[sempre de acordo com a antiga ortografia]
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Festival de Sintra, 2011
- a bonança, depois da tempestade...
Após alguns anos de programação muito controversa que tive oportunidade de denunciar constante e sistematicamente, posso hoje anunciar as linhas mestras do Festival de Sintra de 2011, quase com dois meses de antecedência em relação ao primeiro evento. E, desde já vos afirmo que tenho as melhores razões para ser inequivocamente encomiástico.
Se bem se lembram, os meus mais veementes reparos referiam-se à desarticulação das iniciativas, com particular destaque para os designados contrapontos que, sem a mínima coerência ou lógica internas, propunham eventos desgarrados completamente avessos à ideia de Festival, enquanto proposta integrada, propícia ao desfrute de um produto global e enriquecedor do público destinatário.
Pois bem, dissiparam-se aquelas pesadas nuvens. O que trago à vossa consideração, talvez em primeira mão - por especial deferência do Dr. Mário João Machado, Vice-Presidente do Conselho de Administração da SintraQuorum e meu prezado amigo de longa data - é um bom e diversificado repositório de eventos, em geral, de qualidade irrepreensível, todos relacionados com duas efemérides do mais alto significado para o universo musical.
No ano em que comemoramos o bicentenário do nascimento de Franz Liszt e os cem anos da morte de Gustav Mahler, eis que o Festival de Sintra, encontrou o núcleo duro a partir do qual tudo se organiza, na devida harmonia, articulação, coerência e lógica. Concertos sinfónicos, Lieder, Música de Câmara, Conferências, Cinema, etc, vão fazer aalegria de todos os interessados, podendo constituir um conjunto de momentos altamente enriquecedores.
Não deixo de ficar espantado perante aquilo que à organização do Festival de Sintra, foi possível contratar numa altura de tanto aperto financeiro. Todavia, repito, não fico surpreendido com a qualidade das propostas que, aliás, nunca esteve em causa, inclusive nestes anos mais recentes de despautério programático.
Por hoje, deixo-vos com este bouquet de promessas. Para um dos próximos dias fica, então, a minha promessa de desfolhar o ramalhete, entrando nalgum pormenor mais ou menos aliciante, de um programa que tão caro me é pela referência a compositores a quem tanto devo, que me acompanham desde miúdo.
Vão por mim e, em tempo de crise, comecem já a pensar nos bilhetes embora se saiba que, em Sintra, o investimento pessoal, mesmo para uma assinatura, é coisa mesmo muito acessível que não carece de crédito especial na banca... Agora, atentem nos detalhes e, comigo, concluam quanto à razão e ao júbilo que me assistem.
FESTIVAL de SINTRA 2011
Sexta – 24 de Junho
21:30 Horas
Centro Cultural Olga de Cadaval
Conferência de abertura
Liszt e Mahler: os construtores da “música do futuro”
Rui Vieira Nery, musicólogo
______________________________
Sábado – 25 de Junho – Quarta – 29 de Junho
Palácio Nacional de Queluz
SÉRIE FRANZ LISZT
Leslie Howard, piano
Fernando Eldoro, maestro conductor *
Coro Gulbenkian *
* Artistas participantes no último recital da série featuring in the last recital of the series
Sábado – 25 de Junho
18:00/19:00 Horas
Recital 1 – Quatro Obras-Primas de Liszt
Grande Solo de Concerto, S.176
Variações sobre o motivo de J. S. Bach «Weinen, Klagen, Sorgen, Zagen», S.180
