[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 3 de dezembro de 2011

Iberismo,
ainda a propósito

A propósito da supressão do feriado do Primeiro de Dezembro, o Senhor D. Duarte Pio de Bragança*, em entrevista hoje publicada pelo Expresso, referiu-se a uma série de questões, sempre muito ‘en passant’, já que os incontáveis afazeres de Sua Alteza, não lhe deverão conceder disponibilidade mental bastante, digamos assim, para ir um pouco mais longe.

A propósito do iberismo limitou-se a afirmar que “(…) Há uma corrente iberista que vai passando a sua mensagem (...)” Apenas isto, sem qualquer enquadramento. No entanto, numa frustrada tentativa de condenar o iberismo, D. Duarte acrescentaria, de imediato: “(…) As pessoas tentadas por estas ideias deveriam visitar a Catalunha, o País Basco, a Galiza e ver como é bom ser dominado pelos castelhanos! (…) Quando eles começam a mandar noutros povos são sempre problemáticos. (…)”

De facto, não deixa de ser lamentável que, por vezes, S.A.S. o Senhor D. Duarte assim perca a serenidade. Que simplismo! Que confusão! Talvez lhe conviesse inteirar-se um pouco mais acerca das questões inerentes às reais ou aparentes hegemonias, não só em relação à Espanha, mas também à Bélgica, ao Reino Unido onde, por exemplo, quem já ouviu os escoceses queixarem-se dos ingleses, até deve achar que galegos e catalães devem ser uns meninos do coro…

Em definitivo, porém, de uma coisa se esquece ou, provavelmente, não lhe conveio ter presente. É que, entre iberistas, tão ou mais convictos do que eu, haverá uma boa percentagem de monárquicos que não teriam o mínimo problema e, provavelmente, até prefeririam ter como seu Chefe de Estado, Sua Majestade Don Juan Carlos I. E, mesmo os iberistas que não são monárquicos, teriam tanto problema com esta questão do regime monárquico ou republicano, como os milhões de europeus que, não sendo monárquicos, vivem em Estados que são reinos…

[*O nome próprio do Duque de Bragança não é Duarte Nuno como, erradamente, a jornalista Rosa Pedroso Lima refere mas, isso sim, Duarte Pio. E assim é em homenagem a Eugenio Pacelli, o Papa Pio XII, que foi padrinho de baptismo do principezinho nascido em Berna em 1945. Duarte Nuno era, de facto, o nome do seu pai.]

A propósito, a música

Vamos a questão muito mais interessante. Como sabem, foi D. João IV, o Rei de Portugal que reinou a partir do Primeiro de Dezembro de 1640. Sempre que dele me lembro, também recordo a controvérsia acerca da autoria do cântico natalício Adeste Fideles ou Hino Português, como era conhecida, em Londres, a composição atribuída a este monarca. A autoria da peça é reivindicada por muita gente, desde Händel, Gluck, Marcos Portugal e, com muita frequência, a John Wade. Como verificam, se bem fizerem as contas, há por aqui um século de diferença que, para o efeito, não tem importância alguma...


Seja como for, certo é que o Rei D. João tivera esmeradíssima educação musical, tinha uma biblioteca musical famosa e, de facto, era compositor. Independentemente da certeza da autoria, já em tempo de Advento, apetece-me propor-vos esta peça tão conhecida, aqui interpretada pelos Wiener Sängerknaben.


http://youtu.be/pWrMDd-_sp8



2 comentários:

Sintra do avesso disse...

Transcrições do facebook:

Luis Miguel Correia Lavrador, Gabriel Mendes e 2 outras pessoas gostam disto..


Natalia Carvalho

Sempre agradável ouvir estas lindas e Divinas musicas,como as vozes;--quanto ao D.Duarte foi aqui meu vizinho, em Coimbrões,a casa esta meia demolida e meia por demolir,isto é outra questão,deve ter sido talvez em alturas que a vida andava um pouco por baixo:depois sairão daqui não sabemos mais razões,só sei que ele andava na escola e era um tótó...Sábado às 13:51 ·

Luis Miguel Correia Lavrador Agora é que o Duarte perde o Pio de vez :))) (sou avesso a títulos antes dos nomes e por isso não os uso)Sábado às 15:32 ·

Maria Do Rosario Billwiller

há uns anos atrás tive o prazer de ver o Wiener Sängerknaben na catedral de Salzburg. É umas das razoes porque paco o Natal aqui. As cancoes de Natal sao maravilhosas.Sábado às 18:46 ·

