[sempre de acordo com a antiga ortografia]
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Monte da Lua,
sector público, graças a Deus!
Num tempo em que tanto se tem diabolizado o sector público e a gestão do sector empresarial do Estado, aparentes sedes de todos os males que afectam a sociedade portuguesa – como se, em compensação, no privado estivessem concentradas todas as virtudes afins da redenção da Pátria… – soube muito bem conhecer o teor de uma resolução que a Secretaria de Estado da Cultura divulgou na semana passada.
É com o maior regozijo que passarei a referir-me ao facto, concedendo-lhe o máximo que me conferem as limitadíssimas possibilidades do sintradoavesso, ou seja, um inequívoco e merecidíssimo destaque de primeira página. Afortunadamente, por vezes, apenas resta curvar-me perante o acerto de determinadas decisões oficiais, que não permitem qualquer leitura, mais ou menos pejorativa, no avesso ou de viés, que apouque a justeza da decisão.
No caso vertente, a coisa tem um sabor muito especial já que, estou certo, o impacte da sua concreta aplicação beneficiará Sintra de modo inequívoco. Enfim, depois deste intróito, já terão entendido que pretendo partilhar a notícia de ter sido alargada a mais dois palácios, o Nacional de Sintra e o de Queluz, a abrangência da gestão da Parques de Sintra Monte da Lua, que já era responsável por um património do mais alto gabarito nacional e internacional.
Antes e depois
Ao longo de quase uma dúzia de anos de existência, esta empresa cuja responsabilidade social está distribuída por capitais públicos provenientes dos sectores da Economia, Agricultura, Cultura e da Câmara Municipal de Sintra, demonstra cabalmente como é absolutamente determinante a qualidade das pessoas que assumem a administração, direcção e gestão das entidades.
De facto, os seus primeiros cinco anos, sob a liderança do biólogo Serra Lopes, resultaram em memória absolutamente desgraçada de uma actuação sem rumo, titubeante e lesiva dos interesses de Sintra. A propósito, convém não esquecer que os munícipes continuam desconhecendo o desfecho das investigações levadas a cabo pela Polícia Judiciária, no sentido de apurar as irregularidades que vieram a público.
O período subsequente, com o Prof. António Ressano Garcia Lamas como Presidente do conselho de Administração, vem-se pautando por passos certos, da maior competência, numa segura caminhada de muito, muito trabalho, invariavelmente coroado por sucesso, que tenho tido o privilégio de acompanhar, tão de perto e frequentemente quanto possível.
Ponta de esperança
Não me surpreende, sequer minimamente, que, no seu comunicado, a Secretaria de Estado da Cultura saliente como terá pesado para a decisão “(…) a eficácia da gestão da própria Parques de Sintra Monte da Lua, comprovada já por um crescimento de 18% nos seus resultados operacionais (…)”. Esta atitude de oficial reconhecimento não passa do corolário natural de sucessivos êxitos que colocam a empresa na galeria das melhores do país, apontando-a como referente exemplar.
Os fiéis leitores deste blogue, habituados às minhas referências encomiásticas ao Conselho de Administração da PSML e à motivadíssima equipa de colaboradores, que estimo como bons amigos, compreenderão a verdade da minha alegria. Porém, na condição de desassossegado permanente, não posso deixar de chamar a atenção para um assunto de grande preocupação que gostaria, não só de ver equacionado mas também a caminho de solução.
Trata-se da questão do acesso dos visitantes aos bens patrimoniais, tão importantes e sofisticados, sob custódia da PSML. Muitas vezes tenho sublinhado a ideia de que o próprio modo como se acede ao património já faz parte do acto cultural da visita. Independentemente da existência de pequenas bolsas de parqueamento de proximidade, neste momento em que a PSML também passa a tutelar os palácios da Vila e de Queluz, finalmente, poderei ter esperança no empenho da autarquia quanto à instalação dos parques periféricos de estacionamento, articulados com soluções integradas e expeditas de transporte público cobrindo estes e os outros destinos?
Pois será, precisamente, no contexto do serviço público que se perfilam as condições mais propícias e consentâneas com os interesses em presença. Deixem que alimente esta ponta de esperança. Não há crise nem troika que justifiquem mais adiamentos. A própria austeridade só pode ser alavanca da qualidade dos serviços que os cidadãos merecem. Em tempo de austeridade, soluções austeras. Não se pode é perder mais tempo.
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7 comentários:
O azar com o Serra Lopes deu depois a sorte de termos connosco o Prof. Lamas. Como diz o povo "Não há mal que sempre dure".
Parabéns à Monte da Lua. Como acompanho este blogue desde o início e conheço a luta de cinco anos do Cachado contra esse senhor biólogo Serra Lopes (que era um protegido do Sócrates e da Edite Estrela...)compreendo a sua indignação por nada se saber do que foi feito dos inquéritos. Em Sintra e em Portugal é verdade que a culpa morre solteira.