Sarabanda e Chaconne sobre temas da ópera «Almira» de Händel, S.181
Scherzo e Marcha, S.177
21:30/23:00 Horas
Recital 2 – Liszt, o Franciscano Poeta Liszt
-Harmonias poéticas e religiosas, S.173, nºs 1 a 10
-Duas Lendas, S.175
-Deux légendes (Two Legends), S.175
-1. São Francisco de Assis: A Pregação aos Pássaros
-2. São Francisco de Paula caminhando sobre as ondas
Domingo – 26 de Junho
18:00/19:00 Horas
Recital 3 – Liszt, o Viajante Liszt
Anos de Peregrinação – Terceiro Ano: Itália, S.163
Romanceiro Espanhol, S.695c
21:30/23:00 Horas
Recital 4 – Liszt, o Nobre Virtuoso
-Quatre Valses oubliées, S.215
- Doze Estudos de Execução Transcendental, S.139 – Partes I e II
Segunda – 27 de Junho
21:30/23:00 Horas
Recital 5 – Liszt em Casa e na Ópera
-Weihnachtsbaum (Árvore de Natal), S.186
-Peça de Fantasia sobre Temas da ópera «Rienzi» de Wagner, S.439
-«Aida», dança sacra e dueto final: Transcrição para piano S.436
-Les adieux: «Rêverie» sobre um motivo da ópera «Romeu e Julieta» de Charles -Gounod, S.409
-Fantasia sobre Temas das óperas «Le nozze di Figaro» e «Don Giovanni» de Mozart, S.697
Terça 28 – de Junho
21:30/23:00 Horas
Recital 6 – Liszt, Bardo e Profeta
-Balada nº 1, em Ré bemol Maior, S.170
-Balada nº 2, em Si menor, S.171
-Regis prodeunt: Hino da Procissão da Cruz, S.185
-En rêve: Nocturno, S.207
-Insónia: Pergunta e Resposta (Nocturno sobre um poema de Toni Raab), S.203
-Nuvens Cinzentas, S.199
-Bagatela Sem Tonalidade, S.216a
-Rapsódias Húngaras XVI-XIX, S.244: nºs 16 a 19
-«Adelaide» de Beethoven: Transcrição para Piano (3ª versão), S.466iii
- Seis Melodias Favoritas de «La belle meunière» de Franz Schubert, S.565
- Canções Polacas de Chopin: Transcrição para Piano, S.480
- Sonhos de Amor: Três Nocturnos, S.541
Quarta – 29 de Junho
21:30/23:00 Horas
Recital 7 – Liszt, Deus e Mefistófeles Liszt, God and Mephistopheles
Com a participação de:
Coro Gulbenkian
Fernando Eldoro, maestro
-Fantasia e Fuga sobre o Tema B-A-C-H, S.529ii
-Dois Episódios do «Fausto» de Lenau, S.513a & 514
-Mefisto-Valsa nº 2, S.515
Sonata para Piano em Si menor, S.178
-«Via Crucis», para coro misto e piano, S.53
Quinta – 30 Junho
21:30 Horas
Palácio Nacional de Sintra
Quarteto Ehrlenbusch Michael Barenboim, 1º violino 1st violin
Petra Schwieger, 2º violino Madeleine Carruzo, viola
Timothy Park, violoncelo
Matan Porat, piano
Anton Webern (1883-1954)
Seis Bagatelas
Johannes Brahms (1833-1897)
Quarteto para Cordas nº 2 em Lá menor, op. 51 nº 2
Gustav Mahler (1860-1911)
Quarteto com Piano
-1904)
Quinteto com Piano em Lá Maior, op. 81
_____________________________
Sexta - 01 Julho
21:30 Horas
Palácio Nacional de Sintra
Ana Maria Pinto, soprano
Nuno Vieira de Almeida, piano
José Viana da Mota (1868-1948)
-Guter Rat (Bom conselho)
-Umflort, gehült in Trauern (Enevoado, envolto em tristeza)
-Ein Briefelein (Uma cartinha)
-Erfüllung (Realização)
-Canção perdida
-Amores, amores
-Lavadeira e caçador
Franz Liszt (1811-1886)
-Die Lorelei, S.273
-Und wir dachten der Toten (E pensávamos nos mortos), S.338
-Ihr Glocken von Marling (Os Sinos de Marling), S.328
-Du bist wie eine Blume (És como uma flor), S.287
-Vergiftet sind meine Lieder (São veneno as minhas canções), S.289
-Die drei Zigeuner (Os Três Ciganos), S.320
-Oh quand je dors (Oh quando durmo), S.282
-Einst (Outrora), S.332
