[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Quinta do Relógio:
- Alvíssaras!

É verdade, a notícia que vos trago é daquelas que merece choruda recompensa. De facto, julgo estar em posição de garantir que a Câmara Municipal de Sintra desistiu da aquisição da Quinta do Relógio. Colhi a informação junto de fonte absolutamente fidedigna mas, manda a habitual reserva e cautela, que aguardemos pela confirmação pública que não deverá tardar.

Em Sintra, durante meses seguidos, ninguém como nós, tanto se terá batido contra a concretização de tão famigerado negócio. Este blogue foi veículo de opiniões que, acerca da controversa questão, acumularam um lastro de descontentamento cujo volume e substância, não tenho a menor dúvida, terá contribuído decisivamente para o desfecho que me apraz comunicar.

Já circulavam anedotas e dichotes. Muito a propósito, por exemplo, se dizia que a Quinta do Relógio era o aeroporto do Seara, quando não a primeira ponte do Seara ou o TGV do Seara. Naturalmente, funcionava a analogia com o que, desgraçada e desafortunadamente, continua a acontecer relativamente à teimosia do Primeiro Ministro quanto às grandes obras públicas nacionais apesar de não haver condições de assunção da dívida para o seu financiamento.

Não somos só nós, munícipes de Sintra, que estamos de parabéns. O Presidente da Câmara Municipal de Sintra também deve sentir-se muito honrado por assim ter decidido. Deste modo, em Sintra, só temos motivos para, mutuamente, nos congratularmos. Prevaleceu a lucidez. Porque, em última instância, o Presidente soube ser sensível aos argumentos da razão, decidindo a favor dos interesses da comunidade.

E, assim resolvendo, tal como várias vezes aqui defendi, pois que funcionem os mecanismos do mercado. Se for bom negócio, não faltará quem se posicione no sentido de aproveitar uma boa oportunidade de investimento. De qualquer modo, a Câmara tem de estar muito atenta de tal modo que não deixe, isso sim, de controlar os projectos dos potenciais e eventuais interessados.

Por todas as rezões que aqui advoguei, não posso estar mais satisfeito por o negócio não ser da autarquia. Contudo, tal não significa que defenda o desinteresse de Sintra pelo futuro da Quinta do Relógio. Muito pelo contrário, interessa tanto como, por exemplo, interessa o presente e o futuro da Quinta de Seteais, cujo hotel está concessionado. Ou, igualmente, como interessa o presente e o futuro da Quinta de Ribafria onde, com um potencial residual fantástico, lamentavelmente, nada se passa.

Hoje é um bom dia. Trouxe-vos a melhor notícia dos últimos meses. Tal como tantas vezes faço, também hoje lhes sugiro que manifestem o vosso contentamento, através do envio de mensagens de congratulação, neste caso, ao Presidente Fernando Seara que protagonizou uma decisão tão determinante.

A nossa condição de sintrenses, apenas interessados no bem de Sintra, enquadra este tipo de atitude. Passa por aqui a nossa diferença. Não estamos ressabiados com coisa alguma, não temos ressentimentos. Quando o Presidente resolve bem, a bem de Sintra, aqui estamos a manifestar o nosso regozijo. Alegramo-nos porque foi capaz de fazer todo um caminho, contra aquela que terá sido a sua convicção inicial. Demonstra a grandeza de quem não teme evidenciar o erro que estaria prestes a cometer. Aliás, como bem sabem, só os burros não mudam…

Na realidade, o nosso Presidente pode ter muitos defeitos, mas burro não é. E, por favor, não me respondam que não fez mais do que o seu dever. É que, sendo isso verdade, também é verdade que o Presidente, hábil como é, e sem entrar em qualquer desonestidade, poderia ter aduzido uma série de razões justificando que o seu dever de zelo pelos interesses dos sintrenses ia precisamente em sentido oposto…


Então, e quanto às alvíssaras, não dizem o que estão a pensar oferecer-me por esta belíssima notícia? Fico à espera...




[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. O meu pedido de desculpa aos autores]



Sem comentários: