[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sintra Garagem


Parte Três


Além da danceteria – sem dúvida, um dos pratos fortes mais geradores de dinâmica – contaria com a mais actualizada das ofertas de animação cultural, nos domínios da informática, do audiovisual, das artes performativas de formato reduzido, e até de pista de gelo, como sui generis componente desportiva, de recreio tout court.

Pelo menos, no que me toca, não tenho qualquer pretensão quanto à reivindicação de originalidade. Limito-me a sugerir o que tenho visto. Por onde costumo andar no estrangeiro, em especial na Áustria, o que não faltam são espaços que tais. Não direi que constituem o meu lugar geométrico de diversão mas, naqueles onde já entrei, sempre aprendi algo de novo e enriquecedor.

Por outro lado, uma vez devidamente adaptado às exigências da vida urbana civilizada, nomeadamente no que concerne a necessidade do controlo acústico, no sentido de evitar a poluição sonora para o exterior, susceptível de causar o desconforto de terceiros, não tenho a menor dúvida de que o espaço da antiga Sintra Garagem poderia transformar-se no pólo civilizado de animação juvenil de que Sintra tanto carece.

Todavia, tenham em consideração que isto nada tem a ver com uma Casa da Juventude. Trata-se de um dispositivo com valências lúdicas especificamente vocacionadas para este grupo de destinatários, funcionando num horário muito alargado, que pressupõe o enquadramento logístico não só de comércio de restauração mas também de outro, bastante diversificado.

Assim sendo, os pequenos e médios empresários locais, cuja presença no projecto seria de inequívoco interesse, juntar-se-iam aos especialistas, ligados às grandes marcas, nacionais e internacionais das fileiras comerciais mais relacionadas com a s actividades previstas. Portanto, desde logo, haveria a acrescentar um nada desprezível factor de animação comercial, numa zona que, por enquanto, está moribunda há tempo demasiado.

Quanto à concretização de tal empreendimento, em especial no que se refere ao financiamento, só há duas hipóteses: ou se deixa funcionar o mercado e a livre iniciativa, ou a autarquia, ela própria, desencadeia e se encarrega de tudo quanto é necessário para o levar a bom termo.

Cumpre ter em consideração que, no âmbito do município, até há uma empresa, a SintraQuorum, com perfil para agarrar a ideia e explorá-la em todas as coordenadas. Julgo que seria de equacionar e privilegiar esta modalidade, para operacionalidade da qual nada me custaria ver a autarquia vir pedir aos munícipes a verba necessária. E, se assim fosse, também poderíamos ficar muito mais descansados em relação ao controlo da grande qualidade que um empreendimento deste calibre pressupõe.

Opção inevitável

Não esqueçam que é de cerca de seis milhões de Euros o montante que, escandalosamente, a Câmara pretende gastar na polémica aquisição da Quinta do Relógio, sem sequer anunciar o custo das sofisticadas obras de recuperação do edifício principal e na ausência programa de ocupação que a autarquia perspectivaria.

(Continua
)

3 comentários:

Margarida disse...

Fantásticas ideias,Dr João, com as quais estou totalmente de acordo;será que ninguém na autarquia será capaz de as ter em conta?Seria bom galvanizar um movimento e cidadãos para tal,não acha?E que tal criar uma causa ou uma petição no facebook?
Apelando à participação cívica, porque não uma consulta pública,ou um concurso de ideias?é claro que em primeiro lugar, terá de se avaliar a forma de passar o edifício para o domínio municipal.

Anónimo disse...

Concordo com tudo o que propõe - ideias fabulosas que seriam sem dúvida um êxitos, menos a pista de gelo. Acho que valia mais apostar em actividades que tenham mais haver com a nossa cultura e clima. Andar de patins num ringue é tão ou mais divertido que patins no gelo!goes

Sintra do avesso disse...

Minha Cara Margarida,

Muito obrigado pelo seu acolhimento tão caloroso à ideia que decidi apresentar. Coloca um problema que escapa à minha capacidade de gestão. Eu não percebo nada de petições. Quem faz o quê, onde, quando, como? Não sei, não domino mas, como calcula, adorava que houvesse alguém capaz de pegar na ideia e de a lançar tal como sugere.

Tinha pensado contactar a direcção das escolas do concelho, associações de professores, associações de estudantes, as organizações locais da juventude de cada Partido, os grupos de escuteiros, representantes da Igreja Católica e de outras religiões, as associações empresariais, exactamente com o objectivo de lançar um movimento de opinião afim da discussão do assunto.

Naturalmente, poderei preparar o(s) texto(s) da petição. Mas, minha boa amiga, «cada macaco no seu galho» e, por outro lado, mesmo que seja bom sapateiro, não devo ir além da sandália...

Como a Margarida conhece uma data de jovens que sabem imenso destas tecnologias de informação, não poderá passar a palavra? Então, faça lá esse favor à causa que tão entusiasticamente saudou.

Quanto à passagem do edifício para o domínio municipal, ainda que tivesse de ser adquirido, eu próprio ponho em causa a circunstância de a Câmara pretender adquirir a Quinta do Relógio - aparentemente, fazendo um tremendo jeitinho aos proprietários, causando um rombo dos diabos nos dinheiros dos munícipes, sem sequer se perceber o objectivo - quando a aplicação das verbas solicitadas poderia ser canalizada para este efeito de alcance social, cultural, económico inequívoco.

Mas são questões a estudar já no âmbito do movimento de cidadãos que seremos (ou não...) capazes de suscitar.

Um beijo

João Cachado