-Ich möchte hingehen (Desejaria ir), S.296
-Der König in Thule (O Rei em Tule), S.278
Sábado – 02 Julho
21:30 Horas
Centro Cultural Olga de Cadaval – Auditório Jorge Sampaio
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Julia Jones, maestrina conductor
Lilian Akopova, piano *
* Vencedora do 1º Premio do Concurso Internacional de Piano Vianna da Motta 2010
Gustav Mahler (1860-1911)
Sinfonia nº 1 em Ré Maior, «Titã»
Franz Liszt (1811-1886)
Totentanz (Dança dos Mortos): Paráfrase sobre o «Dies Irae», S. 126
______________________________
Domingo - 03 Julho
17:00 horas
Quinta da Regaleira
Trio Bamberg
Robert Benz, piano
Jevgeni Schuk, violino
Alexander Hülshoff violoncelo
Franz Liszt (1811-1886) / Camille Saint-Saëns (1835-1921)
«Orfeu», poema sinfónico, S.98: transcrição para violino, violoncelo e piano
Camille Saint-Saëns (1835-1921)
Trio nº 1 em Fá Maior, para violino, violoncelo e piano, op. 18
Franz Schubert (1797-1828)
Trio em Mi bemol Maior, para violino, violoncelo e piano, op. 100, D. 929
Quinta 07 Julho
21:30 Horas
Palácio Nacional de Sintra
Manuel Araújo, piano *
* Prémio Vianna da Motta «Melhor Pianista Português» em 2010
César Franck (1822-1890) / Aquilles Delle Vigne (n. 1946)
Prelúdio, Fuga e Variação, op. 18
Franz Schubert (1797-1828)
Fantasia em Dó Maior, op. 15 (D. 760) «Wanderer»
Richard Wagner (1813-1983)
Sonata em Lá bemol Maior, WWV 85 (1853)
Richard Wagner (1813-1883) / Franz Liszt (1811-1886)
«A Morte de Amor» da ópera «Tristão e Isolde»: transcrição para piano
Franz Liszt (1811-1886)
Après une lecture du Dante (Após uma leitura de Dante), Fantasia quasi Sonata, de «Années de Pèlérinage», Ano II: Itália
_____________________________
Sábado 09 Julho
17:00 Horas
Quinta da Piedade
Octeto de Leipzig*
Markus Petsch, tenor
Stefan Genz, barítono
* E instrumentistas convidados
Gustav Mahler (1860-1911)
A Canção da Terra
Das Lied von der Erde
Domingo 10 Julho
21:30 Horas
Palácio Nacional de Queluz
Sequeira Costa, piano
José Vianna da Motta (1868-1948)
-Balada, op.16
-Cenas Portuguesas op. 9
-Cenas Portuguesas, op. 18, nº 2
-Malhão: Canção de Aveiro
-Cenas Portuguesas, op. 15 nº 2
-Adeus minha Terra
Franz Liszt (1811-1886)
-Bênção de Deus na Solidão, de «Harmonias Poéticas e Religiosas», S.173, nº 3
Au bord d'une source (À Beira de uma Fonte), de «Années de Pèlérinage», Ano I: Suíça
-Sposalizio (Casamento da Virgem Maria), de «Années de Pèlérinage», Ano II: -Itália
-São Francisco de Paula Caminhando sobre as Ondas, de «Duas Lendas», S.175
CONTRAPONTOS
(PROGRAMA PROVISÓRIO)
30 de Junho 19h00
Palácio Nacional de Sintra
Inês Ferro – Conferência
3 Julho 19h00
Centro Cultural Olga Cadaval
Liszt - Sonho de Amor (cinema)
Com apresentação de Carlos de Pontes Leça
4 Julho 21h00
Centro Cultural Olga Cadaval
Morte em Veneza (cinema)
Com apresentação de Carlos de Pontes Leça
4 Julho 21h30
Igreja de S. Martinho
Música Sacra Portuguesa – O Romantismo
Ensemble Vocal do Sintra Estúdio de Ópera
Direcção musical: Miguel Anastácio
Programa:
FRANCISCO DE SÁ NORONHA (1820-1881)
-Missa "para a Festa do Coração de Maria"
-Missa a Quatro Vozes
Solistas a designar
5 Julho 21h30
Igreja da Ulgueira
Perspectivas
Bruno Ribeiro (viola)
Joana Barata Lígia Madeira (piano)
1.ª parte
JOHANN KASPAR MERTZ
Elegia
FRANZ LIZST (arr. Bruno Ribeiro)
Liebesträume nº 2
GIULIO REGONDI
Introdução e Capricho
