempre de acordo com a antiga ortografia]
segunda-feira, 10 de março de 2008
Miúdos de Sintra
A Dra. Helena Soares, professora de Educação Visual e Tecnológica da Escola Don Fernando II, em articulação com o Dr. João Grilo, seu colega do mesmo estabelecimento de ensino, docente da área de Tecnologias da Informação e Comunicação, estão envolvidos num trabalho da designada Área de Projecto, nos termos do qual uma das suas turmas do sexto ano se tem interessado sobre o caso especial que é o Jornal de Sintra enquanto órgão da imprensa regional.
Certamente que devido às características de denúncia cívica que definem os contornos do continuado trabalho desenvolvido no semanário da nossa comunidade, aqueles professores e alunos quiseram ouvir, de viva voz, as opiniões de quem também é autor deste blogue. E assim, há uns dias, lá tivemos uma hora e meia de boa conversa, oportunidade e tempo para a troca de impressões acerca de uma série de assuntos que têm sido objecto da minha intervenção ao longo dos anos.
Não vou entrar em pormenores relativamente ao esclarecimento de pertinentes questões, a maioria das quais de ordem deontológica, que enquadram muitas das preocupações dos cidadãos em todo o mundo, acerca dos profissionais que desenvolvem a sua actividade nos meios de comunicação social escritos e audiovisuais. Foi matéria largamente falada para cujo esclarecimento espero ter contribuído, ainda que modestamente.
A defesa do património foi outra das traves mestras do encontro. Percebi que a consciencialização daquelas crianças e jovens para a necessidade de preservar e recuperar a herança ancestral, tem sido promovida através de uma motivação que parte do conhecimento concreto dos casos mais flagrantes. Como seria de esperar numa escola cujo patrono, Don Fernando II, nos é tão caro neste domínio, falou-se do caso do Chalet da Condessa que, felizmente, está em vias de recuperação.
Mas, coisa assaz importante, foi a certeza de que o estudo do enquadramento sócio-cultural do movimento romântico e revivalista de oitocentos, levou os miúdos à preocupação da defesa de uma imagem de Sintra que colide com os casos mais evidentes de desleixo que por aí sobra, nas ruas da Estefânea e do centro histórico. Comovidamente, me apercebi da sua preocupação que, provavelmente, será objecto de pública denúncia.
Aqueles, por acaso, são miúdos de Sintra. E, não tenham dúvida, isto é Sintra no seu melhor. No entanto, tenham em consideração que aqueles professores, aquela turma, não constituem uma ilha nesta comunidade. Há milhares de casos idênticos por esse país fora. E, discretamente, estão a fazer o trabalho que lhes compete. Importaria, isso sim, que os poderes instituídos, tanto aos níveis local como central, não frustrassem estas sementes de esperança.
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