[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fait divers

Pois é, o pequeno acontecimento, facto de pouca, relativa ou nenhuma importância. De algum modo, também a miscelânea da silly season, este tempo de Verão tão fértil na afirmação e assunção dos mais diferentes disparates. Pois então, se estiverem afim, acompanhem-me nesta referência breve a um fait divers que já conhece vários capítulos.

Confesso-vos que até já andava algo preocupado. Nas duas últimas semanas, depois do insensato, torpe e ordinário ataque ao Engº Baptista Alves [que aproveito para cumprimentar, na sua dupla qualidade de Capitão de Abril e de Vereador da CMS, que me merece o mais profundo respeito pela seriedade do trabalho que vem desenvolvendo], objecto de carta aberta publicada no Jornal da Região, mais nada!

De Monte Abraão, da pomposa Junta de Freguesia da Cidade de Queluz, nada soava. Pelo menos, que eu tivesse dado por isso - e, como calculam, é coisa que não me dá particular cuidado - não havia qualquer sinal daquela patológica sede de afirmação pessoal à qual, no seu perfeito juízo, já ninguém dá o mínimo crédito. Nenhum esbracejar, nenhum alerta que mantivesse aceso o facho de uma querela praticamente esquecida naquelas franjas do subúrbio.

Ontem, porém, regressando de um concerto no Centro Cultural de Belém, ao sintonizar um posto para ouvir as últimas notícias, eis que uma inflamada voz afirmava a primeira pessoa do singular, com tanta ênfase, a propósito de levar um certo processo a não sei quantas instâncias judiciais, nacionais e internacionais, até às últimas consequências, que não tive mais dúvidas. A história estava de volta!

Entendi então a notícia que apanhara a meio. O douto Tribunal de Sintra não dera razão à causa que Monte Abraão julgava procedente. Contra tudo e contra todos, contra a própria ciência que ainda investiga para poder pronunciar-se daqui a uns anos sobre as linhas de muito alta tensão (vd. caso da Faculdade de Farmácia), ei-la, a voz que não deixa perder o filão e lança mais umas palavras de ordem.

Fait divers é isto. De facto, parece mas não é coisa importante. No caso vertente, o facto é absolutamente virtual. Ainda não existe. Está ainda na pasta das dúvidas... Naturalmente, certos profissionais da comunicação social, menos bem preparados, acabam por colaborar no logro, não cuidando de avaliar como alimentam uma novela de qualidade mais que manhosa, ao serviço de interesses facilmente detectáveis.

Apesar da pouca, relativa ou nenhuma importância do facto em si, uma vez que consiga atingir a ribalta do jornal, da rádio ou do canal de televisão, sempre haverá quem perca e quem ganhe com a o quiosque. No caso vertente, não é precisa muita perspicácia para perceber quem ocupa o pódio.

35 comentários:

Anónimo disse...

Já noutro dia lhe chamei a atenção por causa do caso da Adriana Jones que foi de automóvel para a Cruz Alta. Hoje o senhor também não dá nome à Fátima Campos. Também só não percebe quem fôr totalmente tapado. mas tenho de concordar que a mulher deve ter um complexo qualquer de inferioridade que dá o resultado que está à vista.
Acerca da alta tenção, mal por mal antes a lamparina de azeite.
Vão brincar com aquilo que estão a pensar.

Anónimo disse...

Meus senhores,
Seja como for a Presidente da Junta é uma lutadoura, tem o meu apoio e respeito. Não sei se ganha a luta dos postes de alta tenção mas a luta dela é enorme.

A.S.

Anónimo disse...

Tomara que todas as causas justas neste país fossem um fait divers em vez de nem nada serem devido às pessoas terem um medo habitual e inércia contra os poderes. Estou a ver que prefere ter de lidar com as consequências mais tarde, quando finalmente houverem factos concretos devido à lentidão natural com que a ciência evolui. Isso chama-se cobardia.
Não lhe chegam os dados estatísticos e todos os estudos obtidos até então? Não se esqueça que nem todos os tribunais fazem justiça... mas apenas aplicam a lei. Já dizia o outro... y por que no te callas? Aprenda que mais vale estar calado do que falar apenas para demonstrar a sua (tamanha) ignorância.

Anónimo disse...

O seu texto, tal como alguns comentários encomendados por si, só denotam senilidade e pobreza de espírito, para além da enorme "dor de cotovelo" que também mostra ter da Dra. Fátima Campos, presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão. Já sabemos que é comunista. Cada qual come do que gosta, mas daí não reconhecer o excelente trabalho desenvolvido por ela e chamar "fait-divers" à coragem que só ela teve para enfrentar uma poderosíssima REN, mesmo sendo gerida por militantes do seu Partido (PS)? Fizesse você isso no seu PCP que era logo mandado para a Sibéria, perdão, era logo expulso do Partido. Vocês não podem pensar, só executar o que meia dúzia de "iluminados" comunistas ordenam. Tenha vergonha nessa cara, deixe de bajular o Seara, tenha a coragem de lhe dizer na cara o que diz pelas costas (do Seara, claro) e faça qualquer coisa pelo bem estar dos sintrenses ao invés de dizer e escrever tanto disparate. Tem acções da REN? Todos sabemos que por cima da sua casa não passam LMAT. Por esse facto, só porque tem acções da REN e está assustado pela descida vertiginosa das mesmas que esta luta está a causar, justifica esse ódio por Fátima Campos. Ela nunca lhe dirigiu a palavra, que eu saiba. Não dá confiança a pessoas do seu calibre. Só você e os seus camaradas de Partido (alguns) não lhe reconhecem o elevado mérito que tem como ser humano, como política e como autarca.
Fique bem e seja feliz, mas não se meta com quem não se mete consigo.

Manuel Cunha Marques

Anónimo disse...

Uma sugestão ao digníssimo João Cachado.