Bruno Ribeiro Viola dedilhada a solo
2.ª parte
L.V. BEETHOVEN (arr. C. Czerny)
Sinfonia “Heróica” em Mib M, op.55
FRANZ LISZT (arr. compositor)
Rapsódia Húngara nº16
Joana Barata e Lígia Madeira Piano a 4 mãos
6 Julho 21h30
Adega de Colares
Nova Criação – Companhia de Dança Contemporânea de Sintra
8 & 9 Julho 21h30
Palácio Nacional de Sintra
Um Auto de Gil Vicente, de Almeida Garret – Utopia Teatro
9 Julho 10h00 & 11h30
Quinta da Piedade
Concertos para Bebés
MAHLER E LISZT: DOIS AMIGOS COM OS BEBÉS
Um projecto de Paulo Lameiro
Convidada: Cristiana Francisco
Instrumento: Flauta Transversal
10 Julho 19h00
Palácio Nacional de Queluz
Luísa Cymbron Manuel Carlos de Brito – Conferência
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Volto já!
Depois de uma pequena interrupção para férias da Páscoa, voltarei dentro de uma semana. Desde já, ficam conhecendo os dois primeiros assuntos que partilharei convosco. Um tem a ver com o Festival de Sintra que, depois de alguns anos de polémica programação, volta a propor uma série de iniciativas do maior interesse, subordinadas a uma inequívoca unidade temática. O outro relaciona-se com o Chalet da Condessa e áreas circundantes que estão a ganhar nova vida.
Em ambos os casos, está em causa a defesa do património como singular caso de amor. Em diferentes mas complementares suportes culturais, eis que se recupera o património de Sintra para o devolver a quem merecer. A quem souber merecer, repito...
Depois de uma pequena interrupção para férias da Páscoa, voltarei dentro de uma semana. Desde já, ficam conhecendo os dois primeiros assuntos que partilharei convosco. Um tem a ver com o Festival de Sintra que, depois de alguns anos de polémica programação, volta a propor uma série de iniciativas do maior interesse, subordinadas a uma inequívoca unidade temática. O outro relaciona-se com o Chalet da Condessa e áreas circundantes que estão a ganhar nova vida.
Em ambos os casos, está em causa a defesa do património como singular caso de amor. Em diferentes mas complementares suportes culturais, eis que se recupera o património de Sintra para o devolver a quem merecer. A quem souber merecer, repito...
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Monte da Lua,
responsabilidade social
Numa terra onde tão poucos são os motivos de regozijo, a verdade é que, da Parques de Sintra Monte da Lua (PSML) continua a brotar o fluxo de boas notícias. É uma constante que, de vez em quando, me leva a partilhar convosco a satisfação de nos rendermos à evidência. Vamos, então, ao que, para mim, é o facto mais recente.
Desde já, vos direi que o acesso a este meu escrito estaria altamente facilitado se, no serão do passado domingo, os leitores tivessem assistido ao programa televisivo TVI Repórter. Na realidade, apesar de ninguém me ter alertado, ao tentar ser surpreendido por algo que me interessasse, tive a sorte de, ao saltar de canal, logo identificar imagens de cenários familiares. E, muito naturalmente, já dali não saí até terminar a reportagem.
Através de um trabalho escorreito, eficaz e sem rodriguinhos, o espectador acompanhou atitudes da PSML que, ao fim e ao cabo, são suscitadas pelos termos da responsabilidade social que determinadas empresas se obrigam relativamente à prática de acolhimento de trabalhadores com os mais diversos perfis de dificuldade de integração.
