[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Romantismo, em Sintra?
Não brinquem...



Ainda não há quinze dias, conheci um jovem casal de holandeses com quem mantive uma conversa um pouco mais detida do que é habitual quando nos perguntam alguma coisa sobre Sintra. Às tantas, à volta de um refresco e de uma planta turística, dei por mim a indicar-lhes, entre outros, o Caminho dos Castanhais como um dos percursos que tão entranhada tem aquela conotação romântica que faz a fama desta terra.

Ficámos com os mails para futuros contactos, desejei continuação de boa estada e despedimo-nos até uma próxima que, não esperava eu, fosse tão breve quanto ontem mesmo, ao receber uma mensagem com um anexo de fotografias que passo a partilhar convosco.



































Certamente já perceberam. E, de igual modo, também entenderão a perplexidade daquela gente que me perguntava que cano seria aquele a serpentear por ali abaixo, embora arriscassem tratar-se de uma conduta de água. Acrescentavam que, coisa assim, só tinham visto durante a visita a uma cidade tunisina afastada da capital... Lamentavam ainda que, de facto, tão bonito, o Caminho dos Castanhais estivesse tão degradado, tão abandonado, sem o mínimo cuidado.

Como sabem, o que se passa nos Castanhais não é novidade para nós, aqui no sintradoavesso.* Todavia, de facto, é inadmissível que a Câmara Municipal de Sintra continue com o despudor da desconchavada campanha Sintra, capital do Romantismo, permitindo-se oferecer aos visitantes esta imagem de perfeito terceiro mundo.

Enfim, a menos que tal promoção turística se articule com os painéis de propaganda que, estrategicamente colocados nas entradas rodoviárias de Sintra, alertam para o romantismo a rodos que se vive por estas paragens...





*
sintradoavesso, 18.11.2008, 02.12.2008, 31.8.2009 e 21.10.200918
[At: João Cachado é o autor desta mensagem]

3 comentários:

Fernando Castelo disse...

Meu caro João Cachado,

Ao apreciar este seu texto, qualquer pessoa que passe por ali duvidará de estar em Sintra.

Tudo desconcorda com a campanha que custa milhões de euros e que está a direccionar os potenciais visitantes para um turismo fingido, melhor dizendo, para um romantismo de baixo nível,que um estafado linguarejar de pacotilha realça.

Um dos acessos ao Caminho dos Carvalhais faz-se pela Rua da Pendoa, que actualmente - na sua entrada superior - está muito ocupada por andaimes. Em princípio, seria a Rua dos Arcos a alternativa pedonal...mas no meio daquele aberrante cenário já denunciado no Sintradoavesso?

Hoje, por sinal, ainda vi dois vultos naquela Rua dos Arcos escura, degradante, ficando a meditar na falta de respeito que leva a tal estado de coisas, mesmo após a denúncia pública que tão frequentemente é feita.

Que julgarão os nossos responsáveis que são? Porquê tantos contornos tão próximos da sobranceria, quando o mais fácil seria o escutar dos alertas feitos pelos residentes e outros munícipes?

O que se está a passar em Sintra é uma vergonha que tem de chegar aos mais altos dirigentes políticos do nosso País, para que os autores fiquem devidamente assinalados quando pensarem em meter-se em mais altos voos.

Sintra não é um território para que alguém se queira pavonear. É um destino turístico por excelência, obrigado a responder adequadamente às exigências dos visitantes e à qualidade de vida de quem por cá mora.

Imagens como as que os seus amigos estrangeiros lhe enviaram são uma vergonha tremenda...para nós que há anos as vemos com sofrimento. Como é possível que a água seja fornecida naquelas condições?

Enquanto isso, é fácil passear de trem pela Volta do Duche e ditar algumas coisas para um qualquer microfone, sem que se dê uma espreitadela para as casas em derrocada um pouco mais abaixo, "embrulhadas" uns dias antes das eleições de 2005, quando se prometia um Museu Dorita Castel-Branco.

Como dizia Martin Luther King Jr., “As nossas vidas começam a acabar no dia em que nos tornamos silenciosos acerca de coisas importantes".

Por dedicação a Sintra não nos podemos calar.

Um abraço,

Anónimo disse...

Mais uma vez, a amargura atenta e consciente do nosso amigo Fernando Castelo.Quanto ganharia Sintra e os sintrenses se os ouvidos moucos dos que nos governam, tivessem uma capacidade maior;quanto ganharia Sintra e os sintrenses, se outros munícipes deste concelho, fizessem eco das suas queixas ou juntassem as suas vozes aos seus protestos e gritos de revolta e de socorro.Infelizmente, este concelho adormeceu e muitos dos que o deviam defender,andam apenas à caça de protagonismos gratuitos e sem solidez.Dói muito ver Sintra morrer assim, a quem faz da sua vida, uma permanente intervenção cívica, um generoso dar-se aos outros, sem exigir nada em troca.
Obrigada,Fernando Castelo, por não desistir de substituir cada sintrense na obrigação colectiva de intervir.
Margarida Mota Paulos

J.A.C. disse...

A campanha Sintra, capital do Romantismo é realmente desconchavada...
Muitas vezes falo com estrangeiros pois trabalho na recepção de um museu.
Os estrangeiros gostam de Sintra, tem boa vontade mas chateiam-se... Eu oiço algumas queixas:
- Muitas casas abandonadas, porque?
não têm leis para "despejar" donos das propriedades?
- Falta de estacionamento,
- Falta de indicações,
- Falta de transportes públicos,
- Porque é que o eléctrico não funciona?
- Não temos Camping?
- Não temos Pousada da Juventude?
- As lojas, museus e monumentos fecham muito cedo - podiam em algum dia/s da semana fechar mais tarde,
- Muito lixo nas ruas...
Estes tipo de comentários oiço com muito mais frequência do que bons comentários.
A sensação que tenho é que maior parte recebeu gato em vez de lebre e não planeiam voltar ou fazer boa publicidade de Sintra a seus conhecidos ou conterrâneos... E essa sim seria a melhor publicidade do mundo e gratuita!!!