[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Campo de Seteais,
tentativas de encerramento
(conclusão)


Todavia, continuando com José Alfredo, “ (…) nada disto consta das Actas, o que é muito curioso. (…) um professor primário que usava o pseudónimo de «Madoro» (…) foi o primeiro a saltar à liça (…) defendendo o pretendido ajardinamento e aceitando um horário que o Sr Conde de Sucena desejava estabelecer para «abertura e encerramento» dos portões (...)".

Ora bem, José Alfredo e um grupo de sintrenses não estão com demasias. Resolvem tocar o sino a rebate, simplesmente, reparem, porque constara que estava vedado o acesso ao Penedo da Saudade. [Que diferença com o que hoje se passa!...] O Comandante dos Bombeiros, Joaquim Cunha, dissuadiu-os à desistência do propósito, convencendo o grupo de que a «coisa» talvez não fosse por diante.E, efectivamente, dispondo de bons amigos na vereação, mexeu cordelinhos no sentido de que o objectivo do Conde de Sucena não avançasse.


Conclusão

Então, agora nós. Pois é, nós estamos de pé atrás e, pelos vistos, muito boas razões temos para isso. O actual e eufemisticamente designado encerramento temporário do recinto de Seteais, baseado em esfarrapados argumentos de preocupação com a segurança dos visitantes, não augura nada de bom. Está encerrado com base numa descarada mentira pelo que, mantê-lo de portões fechados, até meados de 2009 constitui ofensa a toda a população que o demanda. Por outro lado, a posição da Câmara Municipal de Sinta, sintomática e manifestamente ao lado do concessionário do hotel, nada nos tranquiliza.

Aos quase duzentos anos da tríade de tentativas perpetradas pelos aristocratas Marquês de Marialva, Conde de Azambuja e Conde de Sucena, que não tiveram outro remédio senão encolher o rabinho, perante a vontade do povo de Sintra, pretende agora juntar-se o plebeu Espírito Santo. Pretenderá o quê? Esperemos que apenas incluir-se numa inglória tetralogia...

Está nas nossas mãos afirmar se estamos ou não à altura das posições de quem nos antecedeu na tomada de atitudes de defesa do estatuto de livre e público acesso a um lugar que, para os sintrenses, não só é emblemático como também altamente simbólico.




(1) da Costa Azevedo, JOSÉ ALFREDO, Velharias de Sintra, Vol. I, Câmara Municipal de Sintra ed., Sintra, 1980.
(2) Expressão que corresponde a uma das condições exigidas pela Augusta Ordem Maçónica para a Iniciação. José Alfredo foi Mestre Maçon.

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Dr. Cachado

Ontem, na Rádio Sintra, ouvi o vereador da Cultura dizer que as pessoas que estão a favor da reabertura de Seteais são fundamentalistas. Embora não esteja completamente de acordo, não percebo porque insistem em criar um problema se está anunciado que aquilo reabre mesmo. Não é uma questão como as do passado que relatou o José Alfredo. Mas passei por lá e também me pareceu que podiam continuar as visitas. Não será possível um consenso? Façam um caminho com umas baias mesmo improvisadas. Se calhar o Sr. vereador podia dar um toque ao Espírito Santo e iam almoçar e encontravam maneira de acabar com o descontentamento.
Sou do tempo em que o Pereira Forjaz dava um murro na mesa
e não deixava ninguém abusar ou fazer pouco de Sintra. Não sou saudosista mas fazem cá falta pessoas que defendam a terra e não se deixem comer pelos grandes capitalistas. Parece que em Cascais também há um abuso qualquer do mesmo género ao pé do hotel Albatrós. Estamos bem servidos.
Cumprimentos

Artur Sá