[sempre de acordo com a antiga ortografia]
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Sintra,
pretexto para Primavera
(texto inicialmente publicado no facebook em 10 do corrente)
“Die Jahreszeiten” , [As Estações], oratória em quatro partes, Hob.XXI, 3 de Joseph Haydn, composta entre 1799 e 1801 - cujo autógrafo desapareceu, existindo contudo uma cópia em Viena corrigida pelo próprio compositor - foi estreada em privado no dia 24 de Abril de 1801no palácio Schwarzenberg e, em público, em 29 de Maio seguinte no Burgtheater.
Os solistas encarnam três camponeses, Hanne, Lukas e Simon que vivem o desenvolvimento das quatro estações, nas quatro partes sucessivas da obra, cada uma precedida de uma introdução sinfónica. A partitura ainda consegue ser mais brilhante que a de “A Criação”, residindo o seu encanto numa aliança muito sofisticada entre temas populares e de escrita erudita, numa extraordinária profusão de ideias melódicas, por um lado, de reminiscências campestres, de alusões pitorescas como canções tradicionais, coros de cantores e de fiandeiras, enquanto que a cultura erudita nos chega através de grandes corais, já de pendor romântico.
Bem pode afirmar-se que “As Estações” constituem o coroamento da carreira de Haydn. É uma obra do século dezanove, com tudo o que tal atribuição temporal sugere, inclusive, apontada por alguns musicólogos como a primeira grande obra romântica do século.
Trata-se de um grande momento da Arte e da Cultura ocidental, e, não esqueçam, obra de dois Irmãos Maçons, portanto, do próprio Joseph Haydn e do Barão Gottfried van Switen, que se encarregou do libreto, segundo um poema de James Thomson traduzido por Brockes, consignando ao todo uma mensagem inequivocamente conotada com determinados elementos da cultura e vivência maçónica.
Por motivos óbvios, num dia em que, aqui em Sintra, a primaveril exuberância da paisagem me atinge em cheio durante a caminhada matinal até ao Caminho dos Frades, optei por vos gratificar com a primeira parte da oratória. Aí tendes ‘A Primavera’, cumprindo-me chamar a atenção para o tema da Sinfonia Nº 94, ‘A Surpresa’, sob a forma de ária ‘Schon eilet froh der Ackermann’ que canta e assobia o trabalhador e, igualmente, à fuga final.
A gravação, com legendas em Alemão, Inglês e Francês, é esplêndida. Nada mais nada menos do que Karl Böhm dirigindo a Sinfónica de Viena e o coro Wiener Singverein, com Gundula Janowitz, Peter Schreier e Martti Talvela como solistas.
Boa audição!
http://youtu.be/T7_5-njPJbE
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