Deixe lá as linhas de Muito Alta Tensão que, pelos vistos, não lhe causam nenhum problema e deixe também a Presidente de Monte Abraão Fátima Campos no seu espaço a fazer, e bem, o seu trabalho.
Cada um no seu lugar, cada um a responder pelos seus actos.

Mas já agora, e como dá a entender que tem ligações intensas ao Engº Batista Alves (Vereador da CMS e Presidente do SMAS), seria interessante que fizesse sentir ao «seu amigo» da necessidade inadiável do SMAS proceder à substituição das condutas de água mais antigas de Monte Abraão de forma a evitar as constantes rupturas que causam grandes transtornos e prejuízos aos moradores e comerciantes da freguesia.

Contudo, e no que respeita ao processo das Linhas de Muito Alta Tensão, é de admitir que quem não se sinta prejudicado pelos monstros e, eventualmente, pelos seus efeitos em termos de originar doenças, não se reveja no excelente trabalho desenvolvido pela Junta de Monte Abraão no sentido de acautelar a saúde dos humanos e de, em segundo plano, defender o património adquirido pelas pessoas.

Será que alguém gosta de olhar para o horizonte e contemplar grandes monstros (postes) metálicos e, também, pensar que dali podem resultar graves conseqüências para a sua saúde?
O João Cachado gostava?

Desconheço o resultado final desta luta, porém tenho já a certeza que o trajecto seguido até aqui se saldou por um rotundo êxito. As populações afectadas pela prepotência da REN estão mais cientes dos problemas e desenvolvem acções populares tendentes a fazer ouvir a sua voz, as autarquias estão mais atentas ao fenómeno e fazem valer as suas competências e a REN tem a partir de agora, e antes de proceder à instalação de postes, redobrada atenção aos interesses das pessoas.

Anónimo disse...
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Sintra do avesso disse...

Miguel Santos,

Enquanto um determinado facto não tiver substância - como é o caso dos efeitos eventualmente perniciosos para a saúde humana, decorrentes da exposição às linhas de muito alta tensão - sempre será coisa objecto de especulação. E, como já percebi que, no seu particular caso, ignorância e precipitação andam de mão dada, antes que se precipite numa falaciosa sinonimia para o termo especulação, passo a esclarece-lo.

Emprego-o na sua mais imediata acepção, ou seja, na de "estudo teórico, predominantemente baseado no raciocínio abstrato", também como "investigação, análise". Ainda poderia considerar a etimologia latina - «speculatio, onis» - que, curiosa e directamente, aponta para "espionagem" para o "relato de um espião", para "contemplação".
Deriva de «speculare», ou seja, "observar de lugar alto, estar de sentinela, de atalaia, observar, seguir com os olhos, considerar".

Não entenda o que acaba de ler como um alardear de erudição. É, tão somente, o definir do terreno em que pretendo seja tomado o sentido da especulação a que me referi. E, vá lá, também para afirmar e lembrar a qualidade do português que por aqui se cultiva. [A propósito, cuidado com a sua conjugação do futuro do conjuntivo do verbo haver. Terceira pessoa do plural, em "(...) quando finalmente houverem factos concretos (...)". Valha-o Deus!...]

Poderá afirmar-se que a atribuição de «fait-divers», como título do escrito, rouba à língua francesa uma inócua designação que, no contexto da lusa situação litigiosa, é susceptível de acicatar a polémica entretanto gerada. Admito-o.

E que remédio tenho eu senão o de encaixar - mas, naturalmente, sem admitir... - todas as suas aleivosas imprecisões, elas sim, fruto de conhecimentos adquiridos à pressa, sem a serenidade que o estudo cuidadoso propicia? Para lhe responder à letra, teria que lhe apresentar fastidioso rol de apregoadas "certezas científicas" que, passada a espuma das circunstâncias falaciosas, se tornaram irremediáveis falsidades... [E, sinceramente, não estou para me dar a esse trabalho nem você, que está cheio de prejuízos (no sentido de preconceitos...) é merecedor de tal atenção.].

Significa isto que, até inabalável, concludente e inequívoca prova científica, as tais eventualmente nocivas radiações não passam disso mesmo, ou seja, de hipóteses. Queira você ou não, é a própria Ciência que o exige, sim, a Ciência, cuja metodologia é património da universal Cultura.

Afirmar, como você o faz, que advogo uma atitude cobarde é algo tão abstruso que ultrapassa o meu discreto e humilde caso para significar, sem qualquer hipérbole, uma acusação de cobardia a todos os cientistas que tiveram a coragem de pôr em causa as mais aparentes certezas, mesmo no curso dos seus próprios processos de investigação... Olhe lá, entre outros, não ouviu falar em Descartes? Para si, «dúvida metódica» é coisa dispicienda, letra morta? É que, só assim se poderia entender o disparate incomensurável que afirmou.

Se calhar, também desconhece como conjugar, por exemplo, com o caso de Galileo Galilei - considerado o primeiro grande cientista moderno -a cobardia, a falta de coragem, a pouca dignidade, perante as espantosas consequências de uma sua descoberta que, entre outras, também punha em causa a sua própria vida... Mas, também o sossego. Se não sabe, não serei eu a descer até à sua necessidade... Informe-se que, não tenha a mínima dúvida, obterá o melhor proveito.

Entretanto, deixemos que os cientistas investiguem, especulem o que tiverem de especular, durante o tempo que for necessário, para que, no termo dos seus processos, nos possam habilitar, a nós simples mortais dependentes do fruto do seu labor, com as certezas de que carecemos. Para já, como será do seu conhecimento - isto é, se ainda não colocou os antolhos com que se costuma certificar a mais redundante das ignorâncias - para já, escrevia eu, é sabido que de nada vale enterrar os cabos da muita alta tensão. Apenas é mais caro e, quando muito, resolve um problema de ordem estética...

