[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cascata de enganos

Na edição comemorativa do seu septuagésimo quinto aniversário, publicou o Jornal de Sintra, em 7 de Janeiro de 2009, um artigo de Edite Estrela, subordinado ao título Centro Cultural Olga Cadaval, caracterizado por evidente propósito de propaganda pessoal. A série de imprecisões que contém, merece os seguintes reparos:

Quanto às instalações:

- O auditório menor do CCOC não dispõe, como afirma a autora, de trezentos e cinquenta lugares mas, isso sim, de duzentos e setenta e seis. [Aliás, a propósito, conviria lembrar que:

- o edifício em questão, inaugurado a tempo e com a preocupação de poder ser invocado como «obra» da edil, só aparentemente, poderia ser considerado concluído, quanto mais não fosse, e, tão somente, na vertente mais conhecida, do grande auditório como sala destinada à apresentação de eventos musicais. A atestá-lo, o facto de, ao tempo, tal espaço nem sequer ter sido dotado da concha acústica, dispositivo cuja ausência teve como natural e fatal consequência a falta de qualidade sonora dos espectáculos ali levados a efeito, durante o período de tempo que mediou entre a inauguração e os cerca de dois anos que levou o actual executivo municipal a dispor da verba de cerca de cinquenta mil contos (duzentos e cinquenta mil euros) para suprir tal equipamento. Incrível mas autêntico;

- outra falha de concepção do projecto, que nem Edite Estrela nem os restantes Vereadores souberam colmatar, reside no facto de o edifício não dispor de uma adequada plataforma através da qual os veículos possam encostar para expeditas operações de cargas e descargas. Trata-se de uma falta de tal modo flagrante e importante que, enquanto não for reparada, compromete totalmente a rentabilidade comercial do grande auditório pela impossibilidade de receber produções internacionais de espectáculos de teatro, ópera, circo e de outra índole, que circulam em camiões TIR os quais, devido às suas avantajadas proporções, não têm qualquer hipótese de aproximação;

- tudo «isto» para além do clamoroso erro de não ter providenciado o parque de estacionamento adequado à capacidade do Centro que continua a causar os maiores problemas de segurança de pessoas e bens].

Quanto à figura da patrona:

- Exactamente por se tratar de um artigo de divulgação, dificilmente se aceita que a actividade mecenática da Senhora Marquesa de Cadaval, pela pena de Edite Estrela, tivesse sido circunscrita ao Festival de Sintra. Bastaria mais uma ou duas linhas para ter referido, por exemplo, apenas no âmbito musical, a sua inestimável actividade como presidente da Sociedade de Concertos de Lisboa, o acolhimento na Quinta da Piedade, sob sua responsabilidade pessoal, de músicos provenientes de países da Europa de Leste, o patrocínio de jovens músicos, etc;

- A Senhora Marquesa de Cadaval era natural de Turim e não de Veneza, como afirma Edite Estrela, certamente confundindo o facto de a família ter um palácio na cidade dos Doges, em pleno Grande Canal, e de ela própria ser descendente directa de sete dos Doges da ancestral família Mocenigo;

- A Senhora Marquesa de Cadaval, Olga Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo (Turim, 17.1.1900 – Lisboa, 21.12.1996), faleceu com 96 anos e não com os 106 que Edite Estrela, com tanto desvelo, mas descuidadamente, lhe atribuiu. Afinal eram erros escusados. Bastaria ter consultado o «sítio» da Internet do próprio Centro Cultural Olga cadaval onde tudo está certo e conforme.

Também, relativamente à figura de Fernando de Sax Coburg-Gotha, Edite Estrela poderia ter evitado referir a origem bávara. Não é um erro crasso mas pode suscitar equívocos porque, em primeiro lugar, a Baviera de então não coincide com o estado federal bávaro dos nossos dias. Por outro lado, parte das propriedades familiares do príncipe insere-se, actualmente, na República da Eslováquia. Em termos mais gerais, não teria incorrido em equívoco se escrevesse ‘príncipe germânico’. Há, no entanto, quem prefira uma atribuição de sentido mais restrito, designando-o como provindo da região da Turíngia.

Lamentável é que alguém com a responsabilidade de Edite Estrela se permita tais descuidos. Nada disto é demais, nada disto é preciosismo, tudo isto se deve por respeito à verdade histórica e à memória de pessoas a quem Sintra tanto deve.


NB:


Um resumo deste texto, com o mesmo título, sairá amanhã na edição do Jornal de Sintra, na «6ª Coluna».

3 comentários:

Anónimo disse...

Dr. Cachado,

A Dra. Edite Estrela no artigo que o "Jornal de Sintra" publicou só confirma os descuidos como governou o concelho nos oito anos antes da actual câmara. O senhor fez muito bem apontar os erros que um estudante do liceu se calhar não fazia. Cumprimentos,

Artur Sá

Anónimo disse...

A Edite é uma provinciana como o Sócrates e grande parte dos políticos. Dizem asneiras, escrevem asneiras e estão convencidos que vieram das berças de Carrazeda e do Fundão salvar a pátria. Mais ou menos como o Salazar. Só que o António tinha categoria. Até como ditador ele tinha nível e a Edite e o Sócrates como democratas são horrorosos.

V. Janeiro

Anónimo disse...

E o Janeiro é um saloio....então e o actual presidente é o quê?Um iluminado de Viseu?