Por exemplo, veio a propósito o caso do protocolo de colaboração com a Direcção Geral dos Serviços Prisionais/Estabelecimento Prisional de Sintra, celebrado em 2007, que deu origem ao denominado projecto “Património Gera Inclusão” (PGI), compreendendo a selecção de reclusos por parte do EP Sintra, a formação para reforço das suas competências e, finalmente, a integração em equipas mistas de trabalho na PSML.
Há cerca de quatro anos, que o PGI tem sido uma extraordinária experiência de Responsabilidade Social e Ambiental, envolvendo nada mais nada menos que uma centena de reclusos em Regime Aberto ao Exterior (RAE) exercendo funções na PSML no âmbito da recuperação do Património Natural e Construído. Actualmente, vinte reclusos estão ao serviço na PSML em RAE – e, por favor, tomem nota – catorze ex-reclusos já trabalham com contrato na empresa.
Em Fevereiro de 2009, no âmbito dos Prémios Europeus de Iniciativa Empresarial, nada mais natural que, perante tão manifesta prova de capacidade empresarial neste específico domínio da reinserção social, o PGI tivesse sido distinguido, na fase nacional, com o primeiro lugar na categoria Iniciativa Empresarial Responsável e Inclusiva, e seleccionado para representar Portugal na final europeia.
Em Fevereiro de 2010, continuando ainda nesta vertente abrangida pelo Protocolo com a DGSP, iniciou-se a colaboração com o Estabelecimento Prisional de Tires, através da colocação na PSML de seis reclusas em RAE, nas áreas da jardinagem e da hotelaria, contribuindo para a não menos importante estratégia da igualdade de género.
Imparável...
Uma outra componente da intervenção, Património Reabilita, consiste na integração de pessoas com deficiência que, desde Abril de 2010, levou à criação de um centro de atendimento a visitantes, acolhendo três pessoas que, discreta e eficientemente, ali desenvolvem uma actividade a qual, tal como todas as anteriormente referidas, muito orgulha a PSML e todos os sintrenses que têm os olhos postos em tudo o que por ali se passa.
Como se tudo isto já não fosse absolutamente notável, meritório e tão gratificante, pois fiquem a saber que, ainda no âmbito do Património Reabilita, foi estabelecido um protocolo com Centro de Educação para o Cidadão Deficiente de Mira-Sintra visando a colocação de pessoas com deficiência, em actividades de jardinagem, nos jardins dos Parques da Pena e de Monserrate.
Exemplo de actividade enquadrada por este instrumento de colaboração, tem-se traduzido, desde Janeiro de 2011, na manutenção do Jardim Rainha D. Amélia, no Parque da Pena, assegurada por uma equipa de quatro pessoas com deficiência. E, demonstrando a dinâmica de toda esta iniciativa tão compósita, já foram iniciados mais dois estágios para jardineiros com deficiência nos jardins que tenho vindo a referir.
A PSML pretende vir a trabalhar, cada vez mais e com maior eficiência, na acessibilidade para todos, proporcionando uma fruição mais justa e solidária dos Parques Históricos de Sintra, através da criação de percursos mais acessíveis para pessoas com deficiência. É, de algum modo, a mesma lógica, a mesma estratégia a funcionar, em espaços onde o que se pretende é a integração de todos e, jamais, a exclusão seja de quem for.
Claro que, uma vez mais, a alma mater de tudo isto é o Prof. António Lamas. Como grande trunfo do sucesso que, ao longo dos últimos anos, a sua Administração vem evidenciando, conta ele com uma equipa de jovens técnicos, que tão bem soube incentivar, entre os quais se conta o Engº Jaime Ferreira, dando a cara pela Responsabilidade Social da PSML. Ao facultar-me a documentação imprescindível, foi Jaime Ferreira que, além do visionamento do TVI Repórter, me permitiu proporcionar-vos este texto. A ele, o meu e, espero bem, também o vosso reconhecimento.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
O caminho das pedras…
Finalmente, o governo decidiu apresentar o pedido de ajuda externa para saneamento das finanças públicas nacionais. Teimosa e demasiado perigosamente, até ao limite do insustentável, o Primeiro Ministro adiou a atitude que deveria ter sido concretizada muito, muito antes. Já há meses, os mais creditados economistas, de todos os quadrantes, afirmavam e confirmavam como este desfecho era previsível e inevitável, sendo constante o conselho de acelerar a decisão só agora tomada.