E, ao contrário do que, precipitadamente escreveu, sem cuidar de saber em que provas, efectivamente científicas, radica a minha atitude de absoluta confiança nos processos científicos, continuo a acompanhar, na justa medida das minhas possibilidades, todos os manifestos resultados do trabalho que se vai desenvolvendo nas diferentes latitudes.

O que lhe posso garantir é que, por estas bandas, jamais encontrará o fácil embarque em aventuras lideradas por caudilhos de pacotilha, ao serviço de projectos de protagonismo pessoal, servindo-se dos escadotes do costume...

Como poderá imaginar, tive o maior prazer em lhe devolver - esperando que entenda... - a quota parte de ignorância com que pretendia mimosear-me. E, como todos os ignorantes são tremendamente atrevidos, desde já lhe prometo não responder, se tiver o atrevimento de voltar a uma liça em que, pela mostra do seu comentário, não reconheço o mínimo de gabarito para poder acompanhar-me. Claro que é sobranceria!

João Cachado

Sintra do avesso disse...

A todos os anónimos,

Lembro que, já há uns tempos, deixei de responder a mensagens anónimas, embora a blogosfera se alimente desse material.

João Cachado

Anónimo disse...

Percebo perfeitamente a preocupação de alguns comunistas, tão pouco ou nada se tem falado deles, e quando se fala é pelo pior motivo, a dor de cotovelo é muito forte e mais forte é quando não se tem nada para dizer a não ser balelas.
Já nos habituaram a este tipo de discurso, dizer mal por dizer não custa nada o papel aceita tudo.
Felizmente que ainda temos em lugares de destaque algumas mulheres, que fazem ver a alguns profetas da desgraça e da ignorância assistida, que alguém se move por missão e convicção sem se dobrar a partidos políticos, caso da senhora que está a afrontar o seu próprio partido, em defesa da população que a elegeu, e nesta população estão todas as cores políticas.
Os tempos modernos têm destas coisas, há muito pouca gente que ainda se preocupa com estas situações.
Força e muita determinação é o que falta a muita gente que escreve artigos destes em blogs, já o mesmo não acontece com a Presidente de Junta de Monte Abraão, que vai levar até às últimas consequências o assunto da REN.
A bem daqueles a quem não lhes é permitido acesso á informação, força Presidente!

J.Vinhas

Anónimo disse...

Senhor João Cachado,

Tenho, para mim, que o Senhor João Cachado está tão habituado a ocupar o balcão do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian (vejo-o sentado da minha primeira plateia), que começou a ver tudo de longe, e, ao longe, é costume perderem-se aspectos importantes, tantas vezes os essenciais e mais importantes.

Esta introdução serve, apenas, para lhe dizer que, não só está profundamente errado nas suas convicções, como o excesso de deferência para com alguns elementos da Câmara (seja o Presidente, seja o único Vereador eleito pela CDU) pode ser mal interpretado, e confundido com lambe-botismo. E disso estamos todos fartos, e é coisa de que Sintra não precisa, nem nunca precisou.


O acontecimento que marcou as últimas semanas não foi esta bela crónica (miscelânea e assunção dos mais diferentes disparates), mas o anúncio da decisão do Tribunal de Sintra, relativo ao processo das chamadas Linhas de Alta Tensão.

O Tribunal de Sintra não deu razão à causa que a Junta de Freguesia de Monte Abraão e a própria Câmara julgam procedente, pelo que, contra tudo e contra todos, contra a própria ciência que apresenta resultados concretos sobre o impacto das mesmas na saúde humana, julga improcedente tão nobre causa.

Percebo que o Senhor João Cachado, tão distraido com as temporadas de Viena ou Paris, não entenda o alcance do impacto na vida das pessoas, mas proferir tamanhas barbaridades é inadmissível.

Fait divers é isto.

Sobre Monte Abraão, a pomposa Junta de Freguesia, deveria o Senhor João Cachado procurar esclarecer-se. É que o Município de Sintra não é só o Palácio Valenças, nem a Volta do Duche, e é assim que pessoas como o Senhor João Cachado caem no logro.

É que aquela patológica sede de afirmação pessoal praticamente esquecida naquelas franjas do subúrbio só prova a existência de uma boa autarca, coisa que V.Exa não deverá encontrar nas idas e vindas dos concertos no Centro Cultural de Belém.

Pela muita importância que o facto assume para as centenas de milhar de pessoas afectadas pela infraestrutura (não o Senhor João Cachado, que tem a sorte - ou não - de morar em Sintra), o mesmo atingiu a ribalta nos jornais, nas rádios e nos canais de televisão.

Como disse, e bem, sempre haverá quem perca e quem ganhe com a o quiosque. E o Senhor João Cachado está resumido a essa, com os modestos artigos com que nos brinda no Jornal de Sintra.

E, claro está, não é precisa muita perspicácia para perceber quem ocupa o pódio. Não é, certamente, o Senhor João Cachado.

Para bem de Sintra.

Anónimo disse...

Tenho imensa pena de não poder dar uma resposta ao senhor lá do Blog e sobretudo aos "senhores e senhoras" juízes cá deste burgo que sem qualquer pejo decidem no escuro, porque não há provas concludentes que faça mal. Em primeiro lugar a meritíssima não vive perto de nenhuma torre de muito alta tensão, os filhos da meritíssima, se os tiver, não vão brincar para perto de uma torre de muito alta tensão, como tal é facílimo dizer que não tem problema, não há provas que o justifiquem.