João De Oliveira Cachado

Ah Rosário, como eu bem te compreendo!... Salzburg no Natal é incomparável e a ligação da cidade, que é Meca da Música, com a música de Natal, não podia ser mais especial. Deves saber que foi muito perto de Salzburg, em Oberndorf, que foi composta a mais famosa das canções de Natal, "Stiele Nacht, heilige Nacht", que também deves ter ouvido cantada pelos Wiener Singerknaben. Também já os ouvi mas em Viena. Salzburg está tão relacionada com a época do Natal que, mesmo durante todo o resto do ano, há lojas cujo negócio permanente é o das decorações natalícias. É preciso conhecer o que é a cultura dos climas frios e secos das terras germânicas do centro da Europa, indissociavelmente ligada às temperaturas baixas, à neve e ao gelo, mas também ao aconchego do conforto da generalidade das casas, para perceber de que realidades falamos tu e eu. Depois, uma imensa religiosidade, vivida e não da fachada, católica até à medula, consegue 'o resto'. Saudades e um beijoDomingo às 15:56

Sintra do avesso disse...

E mais algumas:


Luis Miguel Correia Lavrador

Passei o último Natal na Dinamarca e senti o mesmo. Muito vivido e genuíno, com alegria!Domingo às 18:08 ·

Maria Do Rosario Billwiller Aqui aonde vivo há agora na altura do Advento concertos em todas as igrejas. quando chego ao centro da cidade ao escurecer com todas as janelas iluminadas dou sempre gracas a Deus por ter a sorte de viver aqui. beijosDomingo às 19:08

João De Oliveira Cachado

Meu Caro Luís, conheço bem. Em resultado de muitos anos de negócios, o meu pai tinha uma ligação fortíssima com a Dinamarca onde acabámos por ter muito bons amigos. Há diferenças evidentes com o Natal católico. Tanto a minha querida prima Maria do Rosário Billwiller - que, há mais de quarenta anos, tem vivido na Suiça e na Alemanha - como eu, somos católicos e, portanto, quando nos referimos ao natal de Salzburg, temos em consideração uma fortíssima componente católica apostólica romana. A Maria do Rosário vai passar o Natal em salzburg por opção, porque, entre outros factores, o modo como ali se vive a Fé e a religiosidade no quotidiano, é algo de muito especial e sui generis. A relação dela com Salzburg, a minha relação de muitos anos com Salzburg, não tem nada que ver com turismo, percebe o Luís? Para nós trata-se, não só, de matriz de vida, em geral, mas também de matriz de vida cultural já que são indissociáveis. Julgo que, tendo esclarecido desta maneira, melhor compreende o Luís os nossos meandros. AbraçoDomingo às 19:22 ·

João De Oliveira Cachado

Minha querida Rosário, estava a responder ao Luís, falando acerca de nós. Como não quebrei confidências, espero aprecies. Bem podes dar graças a Deus. É um privilégio enorme o teu. Um grande beijo.Domingo às 19:25 · GostoNão gosto.Maria Do Rosario Billwiller tens razao eu considero um priveligio o viver aquiDomingo às 19:30 ·

Luis Miguel Correia Lavrador
Acho essa relação com a atmosfera espiritual de Salzburg, lindíssima! Sonhava com a família Von Trapp do filme, que depois vim a descobrir ter existido de facto. A paisagem era o sonho de qualquer criança. E eu passava essa fantasia para o papel, em forma de desenho, com montes e vales verdejantes... :)Domingo às 19:36

João De Oliveira Cachado

Que interessante! Sabe Luís, eu conheci pessoalmente, mesmo, a Maria von Trapp. E esta, hem?! É verdade, ainda a conheci. As montanhas que o meu amigo desenhava são as da lindíssima região do Salzkammergut, montanhas, lagos e laguinhos, grutas (de sal, que fez a riqueza de Salzburg, cidade do sal), etc que, ao contrário do que muita gente pensa, não é só a região da Música no Coração. Aliás, como sabe, quanto mais se conhece um lugar, mais se apagam os clichés para sobressair a verdade das coisas. Vem a propósito ainda referir e sublinhar que, de facto, compreender aquela região, a cidade, as aldeias, a tal cultura germânica, perto da Baviera e do Tirol, não é difícil. Ser católico facilita muito.