[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O Imperador da Atlântida

(conclusão)

Sintra, a propósito

Então e Sintra? O que tem Sintra a dizer acerca disto? Sintra até nem teria de ficar envergonhada perante este autêntico florilégio de sucesso cultural de Almada. Quem não tiver memória curta recordará que, no Verão de 2005, por ocasião da inauguração da exposição do espólio do pintor judeu alemão Erich Kahn, a Dra Maria Nobre Franco, então directora do Museu de Arte Moderna de Sintra-Colecção Berardo, promoveu um recital de peças musicais da autoria de compositores perseguidos pelo nazismo alemão, por exemplo, Gideon Klein, Ullmann, Schulhoff, cuja obra foi considerada degenerada.

Pois é. A Dra Maria Nobre Franco, como sabem, é uma grande senhora a quem a Cultura em Portugal muito deve, sabe do seu métier, enfim, não é uma qualquer anónima pendurada no cartãozinho, como esses que, aí pelo burgo, vão ocupando os lugares de direcção das casas de Cultura, que deviam dar competentes sinais mas não cumprem capazmente as suas obrigações de produtoras de artefactos. Todavia, tendo feito o que considerou estar ao seu alcance, não conseguiu que, na altura, a Câmara Municipal de Sintra, institucional parceira no referido museu, promovesse o recital através dos meios habituais. E, assim sendo, estavam aí umas trinta pessoas ocupando o grande auditório do Centro Cultural Olga Cadaval. Cuja lotação é de cerca de mil lugares…

Ao contrário da Câmara Municipal de Almada, empenhada na coisa cultural – não perdendo oportunidade, como esta com o Ginásio Ópera, transformando um acontecimento cultural concelhio num caso que teve ecos nacionais – Sintra está bastante doente e não revela melhoras. Querem outro exemplo? Disseram-me que, na tarde do passado domingo, lamentavelmente, a récita da ópera Bastien e Bastienne, de W.A. Mozart, esteve longe de esgotar os pouco mais de duzentos e cinquenta lugares do pequeno auditório. Elucidativo? Bem, para além de lamentável, consegue ser deprimente…

Tenho a impressão que seria caso para propor aos responsáveis, a promoção de um protocolo envolvendo a possibilidade de estágios do pessoal sintrense nos serviços culturais da Câmara Municipal de Almada…

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