É claro que quando alguém colocou no mercado, há alguns anos atrás, a Talidomida, disse o mesmo. Era seguro, não fazia mal, estava tudo Ok e deu no que deu. Quando se colocou amianto nos revestimentos dos prédios, era muito bom, não tem problemas para a saúde. Hoje gastam-se milhões a abater ou reformular os prédios que levaram esse revestimento. Quando se disse que o uso continuado e excessivo do telemóvel pode acarretar danos para os utilizadores, caiu o Carmo e a Trindade: que não senhor, não havia provas. Agora, os cientista já vacilam sobre o assunto e as opiniões dividem-se. Em minha opinião, não é pelo facto de não haver já as provas, que algo deve ser considerado como lesivo da saúde pública, basta alguém levantar-se da sua douta cátedra e deslocar-se até um local destes para, de imediato, verificar que aquilo não pode ser nada de bom. Ah! Mas claro que a senhora juíza trabalha com factos concretos, não com presunções. E se os factos deixarem de ser presunções e passarem a ser problemas reais de saúde pública? A senhora juíza assume-se como co-responsável? Claro que não o fará. Claro que dirá: "... À altura, com os factos que dispunha, blá blá blá blá."

Em todo este problema, esgrimem-se facções económicas, políticas e/ou partidárias, defensoras dos interesses de quem as patrocina. Não estou interessado nelas, porque sobre elas não tenho a mais pequena confiança. Efectivamente, o que interessa é o que se pode fazer de uma forma racional para impedir que as populações que são afectadas por este problema não o sejam mais, a partir desta data, isto é, que as Câmaras imponham que essas linhas sejam edificadas em locais longe das urbanizações. Que apenas por desleixo, incúria ou por corrupção foram paulatinamente autorizando licenciamentos até ao ponto em que estamos neste momento. Lembro-me, perfeitamente, que quando fui viver para Monte Abraão, as torres de alta tensão estavam lá no alto do Monte, perfeitamente isoladas das habitações. O problema é que alguém, consciente ou inconscientemente, foi autorizando licenciamentos e aprovando loteamentos até se chegar ao ponto em que se está. Mas isto nem sequer é novidade, veja-se o licenciamento de construção nas margens do Rio Jamor, em Queluz. É só lá ir e ver o que lá está feito, em cima de um leito que pode ser cheia a qualquer momento. Quando morrem pessoas, quando bens são devastados, aí os senhores juízes continuam a dizer que não têm provas de nada, continuam a sacudir a água do capote e a dizerem-nos que nos servem "justiça". Como eu compreendo e estou solidário com o Sr.Marinho Pinto.

Quanto a si, cara presidente, já lhe disse e reafirmo, talvez porque não manifeste a intenção de subir e de se colocar num bom patamar da hierarquia do seu Partido, será sempre vista com este tipo de comentários, mas se quer que lhe diga, se me falarem da Fátima Campos sei perfeitamente quem é e de que lado está. Se me falarem desse que aí mitiga ódios de estimação, dir-lhe-ei, que não faço ideia de quem seja, não quero nem saber, mas sei perfeitamente de que lado está.
É tudo por agora.
João Saraiva Coelho

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...

Esqueci-me de dizer que as torres de alta tensão já existiam há cerca de 20 anos em Monte Abraão. As de muito alta tensão foram instaladas agora,ao lado das outras, depois dos edifícios construídos.
João Saraiva Coelho

Sintra do avesso disse...

Manuel Cunha Marques,

Primeiramente, gostaria de o remeter para a minha resposta a Miguel Santos, já que a sua, para todos os efeitos coincide com aqueloutra posição, até no registo ofensivo, algo ordinário, que eu jamais usei. Aliás, devo dize-lo, tenho perfeita consciência de descer a um nível de suburbanidade (na dupla acepção da palavra...)a que não estou habituado. Mas, enfim, como é uma vez sem exemplo...

Atirou você com o barro à parede e não acertou. De facto, não sou comunista. Tenho bons e queridos amigos comunistas, lá isso é verdade. Ainda há pouco tempo, perdi o amigo (comunista, veja lá o problema dele, coitado...) Bartolomeu Cid dos Santos que, tal como eu, tinha amigos em todo o espectro ideológico e partidário.

E, graças a Deus (veja lá, que no meio de tudo isto, também sou Católico, Apostólico Romano...) tenho bons e queridos amigos socialistas - que, verdade seja dita, na maioria dos casos, até não são do PS - também estupendos conhecidos e amigos no PPD ou no BE. E, veja lá o paradoxo, não pertenço a nenhum destes nem a qualquer partido, ainda que me considere e seja justamente considerado como inequívoco homem de esquerda.

Quanto ao Engº Baptista Alves, escrevo e repito o que, oportunamente, tantos engulhos lhe causou, a si, Cunha Marques. Como munícipe interessado na gestão da coisa pública, considero que aquele é um Vereador que desenvolve denodado trabalho em várias vertentes, alguém que só tem motivos para se orgulhar do empenho com que tem servido o concelho, ao longo de tantos anos. É um homem digno, competente, discreto, interessado na qualidade dos serviços que dependem de si e da edilidade em geral.

E, é verdade, um excelente exemplo de capitão de Abril, que serviu a causa sem se servir. Sei do que escrevo. É manifesto e geral o apreço que lhe dispensam. Mas compreendo como, em Monte Abraão, caíram no disparate de vir a público com acusações torpes, apenas dignas do quadro de chicana política em que se movimentam pessoas que, da coisa pública, têm uma perspectiva muito rudimentar e perfeitamente a preto e branco, clubística, limitadíssima.

Infelizmente, nas outras bancadas do executivo, só consigo apontar exemplos congéneres a Domingos Quintas, Lacerda Távares e Marco Almeida. Os outros, ou os conheço mal ou suficientemente bem para não poder escrever coisa idêntica, embora tal não signifique que não os respeite ou tenha motivos para os avaliar com reservas menos abonatórias.

Quanto ao Presidente da Câmara, Prof. Fernando Seara, eu poderia resumir tudo à expressão que, ainda há pouco tempo, usei para titular um artigo que o Jornal de Sintra publicou, acerca do antiquário Henrique Teixeira, da Vila Velha: «é um senhor». Repare que não o é por ter nascido em berço de ouro. Outros conheço, de tão boa estirpe e melhor berço, que são umas realíssimas bestas. E o contrário também, por esse país fora, homens e mulheres do povo que são verdadeiros aristocratas...

