[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


No Beco das Laranjeiras

Não queira saber como tudo me correu mal. Tive as férias completamente estragadas. A minha Carminho tinha-me gravado uma data de episódios da telenovela, que aqui não consigo dar vencimento, pra ir vendo, que sempre tenho um bocadinho mais de tempo quando vou pró Algarve. Pois não me deixaram sossegada.

Veja bem. Uma manhã bem cedo toca-me o telemóvel. Era a D. Zefa. Que a D. Necas, ali do 7 da Travessa, andava a dizer no Beco que me tinha ouvido a falar com a D. Ivone, acerca da filha do Senhor Barros, que tinha ido pró hotel da Parede com o filho da Berta, aquele que anda na faculdade, a marcar passo há uma data de anos.

Ó D. Nelinha, eu não digo que não tive a tal conversa com a D. Ivone. Até lhe digo mais. Se calhar tive. Mas o que se passa na casa de cada um é sagrado. E, se a D. Necas ouviu, é porque escutou à janela da minha casa que dá mesmo prá rua. Tá a ver? Não pode uma pessoa estar descansada em sua casa que se ouve tudo.

Com aquele telefonema, a D. Zefa estragou-me as férias. Palavra de honra. Olhe, nem tive mais gosto para ver as telenovelas, nem nada. Já disse ao meu marido que, quando formos de férias, desliga-se o telemóvel e falamos prá família a horas combinadas. E, com respeito à janela que dá prá rua, já mandei pôr vidro duplo. Olhe, D. Nelinha, não é barato, mas fico descansada.


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Sintra – Eleições Autárquicas

MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES

Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.

Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.

Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.

Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.

Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.

Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.

Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece

Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.


Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009-09


João Cachado
Fernando Castelo

4 comentários:

Artur Sá disse...

Caro Dr. Cachado,

Mais uma vez, muitos parabens pelo seu texto de hoje. De facto temos um Presidente da República com mentalidade e conversa de senhora vizinha. Eu estou envergonhado porque em trinta e cinco anos de vida democrática nunca tivemos em Belem alguem com tanta falta de nível. Vi e ouvi aquela comunicação ao país e nem queria acreditar.
Em quatro parágrafos o Dr Cachado acertou como ninguém: aquilo é conversa sem qualquer nível de dize tu direi eu, que não se imagina partir de um presidente. Em Portugal ainda tínhamos de passar por isto.
Um abraço

Artur Sá

Lourdes Fontes disse...

Ao princípio não estava a ver onde era este Beco das Laranjeiras mas depois compreendi que pode ser um certo lugar muito PSD... O nível da comunicação de ontem ao país é exactamente igual ao do texto que o João Cachado inventou e da chinela para onde puxa o pé ao presidente que também come com a boca aberta... Aquele pedaço de telejornal das oito vai ficar para a história, não tenha dúvida. Também faço como Artur Sá e dou-lhe os meus parabéns.

Lourdes Fontes

Salvador Telles disse...

Só nos faltava que em vez de PR tivéssemos a sopeira do PR na chefia do Estado. Não há dúvida aquilo não foi uma comunicação à altura de um PR mas sim da mulher a dias. O seu texto está uma maravilha e faço como os outros, dou os parabéns.
Salvador

Pedro Soares disse...

Quando as senhoras vizinhas se zangam pode dar uma grande zaragata... Se calhar a esta hora as duas senhoras vizinhas mais famosas cá do beco andam à canelada...

Pedro Soares