[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 13 de maio de 2008

Os anónimos

Mais uma vez, na passada semana, me vi na necessidade de contactar com um anónimo, a propósito de um texto publicado neste blogue subordinado ao título Lixo do centro histórico (05.05.08). Porque a situação é demasiado frequente e, para mim, extremamente desagradável, decidi transcrever, para partilhar com todos, a parte útil da resposta que lhe dirigi:

"(...) Parece que, neste terreno virtual da denominada blogosfera, o anonimato é coisa tolerada. O anonimato, como opção de identidade ou como opção de encobrimento da identidade. Coisa aberrante, incrível. Custa-me muito a entender tal fenómeno, não só no nosso mas em todos os países cujos Estados se reclamam da Liberdade, da Democracia e do Direito.

Como tenho mais de sessenta anos, pertenço a uma geração que viveu, quase até aos trinta, em regime de ditadura. Foi tempo bastante para saber, na pele, o que é lutar pela Liberdade, pela Democracia e pelo Estado de Direito, como objectivos de vida, pelos quais houve quem desse a vida. E, paradoxalmente, tudo isso para que, hoje em dia, neste meu país, haja quem se sinta na necessidade de recorrer ao anonimato, por exemplo, para defender «a obra» de uma autarca. *

Não percebo. Não foi para isto que a minha geração lutou. A luta de dezenas de anos contra o fascismo, não é compatível com a posição de cidadãos, como a deste meu interlocutor, cujo anonimato, desculpará, só pode escandalizar-me.

Precisamente, uma das marcas da educação que recebi passava, por jamais dar crédito a mensagens anónimas. A palavra de ordem ia no sentido de que, mal se percebesse tratar-se de mensagem anónima, deveria ser imediatamente rejeitada. Aliás, devo confessar que, felizmente, não me lembro de receber mensagens não assinadas.

Pertenço ao grupo de pessoas que passaria sem tão desagradável experiência, não fosse o facto de me ter lançado a esta aventura do sintradoavesso. Certo é que raramente mas, de vez em quando, lá aparece um anónimo a desafiar a minha capacidade de encaixe. (...)"


Que receio pode levar alguém, numa sociedade livre e democrática a esconder-se sob a capa do anonimato? Serão os compromissos? Tratar-se-á de pessoas que, estando fragilizadas por terem caído na tentação de receber determinado favor, não revelam a identidade para não ferir eventuais susceptibilidades? O que levará alguém ao recurso de estratagema tão pouco saudável?

Melhor entendo aqueles que já me têm dito e escrito que, embora até gostassem de o fazer, não poderei contar com a sua intervenção, no espaço derstinado a comentários, exactamente porque se sentem constrangidos por compromissos decorrentes das funções que ocupam. Mas o anonimato? Não, custa demasiado a encaixar. Ou estarei eu a exagerar?

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* Se consultarem o texto original do tal interlocutor anónimo, verificarão que se tratava da Drª Edite Estrela.

1 comentário:

Sintra do avesso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.