[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sintra,
desleixo capital



Apenas quatro parágrafos para, mais uma vez, trazer um assunto que, de modo algum, é novo nestas páginas. Trata-se da patética campanha Sintra, capital do romantismo* que, despudoradamente, a Câmara Municipal insiste em promover, depois de, por más decisões e omissões, se ter constituído como entidade que mais contribui para a degradação de locais paradigmáticos das três freguesias da sede do concelho onde se concentram as características mais românticas jóias da coroa.

Capital de quê? Do romantismo? Claro que não sabem do que falam. Claro que se trata da mais atrevida ignorância, a galope no pacóvio desdém pelo estudo de coisas tão sérias como as que se conotam com a noção de romantismo que tanto se articula com o pródigo ecletismo revivalista sintrense. E, na realidade, o romantismo até tem, não uma, mas várias capitais. Mas noutras latitudes. Em países civilizados… Aqui, não.

De facto, noutras mãos, com gente outra, informada, culta, interessada – numa atitude de dedicação total [lembram-se do slôgane da campanha eleitoral?...] – na gestão dos destinos desta comunidade, Sintra até teria condições para o efeito mas, de há muitos anos a esta parte, é guitarra demasiado sofisticada para as unhas da tão desqualificada gente que tem tentado tocá-la…

Veja-se, a título de exemplo inequívoco, o caso da Sintra Garagem cujas sobras de telhado desabaram, há poucos dias, escandalosamente, em pleno coração da Estefânea, continuando a pôr em risco pessoas e bens. Reparem que, em Maio de 2004 – há seis anos! – o Presidente da Câmara me garantiu que tinha acabado de assinar um despacho que resolvia o assunto em definitivo. Valha-nos Deus!

Sintra, capital de alguma coisa? Só se for da cultura do desleixo


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*Neste blogue, ler os textos publicados nos dias 21.10.09,04.09.09, 01.09.09, 17.08.09 e 20.07.09.


5 comentários:

Anónimo disse...

Capital do Romantismo!!! O Sr. Seara agora voltou-se para a "stand up comedy". É um patusco! A quando da apresentação oficial deste brilhante projecto, informou-se que iriam estar disponíveis uns, espécie de,"fascículos" que as gentes àvidas de "romantismos" viriam a coleccionar, anexàveis a um pequeno dossier de argolas fácil de transportar nos seus passeios romanticos... É preciso dizer mais? Aplauso, grande a estas(es) anafadoas(os)doutores que dos seus departamentos emanam tanta luz!
VERGONHA!!! Sabem o que isso é?
Cego de tanto brilhantismo

Carlos Távares disse...

A ignorância em Sintra é muita e atinge o próprio vereador do turismo que já foi governador civil de Lisboa e que fala tão mal como os miúdos da escola. O Dr Cachado escreveu há tempos que havia um vereador que dizia "pusi-o" em vez de pu-lo. Não é preciso ser muito inteligente para perceber quem é o tal vereador... A campanha «Sintra, capital do romantismo» é do pelouro do turismo, uma campanha de ignorantes que só atinge os ingénuos que não souberem defender-se.
Carlos Távares

Anónimo disse...

Sintra também é a capital dos saloios que resolveram votar no Seara que percebe só de o futebol. Nem ele nem o vereador do turismo sabem nada de romantismo mas julgam que os turistas vão nestas tretas da capital de não sei o quê. Os problemas do romantismo a sério interessam a gente como João Cachado, José Cardim e Vitor Serrão. Mas os turistas não são todos parvos nem ignorantes a que basta acenar com a capital do romantismo para irem todos dormir para o Tivoli e Seteais e Lawrence. Arranjem as ruas, as estradas, os jardins, as fontes e os caminhos e limpem os prédios e façam obras onde for preciso pôr tudo arranjado. Só é preciso fazer a mesma coisa que os espanhóis, franceses, alemães e outros países que sabem promover turismo.
Salvador Telles

Rui Hilário disse...

Desleixo. Incompetência. Oportunismo. Pouca vergonha. Escândalo. Desgraça. Mais palavras? Para quê? São artistas portugueses e está tudo dito. RH

Anónimo disse...

Depois de aqui lêr alguns comentários um tanto àcidos em relação ao projecto Sintra Capital do Romantismo, procurei averiguar se havia razão para tanta polémica. Acedi àquele que penso ser o sitio oficial na internet e fiquei de queixo caído como se costuma dizer, não é que nos propõem um precurso místico a iniciar-se com um pequeno almoço num dos cafés do centro histórico, onde só faltou aconselhar-se a "tosta-mística" e depois as banalidades do costume. É para isto que serve o milhão e tal de euros que a CMS diz investir no projecto? Daqui a 4 anos vai estar tudo na mesma, mas o milhão, esse esfumou-se nas brumas românticas.
Angela Cardoso