O Prof. Fernando Seara, entre muitas outras coisas, merece a minha consideração, quanto mais não seja, pelo caminho que teve de arrepiar em relação ao legado do consulado de Edite Estrela. Bastar-me-ia recordar a hipótese de concretização do famigerado projecto Sintralândia ao qual ele se opôs veementemente, para ter o meu apreço. Tal não significa que, tão frequentemente quanto é patente e publicamente notório, eu não saia ao ataque de atitudes do executivo que não me pareçam consentâneas com o interesse geral.

Um dia, quando me der ao trabalho de explicar como é que se preparava a prostituição de Sintra aos interesses obscuros de uma organização aparentemente apenas interessada em concretizar um parque temático, talvez se compreenda o alcance da posição do actual Presidente da Câmara. Apenas referirei que eu próprio fui ameaçado, às tantas da manhã, com chamadas telefónicas anónimas, apenas porque pugnei contra tal projecto... Mas tal explicação, provavelmente, guardá-la-ei para altura mais próxima de eleições porque, como sabe, a memória é curta...

Como imagina, a primeira coisa que o Prof. Fernando Seara estará à espera é do meu apoio à sua recandidatura... Agora uma coisa lhe confirmo, ou seja, que, ao meu alcance, tudo farei no sentido de obstaculizar qualquer hipótese de réplica da gesastrosa gestão anterior. Claro que valho pouco, apenas um peãozinho, insignificante, um zero à esquerda das partidárias forças pesadas, que vendem candidatos como pastas de dentes ou detergentes...

Fico com imensas dúvidas quanto à sua capacidade para entender este meu discurso tão normal... Ou muito me engano ou, para si, deve ser demasiado sofisticado. À medida da sua fraquíssima preparação cívica, cultural e intelectual, talvez distante do que é o seu baixo nível. Paciência, que posso eu fazer?

Deixo o mesmo recado. Não concedo luta num terreno em que não lhe reconheço o cabedal bastante para a peleja. Se há coisa que não quero é bater no ceguinho. E muito menos, em gente soez, baixa e ordinária. Portanto, não insista. Para o peditório que você subscreveu, a minha esmola não podia ter sido mais condescendente.

Tal como perante o comentário de Miguel Santos, conveio-me terminar com esta nota de arrogante sobranceria, qual moeda de troca para o arrivismo ignorante que evidenciou de maneira tão eloquente.

Aliás, tão desqualificados e desguarnecidos discípulos ou guerreiros, não sei mesmo quem possa ter interesse em recrutar. Enfim, ele há gostos para tudo. E, por outro lado, gente que serve qualquer senhor...


João Cachado

Sintra do avesso disse...

J. Vinhas,

Remeto-o para as minhas respostas aos comentários de Miguel santos e Cunha Marques.

João Cachado

Sintra do avesso disse...

Amaral Lopes,

Mais depressa se apanha um mentiroso... Quem ocupa um lugar na plateia do Grande Auditório da Gulbenkian não consegue distinguir quem se senta na primeira fila do balcão.

Quanto ao mais, remeto-o para o que já escrevi em resposta aos comentadores anteriores.

João Cachado

Sintra do avesso disse...

João Saraiva Coelho,

Remeto-o para as minhas respostas aos comentaristas anteriores.

João Cachado

Sintra do avesso disse...
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Anónimo disse...

Uma sugestão ao digníssimo João Cachado.

Deixe lá as linhas de Muito Alta Tensão que, pelos vistos, não lhe causam nenhum problema e deixe também a Presidente de Monte Abraão Fátima Campos no seu espaço a fazer, e bem, o seu trabalho.
Cada um no seu lugar, cada um a responder pelos seus actos.

Mas já agora, e como dá a entender que tem ligações intensas ao Engº Batista Alves (Vereador da CMS e Presidente do SMAS), seria interessante que fizesse sentir ao «seu amigo» da necessidade inadiável do SMAS proceder à substituição das condutas de água mais antigas de Monte Abraão de forma a evitar as constantes rupturas que causam grandes transtornos e prejuízos aos moradores e comerciantes da freguesia.

Contudo, e no que respeita ao processo das Linhas de Muito Alta Tensão, é de admitir que quem não se sinta prejudicado pelos monstros e, eventualmente, pelos seus efeitos em termos de originar doenças, não se reveja no excelente trabalho desenvolvido pela Junta de Monte Abraão no sentido de acautelar a saúde dos humanos e de, em segundo plano, defender o património adquirido pelas pessoas.

Será que alguém gosta de olhar para o horizonte e contemplar grandes monstros (postes) metálicos e, também, pensar que dali podem resultar graves conseqüências para a sua saúde?
O João Cachado gostava?

Desconheço o resultado final desta luta, porém tenho já a certeza que o trajecto seguido até aqui se saldou por um rotundo êxito. As populações afectadas pela prepotência da REN estão mais cientes dos problemas e desenvolvem acções populares tendentes a fazer ouvir a sua voz, as autarquias estão mais atentas ao fenómeno e fazem valer as suas competências e a REN tem a partir de agora, e antes de proceder à instalação de postes, redobrada atenção aos interesses das pessoas.

Xico Silva

Sintra do avesso disse...

Xico Silva,

o Xico Silva das 0.08 horas de hoje, serviu-se, ipsis verbis, de uma mensagem anónima das 15.16 de ontem. Parece que, à míngua de argumentos - sempre mais disparatados e ordinários que os precedentes ou subsequentes - resolveu repete o vómito.

Incapaz de melhor prestação, regurgita o veneno segregado por outrem. Será possível descer mais? Entretanto, que lhe faça bom preveito...


João Cachado

Anónimo disse...

Senhor João Cachado,

Apenas para lhe dizer que o vejo da minha fila na primeira plateia, quando me digno olhar para cima.

Não de cima, mas para cima.