Não deixa de ser sintomático que o anúncio do Governo só tivesse sido feito na sequência de um insuportável ultimato dos mais importantes banqueiros nacionais que, cirurgicamente, foram debitando as suas impressões no contexto de entrevistas absolutamente determinantes e condicionadoras. Infelizmente, como tantas vezes aconteceu durante os governos liderados pelo agora demissionário José Sócrates, estivemos perante outra das suas declaradas faltas de sentido de oportunidade. Mais uma vez, não prestou o serviço que seria de esperar.
Neste fim de ciclo de governação, seria difícil acumular mais e constantes episódios de erro, trilhando caminhos ínvios, evidenciando a mais flagrante e completa baralhação. Em aperto financeiro que, dia após dia, ainda mais se degrada, desta vez, os cidadãos vão ser obrigados ao dispêndio de mais recursos que, afinal, teriam sido evitáveis se tivesse actuado a tempo, algo demasiado penoso, que comunidade alguma merece.
Verdade e esperança
Estou em crer que, só na sequência das diligências das comissões de negociadores internacionais, prestes a desembarcar em Lisboa, poderão os portugueses tomar definitivo e cabal conhecimento da calamidade das contas da nação, através da verdade que lhes tem vindo a ser sonegada e escamoteada. Quase perversamente, poder-se-ia deduzir que, quanto mais não fosse, por isto mesmo, já teria valido a pena solicitar a denominada ajuda externa…
Só o conhecimento da verdade poderá constituir alavanca para a mobilização cívica que se impõe como indispensável à eleição dos futuros deputados. É com base nessa mesma verdade que decorrerão as subsequentes negociações para a formação do Governo. E, não menos importante, será o conhecimento da verdade da situação que levará os cidadãos a aceitar os sacrifícios que lhes serão pedidos durante muitos anos.
Vezes sem conta, a maioria dos portugueses já ouviu afirmar que a comunidade nacional tem andado a viver muito acima das suas possibilidades. Todavia, esta asserção tão lúcida e sábia, não tem tido qualquer tradução minimamente expressiva ao nível da prática quotidiana. No entanto, finalmente, e sem margem para dúvida, agora não há outra solução que não passe pela rápida assunção geral da mudança de paradigma que está prestes a acontecer.
Viver de acordo com as possibilidades implica assumir a verdade de que este país ainda está muito aquém dos índices de desenvolvimento da média europeia, dentro e fora da zona euro, e que a superação das flagrantes desigualdades da distribuição da riqueza só será alcançável em conjugação com os ganhos da literacia, comuns nesta latitude de velho mundo culto e civilizado.
Por outro lado, a crédito de tudo quanto é suposto ter esperança, também se impõe considerar as potencialidades humanas e materiais, por explorar, para gerar a riqueza necessária à sustentabilidade dos compromissos. Este percurso para o desenvolvimento não se faz na facilidade da auto-estrada, antes exige a verdade de um caminho das pedras…
Finalmente, o governo decidiu apresentar o pedido de ajuda externa para saneamento das finanças públicas nacionais. Teimosa e demasiado perigosamente, até ao limite do insustentável, o Primeiro Ministro adiou a atitude que deveria ter sido concretizada muito, muito antes. Já há meses, os mais creditados economistas, de todos os quadrantes, afirmavam e confirmavam como este desfecho era previsível e inevitável, sendo constante o conselho de acelerar a decisão só agora tomada.
Não deixa de ser sintomático que o anúncio do Governo só tivesse sido feito na sequência de um insuportável ultimato dos mais importantes banqueiros nacionais que, cirurgicamente, foram debitando as suas impressões no contexto de entrevistas absolutamente determinantes e condicionadoras. Infelizmente, como tantas vezes aconteceu durante os governos liderados pelo agora demissionário José Sócrates, estivemos perante outra das suas declaradas faltas de sentido de oportunidade. Mais uma vez, não prestou o serviço que seria de esperar.