Abraço,
Carlos Sousa
É isso, Prof. João Cachado, vamos manter a ponta de esperança. A Monte da Lua, em Sintra, é uma benção. E digo como o senhor no título: sector público, graças a Deus sem invocar o nome de Deus em vão que até é pecado... Com amizade,
Irene P.
Os estacionamentos periféricos articulados com soluções integradas e expeditas de transportes públicos é um dos assuntos mais importantes em Sintra. O caso de Sintra faz-me lembrar o de Granada e o acesso ao Alhambra que se situa numa colina. Os acessos possíveis são apenas dois: a pé ou apanhando pequenos autocarros. Não é por isso que tem menos visitantes... (Já lá fui há muitos anos mas se houver algum estacionamento deve ser pequeno e tão ou mais caro que o acesso ao próprio Alhambra).
Veja-se a quantidade de pessoas que vão a pé até ao Palácio da Pena pela estrada da Pena, senão passasem ali tantos carros seria um passeio bem agradável, melhor ainda seria o caminho da zona da Estação de Sintra até ao Centro Histórico e o caminho pela Igreja de Santa Maria que poucos turistas tem a opurtunidade de conhecer... Acabem de vez comos carros garanto que o n~de turistas (nacionais também) não vai diminuir.
Já agora também muito importante é que não acabem com a gratuitidade aos Domingos de manhã. Os Sintrenses precisam de alguma benece pois o facto de Sintra ser Património Mundial também tem alguns aspectos negativos.
Que pena não ter assinado o seu comentário. Continuo a perguntar-me que razão poderá levar alguém a não se responsabilizar por um comentário tão lúcido e pertinente.
Granada é um dos inúmeros casos que conheço por essa Europa fora. Em termos de rampa a subir, Granada é facílima se, por exemplo, a compararmos com uma situação que aqui muitas vezes tenho trazido, como a do Castelo de Neuschwanstein.
Outro caso que conheço, ainda melhor, é o de Salzburg. Cidade assente no vale do Rio Salzach, está rodeada por montanhas com assinaláveis peças patrimoniais em vários pontos bastante altos, onde apenas se acede a pé [a excepção é a célebre fortaleza (uma das maiores e mais bem preservada da Europa) que tem uma alternativa através de funicular.
Percebo mal por que, entre nós, em Sintra, mesmo a PSML, não abandona de vez a concessão ao automóvel. Precisávamos de discutir, de continuar a discutir estes assuntos tão profícua e sistematicamente quanto possível. Há tanta solução que pode ajudar a fazer a pedagogia das alternativas que abordamos.
Grato pela sua participação,
João Cachado
Passo a transcrever, do facebook, um comentário a este texto.
"Freire Da Paz Renato
Caro amigo João de Oliveira Cachado
Gostei do teor do seu texto e acrescento que essas duas potencialidades arquitectonicas máximas de Sintra podem ser ainda melhor exploradas em termos de turismo internacional e nacional, se houver engenho... e arte. Recordo o que o Professor José Hermano Saraiva sugeriu um dia: Poder-se-ia arranjar uma carruagem puchada a cavalos das que estão no museu dos coches ou outra construída em jeito de Alice no país das maravilhas passeando os turistas pelos pontos mais bonitos. e que há de mais bonito a seguir a Queluz e ao palácio da Pena? Só Monserrate e Regaleira. Ora se criassem percursos em macadame entre esses dois ícons de beleza arquitéctónica e os cuidassem e preservassem com História viva: Teatros recriativos de épocas históricas, estátuas de cera, bandeiras de várias épocas livros e folhetos traduzidos em muitas línguas etc. etc. é isso que venho propondo em jornais para ligar outros dois ícons aqui mais a norte: castelo de Leiria e Mosteiro da batalha, pelas margens do rio Lena em macadame. Para isso bastava juntar as juntas de freguesia e chegar a acordo com os proprietários que ocuparam a mota do rio, para a libertarem para esse fim. tenho a certeza que o turismo iria trazer a breve prazo rendimento para pagar todas essas despezas e muito mais exponencialmente seria acrescentado em lucro para as autarquias. A visão é que é curta e não quer colidir com interesses diversos do individualismo a impedir a cooperação que daria a ganhar a todos. Os melhores cumprimentos.Ver mais
Ontem às 13:57"
Caro Dr. João Cachado,
O comentério anterior de Freire Da Paz Renato, demonstra como há tantas e boas ideias para inspirar iniciativas concretas. É pena que as entidades oficiais não as aproveitem e, tantas vezes, invistam recursos em coisas sem qualquer validade.
Abraço amigo,
Fernando Colaço
Senhor Prof. João Cachado -
Tenho setenta e quatro anos, estou aposentada há oito da função pública e tenho o maior orgulho no que fiz enquanto servi o público. Não há coisa mais bonita do que o serviço público mas esta noção está a perder-se. Entendo que o serviço que a Monte da Lua presta é público e deve continuar a ser público para que eu e tantos como eu sintam e possam continuar a sentir-se orgulhosos da qualidade do trabalho que fazem. Muito obrigada pelas suas palavras que me tocaram muito. Muito obrigada,
Maria Teresa Soares
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