À distância da primeira plateia, vejo V.Exa e as linhas da morte que atravessam o Concelho de Sintra, tão bem tratado por distintos colunistas e bloggers como V.Exa.

Mentiroso, nunca.

Sintra do avesso disse...

Amaral Lopes,

Conheço aquele auditório há quarenta anos, desde a sua inauguração, tão bem como a minha própria casa. Há muito tempo que tenho assinatura para toda a temporada, para todos os ciclos. Muitas vezes estou no balcão mas, não raro, também ocupo lugar na plateia.

E, quando fico em baixo, na plateia, se olho para cima, para o balcão, com o intuito de distinguir alguém, só serei capaz de o fazer se a pessoa estiver de pé, eventualmente durante o intervalo. Contudo, assim mesmo, não é nada fácil ter a certeza. Convenho que mentiroso não será. Mas, de qualquer modo, muito, muito «forçado».

Enfim, já que me conhece e reconhece, fico aguardando o seu contacto para podermos falar acerca de música. Mesmo agora, no Jazz em Agosto, pode haver oportunidade para o efeito. Mas uma coisa lhe garanto. É que, na Gulbenkian, ou noutro qualquer auditório, no intervalo de recital, concerto ou ópera, jamais o autorizaria a falar-me sobre quaisquer linhas de muito alta tensão. Pelo menos no meu caso, em lugares que tais, só a música é objecto de boa e franca discussão. Se aceitar o convite, terei muito prazer.

João Cachado

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...

João Cachado.
Eu, Xico Silva, por lapso (às 15,16de ontem), não referi o meu nome no comentário que decidi publicar.
Por isso, pelas 0.08 de hoje, achei conveniente fazer uma cópia desse meu comentário acrescentando-lhe apenas o nome.
Entendido.

Xico Silva

Anónimo disse...

Amigo Dr. Cachado,

Estive uns dias fora e, hoje ao consultar o seu blogue, dei com esta linda coisa. Imagino o seu desgosto mas fiquei pasmado como o senhor se dá ao trabalho de responder a gente tão baixa. Não se rale com esses comentários e volte ao problema da grandeza do concelho.

Li o que o Senhor Cravo de Colares escreveu acerca da primeira parte do seu artigo sobre Cascais e Sintra. Concordo totalmente com a opinião dele e, como sabe eu também sou dos que pode contar para o grupo. Se a Alagamares agarrar a ideia não podia vir mais a calhar.

Um abraço muito amigo do

Artur Sá

Sintra do avesso disse...

Amigo Artur Sá,

Como o assunto que refere, respeita a outro post e tendo em consideração que também envolve terceiros (Alagamares), passarei a responder-lhe no espaço referente a comentários do texto em apreço.

Como calcula, estou um bocado incomodado com a falta de nível de que esta gente dá prova. Na realidade, não surpreende. É para tipos tão boçais que governa a classe política deste país. Independentemente do partido que os espalda, os sucessivos governos bem sabem de que é feita a grande massa dos votantes, gente muito primária, muito básica, ideológica e politicamente analfabeta... É vê-los, por aí abaixo, na faixa ao lado, assinando as mensagens de que deu conta.

Sabe que mais? Adoro o meu país, adoro a genuinidade que encontro em muitas zonas do meu país, mas detesto esta «meia-tigelice» suburbana, aquela postura que o Miguel Sousa Távares apelidou de «urbano-depressiva». Enquanto português, cada vez mais, me sinto mais ibérico e mais europeu...

Mas estas são contas doutro rosário. Pois bem, Artur Sá, de acordo com o que acabei de lhe sugerir, passemos ao outro assunto e a outro enquadramento mais saudável...

Até já e um abraço do

João Cachado

Anónimo disse...

Nunca imaginei que em pleno século xxi, 33 anos após o 25 de Abril de 1974, ainda se usasse o lápis azul. Em democracia aprendi que somos livres de emitir a nossa opinião, coincida ou não com a dos outros, desde que não ofenda. Se alguém ofendeu e começou por si, foi você João Cachado. E o seu texto é bastante ofensivo para quem defende as populações que habitam paredes meias com as linhas de muito alta tensão. É gozar com essa mesma população suburbana, como refere desprezivelmente. Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti. Quem iniciou a "guerra" foi você e houve quem, ofendido, respondesse aos seus insultos.
Pedro Madeira

Anónimo disse...

E já que despreza tanto, porque se acha superior, as restantes freguesias do concelho de Sintra, a que chama suburbanas, não fale nelas. Fale de si, dos seus amigos, de música, de Seteais e fique-se por aí.
Pedro Madeira

Anónimo disse...

Almada: Tribunal manda suspender a Linha de Muito Alta Tensão entre Fernão Ferro e Trafaria
06 de Agosto de 2008, 17:51

Almada, 06 Ago (Lusa) -- O Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada assinou hoje um acórdão que suspende a Linha de Muito Alta Tensão (LMAT) localizada entre Fernão Ferro e Trafaria.

No acórdão 269/08, lê-se que a REN -- Rede Eléctrica Nacional terá a partir de hoje, de "abster-se de continuar os trabalhos de implantação, construção, ligação à rede eléctrica e todos os demais trabalhos".

A decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada vem no seguimento da providência cautelar apresentada pelo município e Juntas de Freguesia da Charneca de Caparica, Caparica e Trafaria à REN, no mês de Março, por considerarem que o projecto "Linha de Muito Alta Tensão Fernão Ferro - Trafaria" não respeita a Declaração de Impacto Ambiental.

Além disso, criticaram o facto de o projecto não estar previsto no Plano Director Municipal, por o estudo de impacto ambiental nunca ter estado disponível nas Juntas de Freguesia da Caparica e Charneca da Caparica para consulta pública e pelo facto de o traçado afectar três estabelecimentos de ensino, indo contra a proibição de estabelecer linhas aéreas sobre recintos escolares.