Neste fim de ciclo de governação, seria difícil acumular mais e constantes episódios de erro, trilhando caminhos ínvios, evidenciando a mais flagrante e completa baralhação. Em aperto financeiro que, dia após dia, ainda mais se degrada, desta vez, os cidadãos vão ser obrigados ao dispêndio de mais recursos que, afinal, teriam sido evitáveis se tivesse actuado a tempo, algo demasiado penoso, que comunidade alguma merece.
Verdade e esperança
Estou em crer que, só na sequência das diligências das comissões de negociadores internacionais, prestes a desembarcar em Lisboa, poderão os portugueses tomar definitivo e cabal conhecimento da calamidade das contas da nação, através da verdade que lhes tem vindo a ser sonegada e escamoteada. Quase perversamente, poder-se-ia deduzir que, quanto mais não fosse, por isto mesmo, já teria valido a pena solicitar a denominada ajuda externa…
Só o conhecimento da verdade poderá constituir alavanca para a mobilização cívica que se impõe como indispensável à eleição dos futuros deputados. É com base nessa mesma verdade que decorrerão as subsequentes negociações para a formação do Governo. E, não menos importante, será o conhecimento da verdade da situação que levará os cidadãos a aceitar os sacrifícios que lhes serão pedidos durante muitos anos.
Vezes sem conta, a maioria dos portugueses já ouviu afirmar que a comunidade nacional tem andado a viver muito acima das suas possibilidades. Todavia, esta asserção tão lúcida e sábia, não tem tido qualquer tradução minimamente expressiva ao nível da prática quotidiana. No entanto, finalmente, e sem margem para dúvida, agora não há outra solução que não passe pela rápida assunção geral da mudança de paradigma que está prestes a acontecer.
Viver de acordo com as possibilidades implica assumir a verdade de que este país ainda está muito aquém dos índices de desenvolvimento da média europeia, dentro e fora da zona euro, e que a superação das flagrantes desigualdades da distribuição da riqueza só será alcançável em conjugação com os ganhos da literacia, comuns nesta latitude de velho mundo culto e civilizado.
Por outro lado, a crédito de tudo quanto é suposto ter esperança, também se impõe considerar as potencialidades humanas e materiais, por explorar, para gerar a riqueza necessária à sustentabilidade dos compromissos. Este percurso para o desenvolvimento não se faz na facilidade da auto-estrada, antes exige a verdade de um caminho das pedras…
domingo, 3 de abril de 2011
Meias palavras,
meias tintas e troca-tintas
Logo que os partidos da oposição inviabilizaram a aprovação do PEC IV, o senhor Presidente da República não conseguiu ser suficientemente lesto e assertivo para impedir que se incorresse na situação que determinou a convocação de eleições legislativas antecipadas.
Não deixa de valer a pena trocar algumas impressões para confirmar - como se preciso fosse... - que o Senhor Presidente da República mantém uma atitude que não está à altura das gravíssimas circunstâncias em que a comunidade portuguesa mergulhou.
Em vez de ter sentado os líderes partidários à volta da mesa, não os deixando sair de conversações, tão longas quanto necessário, sem uma solução - ou, melhor, sem «a» solução - que mais interessaria ao país, preferiu uma atitude de estéril distanciamento.
Para todos os efeitos, este senhor não assume que é o Presidente de uma República cuja pauta constitucional é semipresidencialista. Este senhor porta-se como se o Parlamento o tivesse elegido, por via indirecta, como na Alemanha. Entre nós, o PR é eleito pelo povo, em sufrágio universal, exactamente para lhe permitir ser tão interventor quanto necessário nos momentos mais críticos.
Por outro lado, na crítica situação em que o país se encontra, na noite em que convocou eleições, não foi capaz de fazer o discurso mobilizador que o povo merece. No entanto, a verdade é que os portugueses até já perceberam que o PR, quando quer, sabe ser pertinente ou impertinente e contundente qb.
