João Cachado - Sintra
Megalomania regaleirense
No passado fim de semana, 24 e 25 de Outubro, a Cultursintra/Quinta da Regaleira promoveu um colóquio internacional subordinado ao tema Moradas Filosofais, Princípios e Métodos da Arte Real. Para o efeito alugou o grande auditório do Centro Cultural Olga Cadaval cuja lotação é de 1005 lugares.
Na véspera do evento, as inscrições apontavam para uma participação que não chegaria à meia centena de pessoas. Apesar do fiasco absolutamente monumental o colóquio realizou-se. Não vem ao caso se o programa era ou não aliciante. Também não interessa se a promoção foi capaz. De igual modo, para a economia deste apontamento, pouco interessa como decorreram os trabalhos.
Sabe-se, isso sim, que nada se notou na Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, Bairro das Flores, Rua Câmara Pestana, vizinhanças da Estefânea, sempre tão causticadas pelo estacionamento caótico, quando algo de minimamente expressivo se realiza no CCOC. De facto, o sossego que, desta vez, reinou por aqueles lugares, apenas denunciava que as muitas centenas de pessoas esperadas pela Cultursintra/Quinta da Regaleira não se sentiram desafiadas.
Ficar-me-ia por aqui se este tão flagrante episódio de megalomania fosse o único sinal de intranquilidade vindo das bandas da Regaleira. Se bem lembrados estão, ainda não há muitos dias, trouxe a estas páginas uma cena pouco edificante, protagonizada pelo administrador delegado da mencionada empresa. Em pleno acto de lançamento público de um livro do Dr José Manuel Carneiro sobre a Pena, fez uma intervenção de tal modo extemporânea que estragou a cerimónia. Comentou-se que fora uma questão de bicos dos pés…
Finalmente, assunto muito mais preocupante, o projecto de instalar na Quinta da Regaleira, intra muros, um parque de estacionamento para cerca de trinta viaturas, coisa perfeitamente aberrante mas que terá tido o parecer favorável do Igespar e recebido o acordo do executivo municipal de Sintra. E tudo isto para além das atitudes de prepotência que, ainda no domínio do estacionamento junto à Quinta, tive oportunidade de denunciar já há alguns anos.
PS:
A propósito da Regaleira, lembraria alguns textos aqui publicados: Quinta da Regaleira, insegurança institucionalizada, 07.10.07; Regaleira, os senhores da ilha, 23.10.07; Da Regaleira, o desgosto, 05.11.07; Cívica denúncia, 30.11.07; Pena, Regaleira, acessos & civilidade, 05.12.07; Parques de estacionamento, por favor, 06.11.08; Amargas amêndoas culturais, 23.04.09; O quê? Onde? Sim, na Regaleira, 09.07.09; Capital do quê?, 01.09.09; Em bicos dos pés, 05.10.09.
Neste acesso, por ordem cronológica, em relação aos escritos mais recuados, gostaria tivessem em consideração que a atitude da força policial se modificou radicalmente. Hoje em dia, se mais não fazem é porque, de facto, não podem.
6 comentários:
Caro João Cachado,
Sempre oportuno. A Cultursintra afirma-se como promotor de Cultura mas o seu gerente (ou administrador-director-gestor?) é pessoa muito controversa. Estive a ler o seu texto «Regaleira, os senhores da ilha» de há dois anos neste blogue que desconhecia e que confirma a impressão desagradável que tenho dessa pessoa.
O resto imagina-se. O vereador da cultura da CMS é um homem estimável mas não está ligado à Cultura pelo que não se estranha que o gerente da Regaleira o "meta debaixo do braço"... Há anos que vai fazendo mais ou menos o que lhe apetece sem que o vereador soubesse metê-lo no seu lugar incapaz de fazer frente a iniciativas sem qualquer impacto local, na zona metropolitana de Lisboa ou a nível mais alargado.
A megalomania é só uma vertente da personalidade de um desconhecido que incomoda muita gente. «Em bicos dos pés», o seu outro texto de cinco do corrente que reproduz o comentário de um anónimo é ilustrativo de quem está desejoso de notoriedade. A arrogância também, do senhor da ilha. Não se percebe o que está o Seara à espera para pôr a andar o indivíduo.
Álvaro Teles
Pego precisamente na última parte do comentário anterior de Álvaro Teles. Acho que o Dr. Seara não se mete na questão por receio de colidir com uma certa organização maçónica. Toda a gente em Sintra mais ou menos bem informada sabe que a direcção da Cultursintra se relaciona com uma organização maçónica sem expressão nenhuma em Portugal. Vai-se a ver e a adesão que o administrador da Cultursintra conseguiu para o Colóquio deve corresponder à implantação fraquinha do pequenino grupo de maçons a que ele pertence. Coitado do homem só lhe resta mesmo a megalomania em consequência do seu complexo de inferioridade.
C. Sousa
É tudo uma questão de retirar os macacos dos galhos que ocupam por engano. O homem da Regaleira é um macaco que deve saltar do galho. O vereador da Cultura é outro macaco que deve saltar do galho. No dia em que estes dois macacos forem substituídos por macacos capazes deixa de haver megalomania de uma parte e receio da outra que leva a concordar com projectos que não servem para nada a Sintra.
Rui Silva
Do habito de se por em bicos dos pés, o "senhor" da ilha passou a dar tiros nos mesmos, e desta feita á grande e á francesa, com o dito colóquio do fim de semana passado. Foram cerca de meia centena de participantes? Quantos desses tantos pagaram inscrição? Quanto terá custado o aluguer do grande auditório do Olga de Cadaval? E a vinda e estadia dos oradores estrangeiros foi graciosa? Duvido! Este caso, o da "gestão" da Cultursintra já merece uma investigação do DIAP/TIC. Acho muito estranho que o PS junto com a CDU tenham feito, no decorrer desta "gerência" useira e danosa, um lindo coro de mudos mas não surdos. Obrigado Sr. Cachado por nos dar a conhecer também os podres da nossa terra.
Jacinto J. Jalon
A Regaleira em boas mãos podia estar efectivamente ao dispor das gentes de Sintra que foi para isso que Edite Estrela programou a aquisição. Assim é uma escola de vícios, má gestão e sorvedouro de dinheiros próprios e alheios. Depois de ler o comentário de C. Sousa fui tentar saber que maçons são esses da Regaleira e soube que não têm nada que ver com a Maçonaria Portuguesa do Grande Oriente Lusitano mas com a Casa do Sino (Nandim de Carvalho, Zoio, etc, mais negociantes do que outra coisa...).
Se o gerente da Regaleira também é dessa escola de negociantes deve ser muito mau para se meter num negócio como o colóquio do fim de semana passado no Olga Cadaval que deve ter sido uma ruína e grande rombo nos dinheiros da firma. De facto o Dr. Seara tem de intervir e acabar com essa maçonaria de trazer por casa.
Luís Lima
Se fosse apenas o fiasco do colóquio. Os esquemas por lá são muitos, dá a impressão que o gerente é muito criativo nesse aspecto. O Dr. Seara tem de retirar o cargo a esse fulano, pois corre o risco de um dia ter de assumir as consequências da gestão danosa do seu gerente.Penso que dada a gravidade do que se passa na Culturasintra esta vaga de dedos que apontam a tragédia vai virar tsunami.Fora com o encantador de víboras, não é minimamente digno para ocupar tal cargo.
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