As entidades entenderam ainda que o projecto, que hoje foi suspenso pelo Tribunal, era uma ofensa aos direitos fundamentais, entre eles o direito à saúde, ao ambiente e à qualidade de vida.

PZM/AZV

Lusa/Fim

O que diz, agora, o sábio João Cachado, que sabe de tudo, até de LMAT? Os juízes de Almada estavam todos bêbedos, dirá ele. Em Sintra é improcedente, em Almada é procedente. Será dos juízes, ou de gente mal formada? Parabéns ao Tribunal de Almada e aos juízes que ordenaram à arrogante REN que parasse os trabalhos.
E parabéns à Presidente da CM de Almada que se interessou pelo bem estar da sua população ao contrário de Fernando Seara que se marimbou para a população de Sintra.
Manuel Marques

Sintra do avesso disse...

Pedro Madeira,

Escusado será vir com esse discurso sobre a censura. Não sei se tem ou não idade para saber o que foi a censura em Portugal. Eu tenho os anos, sei em que consistiu, fui vítima da censura, fui vigiado, incomodado várias vezes. Não posso queixar-me porque, como sabe, houve quem tivesse sofrido e, inclusive, morrido para que deixasse de haver censura e se instaurasse um regime de Liberdade em Portugal.

Ainda ontem alguém brincava, atribuindo epítetos de «comuna», com carácter pejorativo, como se ser comunista neste país, antes e ou depois do 25 de Abril, tivesse sido ou seja um estigma. Melhor fora lembrassem que muitos comunistas deram a vida para que todos pudessem falar claro, sem a cobertura do anonimato ou de pseudónimos, prática tão comum na blogosfera.

O senhor sabe muito bem que anulei textos que apenas veiculavam ordinarices. Nada mais. Repugna-me a vulgaridade com que algumas pessoas pautaram intervenções, de um primarismo buçal com que não consigo transigir num espaço cuja gestão me cabe. Neste blogue, só haverá supressão de mensagens que veiculem flagrantes faltas de respeito ou obscenidades.

Quanto ao resto, nada tenho a acrescentar ao que já escrevi nas minhas respostas a outros comentários.

João Cachado

Anónimo disse...

Meus amigos,

Quantas vezes me salta à memória as palavras de Mouzinho de Albuquerque, mais ou menos estas: "Mal com El-Rei por amor dos homens, mal com os homens por amor de El-Rei. Antes a morte".

Não irei falar da morte, que espero bem longe de todos nós, mas do facto de estimar e respeitar as duas Pessoas que andam em choque por causa dos factos e dos comentários. O andamento que este blogue tomou não é bom para ambos e ambos merecem a minha estima e a minha consideração.

Desculpem que dê de barato as pequenas coisas e manifeste o grande apreço que tenho pela Fátima Campos (ela me desculpará de escrever assim) e sua determinação na defesa de convicções, uma coisa tão rara hoje em política. Pode deixar-se levar pelas emoções mas luta e nela podem confiar aqueles que a elegeram e, não levem a mal, os que vivem na sua freguesia. Não ocupa o cargo para receber benesses e o que recebe (quantas vezes minguado)aplica a favor dos seus fregueses. Não mete clubes de futebol pelo meio nem são conhecidas promiscuidades políticas que tantas vezes surgem noutras paragens.

Não deixa de ser significativo que um outro blogue preocupado com o viver de Sintra, se lhe refira com algum cuidado, porque os votos contam para o futuro de muita gente. Não da Fátima e do seu patamar de vida.

A minha homenagem por isso.

O João Cachado é uma pessoa voluntariosa, dedicada a Sintra e não precisa de se calar nas suas opiniões, porque o seu futuro não passa por receber ónus de qualquer espécie.
Mostra, com demasiada facilidade, os seus sentimentos analíticos e críticos, também convicto dos seus conhecimentos.

Admito que um "lapsus linguae" tenho originada esta confusão a partir de declarações da Fátima Campos, que na sua emoção falava na primeira pessoa, facto que quem escuta por vezes escuta noutro sentido.

Mas esta discussão é estéril: Sintra precisa de todas as Fátimas Campos e de todos os Joões Cachados e não que se degladiem ou se sintam tristes um com o outro.

No meio disto, alguém está a rir, pelo menos em privado. Exactamente quem devia ter tomado à partida uma posição na defesa das suas populações, optando por elas face aos desconhecimentos técnicos, porque é assim que se ganham votos.

Um abraço para os dois.

Sintra do avesso disse...

Fernando Castelo, meu caro amigo,

Muito obrigado pela sua intervenção. Na realidade, o autor deste blogue não tem quaisquer compromissos de natureza partidária, não espera que a sua intervenção cívica lhe traga qualquer tipo de vantagem, não tem agenda política, não aspira a qualquer tipo de cargos e está longe, muito longe de pensar que condiciona a opinião seja de quem for.

Sabe o meu amigo e outras pessoas que, para poder manter a independência que tanto prezo e preservo, me permiti recusar a oferta de posições que, necessariamente, limitariam a desassombrada expressão dos textos que subscrevo.

Assim sendo, não preciso preocupar-me com aquilo que é considerado o registo do «politicamente correcto». Tal não significa que seja meu objectivo ofender seja quem for. Mas julgo-me perfeitamente em posição de criticar, repare no verbo, criticar a atitude ou a actuação, até mesmo de um amigo, se, no desempenho de uma actividade pública, considerar que há qualquer incorrecção de sua parte.

No caso vertente, como é público e notório, jamais ofendi ou me permitiria ofender a autarca que, afinal, não foi capaz de desautorizar ser «defendida» por fregueses, cujo primarismo e manifesta falta de educação, muito mais a prejudicam do que protegem. Enfim, fará parte de uma estratégia ou ausência de estratégia cuja avaliação, formal ou informal, mais tarde ou mais cedo, nas mais diferentes instâncias, acabará por se concretizar. Às figuras públicas compete tal preocupação, coisa que não nos dá cuidado, nem a si nem a mim. Já basta o que nos basta...

