[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 4 de junho de 2011


Ao correr da pena

Eis alguns pequenos textos que publiquei ontem e hoje na minha página do facebook.

No domingo, o erário público vai despender 8 milhões de euros com o pagamento aos representantes dos partidos nas mesas eleitorais. Trata-se de uma atitude cívica que, normalmente, seria assegurada em regime de voluntariado. Antigamente, não se arranjava quem quisesse ser membro das mesas, agora há fila para recrutamento nas Juntas de Freguesia... É assim que, igualmente, os partidos vão arranjando mais uns indefectíveis militantes...
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Sabem porque é tão baixa (!?!) a actual taxa de desemprego em Portugal? Pois fiquem sabendo que devemos os actuais só 13% - é verdade, já!!! e não em 2013, como a troika apontava - aos 700.000 portugueses que, nos últimos dez anos, procuraram trabalho lá fora. É um número igual ao dos actuais desempregados. Pensem na taxa que se registaria não fosse esta "sangria". Ficaríamos à frente da Espanha...
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Mais atentos - porque mais causticados pela austeridade, que já começou a fazer-se sentir - será que os cidadãos vão deixar de pactuar com a desvergonha dos boys [Rui Pedro Soares, lembram-se?, foi um caso topo de gama mas há imenso peixe miúdo...] que se alimentam na babugem infecta de gabinetes ministeriais, empresas públicas, municipais, etc]? Agora vota-se, depois, sem desguarnecer a guarda, controla-se!
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Escrevi, durante anos, muitos textos contra a maneira de Sócrates fazer política, por exemplo, acerca do endividamento em que singrava, olimpicamente ignorando as características do país que (des)governava. Durante meses, resolvi parar, não bater mais no ceguinho, não provocar mais anti-corpos. Tal como José Gil, é também com alívio que pressinto o ar mais respirável de dia 6. Naturalmente, tal não significa que me tranquilize a liderança que se avizinha.
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Sócrates nunca, nunca, me enganou e, como sabem os sintrenses que me lêem há bastante tempo, tenho denunciado a prática da gestão pública deste homem, muito antes de ser Primeiro-Ministro. Sócrates deu todos os sinais que o apontavam como político «habilidoso» [não hábil], sinuoso, portuguesinho das berças, deslumbrado, convencido de que tinha chegado à urbe para conquistar o orbe.
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José Gil, o filósofo recentemente jubilado, não é propriamente um troglodita de direita... Ontem, sem tibiezas, denunciou o regime de medos implícitos que temos vivido sob a capa desta democracia perversa, nos últimos anos protagonizada por Sócrates. A mentira institucionalizada, o sufoco que se tem vivido sob a liderança de um deslumbrado, estão prestes a cessar. Diz Gil que, na 2ª feira, vai respirar-se melhor.
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Habituados à maior injustiça social, à incapacidade no combate à fraude fiscal e cobrança aos ricos e poderosos dos impostos a que se furtam através dos paraísos fiscais, à existência de índices socioeconómicos que nos envergonham (analfabetismo e iliteracia ímpares na UE), à pobreza galopante de 20% de cidadãos a viver abaixo do limiar da pobreza, como nos surpreenderemos com as medidas impopulares que se avizinham?
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A campanha da CDU, nomeadamente a conduzida pelo próprio Jerónimo de Sousa, terá sido a mais eficaz, inclusive, em termos éticos. É pena que certo atavismo ainda condicione os eleitores em relação às propostas da coligação. Veremos a razão que assiste a JS no que respeita à renegociação da dívida. É apenas um exemplo da lucidez de um lider que não se desgastou nos últimos anos e que vai manter a posição no Parlamento.
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Uma peça notável, a entrevista que José Gil acaba de conceder a Mário Crespo, na primeira parte do "Jornal das 9" de 6ª feira, dia 3 de JUnho. Se não assistiram, procurem visioná-la. É absolutamente brilhante a análise que produziu acerca destes últimos anos de Sócrates à frente do PS. Segundo o filósofo, a partir de 2ª feira, vai passar a respirar-se melhor em Portugal. Porquê? Sigam o meu conselho. Acedam à
entrevista.
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Como a oferta é o que é e, de modo algum, me agrada, só me resta a alternativa que já o bom do Saramago advogava... E, mais recentemente, também o constitucionalista Jorge Miranda. O voto em branco significa que o eleitor não se identifica com qualquer das propostas que se apresentaram a sufrágio. E, já agora, leiam Ensaio sobre a Lucidez. Lucidez, é verdade.

VOTO EM BRANCO TAMBÉM É UM VOTO VÁLIDO, LÚCIDO!
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Para comemorar o Dia Mundial da Criança em 2011, o actual e demissionário PM do Governo de Portugal, não perdeu qualquer oportunidade. Em devido tempo, tratou de cortar o abono a 640.000 famílias e tudo fez para que 2 em cada 5 crianças vivam abaixo do limiar da pobreza. Com a maior facilidade, afirma preocupações sociais. Concretamente, há demasiado tempo, demonstra a incapacidade mais flagrante...


4 comentários:

Carlos Sousa disse...

Caro João Cachado,
Na realidade, na desgraça em que estamos é um escândalo ir pagar tanto dinheiro a pessoas que representam os partidos nas mesas de voto. Há pouco quando fui votar, senti um grande mal estar ao olhar para aquelas pessoas que são uma espécie de mercenárias. O Cachado tem toda a razão, é um serviço que devia ser voluntário.
Carlos Sousa

Manuela Távares disse...

Estou espantada com a percentagem da abstenção. Mais de 40%. Porque não se faz em Portugal como noutros países europeus onde a votação é obrigatória?
Manuela Távares

Pedro Rodrigues disse...

A derrota do PS foi um grande vexame que não pode transformar-se em motivo para não considerar o partido importante para a resolução dos problemas que nos afligem. Sem Sócrates tudo ficou facilitado.
Pedro Rodrigues

Rui Lopes disse...

Amigo João,
Prevejo com muita preocupação que as questões das finanças e da economia vão continuar nas mãos
de homens sem cultura. Isso condiciona tudo o resto. Sabes do que falo. Estes tipos não têm profundidade ideológica nem bagagem cultural em geral. Por isso só podem navegar sem perder a costa de vista...
Rui Lopes