[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 1 de julho de 2008

Antena dois,
sinais dos tempos

(conclusão)

Gostar de música não é suficiente para fazer um programa de rádio em que, supostamente, a música ocupe lugar de destaque. Para falar acerca de música, de qualquer espécie de boa música, de música erudita em especial, não basta adjectivar. Então, quando o apresentador se limita a utilizar superlativos, estéril e inadequadamente, não há paciência que aguente. É uma pena que, também nesta rádio, certas colaborações sejam de tão baixa qualidade.

Se quiserem, sigam o meu conselho. Como conheço perfeitamente o horário em que os senhores Guerra, Malaquias e Almeida costumam aparecer nas ondas da Antena Dois, não lhes dou licença para entrarem na minha casa. Em alternativa, se estou mesmo numa de rádio, então sintonizo uma rádio estrangeira. A minha preferida é a Bayerischen Rundfunk. De extrema economia de discurso, a música tem a palavra. Dominando o alemão, acede-se a uma informação musical verdadeiramente excepcional.

Era o que faltava, ter de aturar medíocres e ignorantes, quando é possível não perder tempo e ganhar muito mais. Mas, muita atenção, vamos lá ver se entenderam bem. Não leiam nas minhas palavras a generalização à Antena Dois de um estado de coisas que, na minha modesta opinião, ao fim e ao cabo, é restrito. Afecta, todos os dias, um oitavo da programação, isto é, três em vinte e quatro horas, para além de todos os outros programas em que tiverem a desdita de topar com o senhor Almeida. De resto, a Antena Dois continua a contar com belíssimos colaboradores.

Pois é, sinais dos tempos. Trata-se de um mal nacional e geral. No mundo da cultura, entendida esta no sentido mais restrito do termo, não faltam exemplos de directores disto e daquilo que, tal como os aludidos senhores, estão convencidos de que são informados e cultos, como aqueles que, sendo-o de verdade, se remeteram ou foram compelidos a remeterem-se para discretos lugares onde não tenham que lhes aturar o arrivismo, a ignorância e o atrevimento…

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Prof. João Cachado,

Hoje de manhã estive com mais atenção ao Império dos Sentidos. O senhor tem toda a razão. Conhece o programa «Um certo olhar»? com a Mª João Seixas, Inês Pedrosa, Vicente J. Silva e Luís Caetano? Só apetece propor que o certo olhar ae ocupe dos tais senhores ignorantes que "assaltaram" a RDP. Mas com certeza não iam contra o patrão, o tal Almeida que é subdirector. Mas o director é um tal Rui Pego que também não sei quem é. Antigamente, os directores eram pessoas conhecidas e com provas dadas. Agora devem ser sobrinhos, o tal nepotismo a funcionar.
Obrigado pela sua chamada de atenção. Continuo a aprender consigo.

Saudades do ex-aluno e amigo

Vasco