Permiti-me, isso sim, porque não me parece atitude cívica correcta, por parte de qualquer eleito, criticar o modo como é sobrevalorizada e capitalizada a liderança de um processo. Trata-se de uma causa, efectivamente defensável, mas tão prenhe de contradições e de incertezas, inclusive de carácter científico, que exigiria uma cautela que não tem prevalecido.

Muito pelo contrário, me parece que o evidente protagonismo, apregoado na primeira pessoa à saciedade, acaba por suscitar e mesmo quase autorizar uma tão errónea [admito] quanto desagradável interpretação, de se estar perante um caso de aproveitamento populista enquadrável na moldura da demagogia.

Repare o meu amigo que não estou a apelidar ninguém de demagogo e, tão somente, escrevendo que a atitude pública é susceptível de abrir a porta a tal interpretação. E, como verifica, vou ao ponto de admitir que errónea é a interpretação.

Os políticos têm de ter o maior cuidado com as suas atitudes. Não só com o que dizem mas como o dizem, com que ênfase, em que circunstâncias de tempo, de lugar, atentos às características dos meios de comunicação que utilizam. Seja cuidadosa ou descuidada, a sua pública postura sempre estará sujeita ao escrutínio de qualquer homem livre.

E,como sabe o meu querido amigo - não sendo preciso ir para a biblioteca consultar o bom do Barthes - os destinatários das mensagens só ouvem e observam aquilo que querem, não aquilo que um descuidado emissor pretende que ouçam ou vejam...

Isto para chegar à conclusão de que a crítica que subscrevi relativamente à atitude pública em apreço foi, mais uma vez e unicamente, decorrente dos sinais escrutináveis, prodigamente divulgados pela agente da acção. Portanto, foram as componentes morfológica e de conteúdo do discurso que me permitiram distiguir certas particularidades.

Sou levado a crer que, pelo menos, tenho sido relativamente bem sucedido pois, caso contrário, o espelho que o meu discurso pretende colocar à frente de quem, tão exuberantemente, expõe a sua imagem, não a devolveria com tanta veemência, a ponto de desencadear tão apaixonadas reacções.

Na verdade, meu caro amigo, como diz o povo, quem anda à chuva... E, também, quem não quer ser lobo... Ou seja, todas as actuações são avaliáveis e, normalmente, as atitudes menos convenientes ao próprio agente são-lhe devolvidas através de interpretações que não assumirá de bom grado e, na maior parte dos casos, rejeitará liminarmente.

Vou tentar ser mais claro, trazendo à colação um caso bem concreto e, sintomaticamente, quase desconhecido. E avanço já com uma directa pergunta.
Poderia eu, alguma vez, afirmar que, por exemplo, o Adriano Filipe, Presidente da Junta de Freguesia de São Martinho, tem sede de protagonismo? Naturalmente que não!

E veja o amigo Castelo que o mesmo Adriano Filipe é arguido num processo judicial que lhe foi movido, em termos individuais, na sequência da sua actuação em nítida e legítima defesa dos fregueses seus representados... Outra fosse a sua postura cívica e todo o mundo saberia o ataque de que foi e está sendo alvo...

Ora bem, jamais poderia eu afirmar que este homem tem sede de protagonismo porque, enquanto figura pública e escrutinável em vários domínios, desde o político ao desportivo, o Adriano Filipe «não dá sinais». Tão simples quanto isto! Tal não significa que não seja um homem extremamente preocupado, eficaz, cuja obra ninguém contesta.

Finalmente. As suas palavras sensibilizaram-me muito mas, na verdade, são escritas por um amigo. E, aos amigos, devo perdoar o favor da generosidade. Muito a sério, sem qualquer ponta de modéstia ou ironia, Sintra não precisa nada de mim. Nada! Se deixasse de escrever aquilo que escrevo e de me preocupar com as coisas com que me preocupo - ainda que o faça publicamente - ninguém, absolutamente ninguém sentiria a mínima falta. Quanto muito, alguém seria capaz de estranhar que silenciasse o blogue ou que, semanalmente, deixasse de aparecer a «minha» página do Jornal de Sintra.

Tal como o meu amigo, envolvo-me em causas. Por Sintra, é certo. Mas também pelo «egoísmo» de me sentir fazendo parte de um tempo e de um espaço, pelo «egoísmo» de não deixar escapar esta oportunidade de ser um entre muitos a vibrar pelo mesmo diapasão. Por exemplo, na causa dificílima da cisão do concelho em unidades lógicas, coerentes e governáveis para que, mesmo os actuais opositores, saiam tão vencedores da questão como nós que, há anos, já chegámos à conclusão da inevitável solução.

Um enorme abraço e a gratidão fraternal pela oportunidade que me concedeu de desbobinar estas linhas tão verdadeiras e sinceras.

E a muita estima do

João Cachado

Marco Almeida disse...

Caro Dr. João Cachado,

por ser leitor assíduo do seu blogue, tive a oportunidade de ler, logo no dia 1 deste mês, o seu "fait divers" e alguns dos comentários que entretanto decidira publicar.

Os ataques violentos que lhe foram dirigidos demonstram, tão só, a intransigência de muitos em aceitar argumentos que lhe são desfavoráveis.

Infelizmente, vivemos num país, e Sintra em muitos aspectos não foge à regra nacional, em que a ignorância, a mesquinhês e a falta de educação abundam nos argumentos que se utilizam, alguns a coberto do anonimato, para defender um determinado ponto de vista.

Notei a referência que me fez. Agradeço-lhe por isso.

Estou certo que continuará a escrever e a promover Sintra com convicção. Apesar de nem sempe concordar consigo, tem sempre a capacidade de suscitar a reflexão necessária em torno das minhas próprias opiniões.

Esse é o mérito da inteligência humana.

Bem haja.

Um abraço com elevada consideração,

Marco Almeida