BPN,
algumas perguntas
Se, por um lado, ninguém duvida que o caso do Banco Português de Negócios ainda vai dar muito que falar, por outro e para já, alguns comentadores se interrogam quanto à pressa que houve em consumar uma solução de nacionalização da instituição bancária em apuros, como se esta fosse a única alternativa à proposta apresentada ao Governo pelo Dr. Miguel Cadilhe.
Certamente que os peritos se pronunciarão acerca desta e doutras pertinentes questões cujo sofisticado perfil técnico deveria suscitar ao cidadão comum a prudente reserva em relação a comentários, mais ou menos alinhavados, ao correr da desagradável sensação de ver sair-lhe do bolso uma grossa maquia, comterão portado como pessoas de bem.
Enfim, sendo inegável que a nacionalização do BPN é um facto irreversível, ao ignorante e pagante, inescapável contribuinte, apenas resta a possibilidade de colocar uma ou outra inocente pergunta, sem a preocupação do enquadramento técnico, nas suas vertentes económica, financeira ou jurídica.
Nestes termos, uma primeira interrogação. Muito eu gostaria de saber quanto dinheiro se teria poupado aos cofres públicos se o inefável Dr Vitor Constâncio tivesse actuado, a tempo e horas, conforme dele seria de esperar, na qualidade de supervisor da banca portuguesa, ou seja, uma das poucas competências que lhe resta depois da entrada do país na 'zona euro'.
Por mais que se apresente, quer ao Parlamento quer aos media, encolhendo os ombros e com aquela capa de santo de pau carunchoso que ningém convence, faz a figura tristíssima de alguém que não cumpriu o dever e que prevaricou por palavras, actos e omissões. Tão simples como isto. Dobrado é o escândalo por ser tão principescamente pago, há tantos anos, para tão medíocre prestação de serviço.
Seguida e finalmente, porque não se limita a intervenção do Estado à garantia das verbas que anónimos cidadãos, por esse país fora confiaram a pessoas cuja duvidosa honestidade está sendo sujeita à tardia devassa do Ministério Público? É que, para além do anónimo depositante, ninguém deveria merecer esta consideração de segurança. Os accionistas? Não, de modo algum. Resolveram investir no BPN? Pois fizeram um mau, um péssimo negócio. Que aguentem com as consequências!
Estarei a pensar mal? Parece que não. Tanto mais que, agora, no caso do Banco Privado Português, o inefável governador do Banco de Portugal e o medíocre (classificação do Financial Times) Ministro das Finanças consideram que não se lhe deve acudir porque a actividade da instituição em apreço se articula com especulação na Bolsa. Então como é? Num caso vai acudir-se aos interesses dios accionistas, a coberto da figura da nacionalização e, no outro descartam-se?
Concordando com a segunda posição, como entender a primeira?
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