[sempre de acordo com a antiga ortografia]
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Paisagem Cultural
A propósito da 2ª Conferência da Aliança das Paisagens Culturais, que decorreu entre os dias 30 de Setembro e 2 do corrente mês de Outubro, várias pessoas se me dirigiram perguntando a razão da minha ausência. Muito simplesmente, resolvi não ir na medida em que me seria muito penoso conjugar os discursos institucionais com a realidade bem concreta de tantos quanto evitáveis desconchavos sintrenses.
Conheço bem os casos das outras paisagens culturais já federadas na Aliança e as candidatas norueguesa e lituana. E, na verdade, infelizmente para Sintra, são bem mais, muito mais positivos do que «os nossos». Aliás, se bem se lembram, não é por acaso que, tanto Sintra como o Douro, ainda não resolveram questões que determinaram a ameaça da Unesco de lhes suspender a classificação...
Não me parece que faltem entidades, quer a nível central quer local, com perfil bastante e adequado à resolução dos problemas pendentes e emergentes. Parece, isso sim, que as existentes não estarão cumprindo as missões e objectivos enunciados nas suas «cartas de intenções». Parece, isso sim, haver um gigantesco trabalho a desenvolver, no sentido da mudança do paradigma de actuação, que contrarie a proverbial, instaladíssima e já institucionalizada «cultura do desleixo».
Felizmente, alguns positivos sinais vão dando alento bastante para continuar alimentando o nosso optimismo militante. Tal é o caso do trabalho que vem sendo concretizado pelo actual Conselho de Administração da Parques de Sintra Monte da Lua. Na realidade, Sintra Paisagem Cultural começa a poder respirar com algum alívio.
É que, pelo caminho que tomava a PSML, nas mãos do biólogo Serra Lopes - cuja data de afastamento de Sintra e da empresa devia ser anualmente saudada e comemorada com o repique de todos os sinos sintrenses - certamente que a classificação atribuída pela Unesco já teria sido efectivamente retirada.
Em vez da grandiloquência dos discursos institucionais, para a qual não há tempo nem pachorra, esperemos que seja efectivamente feito tudo quanto for possível, no domínio das atitudes e actividades concretas afins do preenchimento dos objectivos da atribuição da classificação.
Só assim se estará à altura do empenho de gente a quem, neste e noutros domínios, Sintra tanto deve, como os meus bons amigos Vitor Serrão e José Cardim Ribeiro que tanto trabalharam para a obtenção de tal distinção mundial. Tão poucas são as pessoas cuja digidade, coragem e competência, têm favorecido as boas causas por Sintra, que. por certo concordam comigo, vale a pena lembrá-las de vez em quando.
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6 comentários:
Estimado Senhor João Cachado,
O neo-pedantismo oratório tem conduzido, para nossa lástima, as afastamento de muitos munícipes nos actos públicos da nossa vida que deveria ser colectiva.
Intervalado com umas facécias, a que se adicionam uma ou outra - mais uma do que outra - curvada intervenção de gratidão por qualquer coisa, o discurso mantém um padrão consumista, do género lê depressa antes que vá para a reciclagem.
Graças ao Senhor JC (permita-me este simplismo) tenha acompanhado aquela(s) monstruosidade(s) de Seteais, que seria impensável em qualquer das outra cidades que integram esta novel "Alianza", que não deixará de ser usada até à exaustão na pré-campanha eleitoral que está programada.
O estimado JC, com sacrifício compreenderá que muita gente boa já não tem pachorra para passar por parva de cada vez que é confrontada com discursos enleados.
Ainda se um dia os autores tropeçassem em plena sessão, alguns sorrisos surgiriam na sala para descontracção. Agora ouvir, apaladar e ficar calado: isso não, prefiro ficar em casa e só eu sei porque faço isso.
O JC lembrar-se-à que o Centro Histórico já teve um conjunto de técnicos de elevado gabarito a gerí-lo. Depois mudaram-se do responsável A para o B. Depois para o Pelouro das Obras e por aí fora, sempre sem resultados visíveis.
Mas agora é que é!!! Puxa, desta vez com a "Alianza" é que vai ser, ao mesmo tempo que algum mais estudo estratégico nos irá empobrecer em euros e irá juntar-se aos outros não sei quantos que andam perdidos por gavetas.
Lá bonito é, meu estimado Senhor, mas preferia acções bem visíveis, olhar para a Sintra que é da Humanidade e não minha e orgulhar-me dela.
Resta-me deixar uma pergunta, eu que detesto perguntar o que quer que seja: Até quando teremos disto?
Com todo o respeito,
Diogo Palha
Meu caro João Cachado,
Acabei de ler um seu comentário no blogue http://www.viver-sintra.blogspot.com e ficou-me uma grande preocupação relacionada com quem será o dono da obra. Penso, até, que temos aqui um excelente teste para ver até onde vai o empenho e a vontade para apurar o que realmente está a acontecer, com posteriores notícias públicas a esclarecer, se necessário com uma conferência de imprensa.
Um abraço.
Caro Sr. Diogo Palha,
Ainda bem que volta à lide do comentário no sintradoavesso.
Pois é, estou farto de discursos inconsequentes. Com tanto que fazer, não me posso dar ao luxo de perder tempo em locais onde, para ouvir meia hora de considerações pertinentes, forçoso é aturar dois dias de baboseiras.
O caso de Seteais é bem ilustrativo do divórcio entre a palavra e a acção. Igespar e Câmara Municipal de Sintra, apenas para referir duas das instâncias envolvidas, não cumprem o que delas se espera, não articulam as suas atitudes e actividades, autorizam os maiores desconchavos e, em simultâneo, prévia ou posteriormente, passeiam as suas incapacidades pelos auditórios, em conferências, seminários e similares.
E depois, esperam que as salas se apresentem compostinhas... Ora tenham santa paciência! Repito: não há pachorra! E, segundo deduzo das suas palavras, o Diogo Palha partilha opinião idêntica. Olhe, só não digo «e vão dois» porque, como já deve ter reparado, pelo menos, há mais um parceiro nosso - o Fernando Castelo - a quem vou passar a responder.
Melhores saudações
João Cachado
Caro Fernando Castelo,
Bem pode dizer que a procissão ainda nem ao adro chegou. Só para não estragar a surpresa das primeiras revelações, remeto a resposta para a próxima semana.
De facto, com tanta concentração asneiral, Seteais arrisca a transformar-se no lugar geométrico do disparate em termos de defesa do património.
Eu sei que o senhor acredita mesmo na vontade e empenho institucional para descobrir o que ali está a acontecer. Apesar de tantas provas em sentido contrário, eu também. E só não desisto - julgo que poderei usar o plural - só não desistimos, porque confiamos no Estado Democrático de Direito e não queremos deixar aos filhos, netos, alunos, um testemunho de desistência, ainda que muita seja a descrença.
Esteja atento, amigo Castelo. Escusado será pedir o apoio a um amigo que tantas provas de interesse tem dado pelo bem de Sintra.
Grande abraço
João Cachado
Meu caro João Cachado,
Começarei pelo fim para quase lhe garantir que não vivemos, efectivamente, num Estado de Direito: Nem de Direita!!!
Vivemos, isso sim, num Estado de desrespeito, de irresponsabilização, de competentes amordaçados e de incompetentes convencidos.
Qual a moral pública? Quais os princípios dessa Moral Pública? Um destes dias apresento uma relação do que tem sido alertar e do que tem sido desrespeitado.
Não é que eu queira ser considerado, pretendo e exijo é ser respeitado. Eu, o meu amigo, todos os cidadãos preocupados com a sociedade em si e não com uma qualquer sinecura. Ao menos haja respeito, uma resposta, quem sabe até se um fingimento seria interessante para nos acalmar as mágoas.
Escreve-se, reclama-se, sugere-se, aponta-se, avisa-se, tenta-se prevenir e a resposta é o silêncio ou, quem sabe, mordazes comentários sobre o autores de tais peças.
Resta-me a esperança que acabem por caír de podres mas, infelizmente, por coisa que se vão sabendo, há sempre uma mãozinha para os encobrir, para nos baralhar com a lábia utilizada.
Até onde isto irá parar? Vamos a ver, ainda estamos muito novos e, com a velocidade a que as coisas correm hoje em dia, pode ser que rapidamente também se vejam resultados.
Um abraço
Meu Caro Fernando Castelo,
Em primeiro lugar gostaria de, mais uma vez, saudar a coragem que as suas palavras revelam, denunciando, sem qualquer subterfúgio, uma cada vez mais preocupante situação de lodaçal institucional em que tem caído a administração e gestão da coisa pública.
Como sabe, sem que, por parte dos cidadãos, funcionem os mecanismos de controlo cívico, que a própria democracia pressupõe, o viver democrático arrisca transformar-se num arremedo carnavalesco quando não numa autêntica perversidade.
O acomodamento, o adormecimento dos munícipes e fregueses, potenciados por elevadíssimas taxas de analfabetismo pleno, funcional e por uma galopante iliteracia, agravam um quadro que só convém aos «habilidosos».
Seguidamente, venho corroborar o desencanto pelo «despacho» com que são tratadas as denúncias de todos quantos, apesar de tanta dificuldade, ainda insistem, persistem e não desistem de dar o contributo que gostariam de ver correspondido com o mínimo respeito. Como nós, pois claro. Como não entramos nos joguinhos com que, afinal, se cobrem de ridículo essas «figuras de referência» da defesa do património de Sintra, as «autoridades» ordenam que uns certos títeres de serviço nos entretenham. Concordará o meu amigo que o melhor é desenganarem-se se esperam que, com tal estratégia, nos empatam...
Um abraço do
João Cachado
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