Basta lembrar o seu discurso de tomada de posse no passado dia 9 de Março... Se, naquela situação, mostrou não ser pessoa para meias palavras, que razão o determinou a não verbalizar as palavras inteiras que, ao anunciar a dissolução do Parlamento, era preciso atirar como pedras ao charco lodoso em que nos atolamos?
O PR está a sacudir a água do capote embora se encontre irremediavelmente comprometido, ele que, como órgão de soberania, tem tanta legitimidade e é tão indispensável como o Governo para encontrar a solução que se impõe. Estar à altura da situação não se compatibiliza com estas meias tintas.
Temos direito a coisa diferente. Temos direito à verdade da qual todos andam a fugir como o diabo da Cruz. E só com a verdade se pode mobilizar o povo para enfrentar os anos de sacrifício que já começaram. Entretanto, desde o Primeiro Ministro, passando pelo líder do maior partido da oposição e ao próprio Presidente da República, o que temos tido são meias palavras, meias tintas e atitudes de troca-tintas.
Estes senhores têm recusado o entendimento que a situação do país lhes exige. Infelizmente, apenas confirmam que não estão à altura de tanta exigência. Finalmente, também evidenciam - e de que maneira!... - que é demasiado tarde para ganharem a dimensão de estadistas que jamais tiveram...
meias tintas e troca-tintas
Logo que os partidos da oposição inviabilizaram a aprovação do PEC IV, o senhor Presidente da República não conseguiu ser suficientemente lesto e assertivo para impedir que se incorresse na situação que determinou a convocação de eleições legislativas antecipadas.
Não deixa de valer a pena trocar algumas impressões para confirmar - como se preciso fosse... - que o Senhor Presidente da República mantém uma atitude que não está à altura das gravíssimas circunstâncias em que a comunidade portuguesa mergulhou.
Em vez de ter sentado os líderes partidários à volta da mesa, não os deixando sair de conversações, tão longas quanto necessário, sem uma solução - ou, melhor, sem «a» solução - que mais interessaria ao país, preferiu uma atitude de estéril distanciamento.
Para todos os efeitos, este senhor não assume que é o Presidente de uma República cuja pauta constitucional é semipresidencialista. Este senhor porta-se como se o Parlamento o tivesse elegido, por via indirecta, como na Alemanha. Entre nós, o PR é eleito pelo povo, em sufrágio universal, exactamente para lhe permitir ser tão interventor quanto necessário nos momentos mais críticos.
Por outro lado, na crítica situação em que o país se encontra, na noite em que convocou eleições, não foi capaz de fazer o discurso mobilizador que o povo merece. No entanto, a verdade é que os portugueses até já perceberam que o PR, quando quer, sabe ser pertinente ou impertinente e contundente qb.
Basta lembrar o seu discurso de tomada de posse no passado dia 9 de Março... Se, naquela situação, mostrou não ser pessoa para meias palavras, que razão o determinou a não verbalizar as palavras inteiras que, ao anunciar a dissolução do Parlamento, era preciso atirar como pedras ao charco lodoso em que nos atolamos?
O PR está a sacudir a água do capote embora se encontre irremediavelmente comprometido, ele que, como órgão de soberania, tem tanta legitimidade e é tão indispensável como o Governo para encontrar a solução que se impõe. Estar à altura da situação não se compatibiliza com estas meias tintas.
Temos direito a coisa diferente. Temos direito à verdade da qual todos andam a fugir como o diabo da Cruz. E só com a verdade se pode mobilizar o povo para enfrentar os anos de sacrifício que já começaram. Entretanto, desde o Primeiro Ministro, passando pelo líder do maior partido da oposição e ao próprio Presidente da República, o que temos tido são meias palavras, meias tintas e atitudes de troca-tintas.
Estes senhores têm recusado o entendimento que a situação do país lhes exige. Infelizmente, apenas confirmam que não estão à altura de tanta exigência. Finalmente, também evidenciam - e de que maneira!... - que é demasiado tarde para ganharem a dimensão de estadistas que jamais tiveram...
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