[sempre de acordo com a antiga ortografia]
sábado, 13 de outubro de 2012
Despudor sem limite
[Texto publicado no facebook em 11 de Setembro]
Através da TVI, acabamos de saber que o grupo parlamentar do Partido Socialista adquiriu quatro automóveis novos, de topo de gama, VW Passat e Audi A5, recorrendo ao orçamento da Assembleia da República, isto é, usufruindo de verbas disponibilizadas por todos os contribuintes.
Mais se soube que qualquer dos outros grupos parlamentares dispõe de viaturas que, para todos os efeitos, ou são menos espampanantes, mais económicas, mais antigas ou, no caso do BE, nem sequer as adquiriram, preferindo alugar quando necessário. Disse o leader parlamentar do PS que, deste modo, poupam mais de 100.000 Euros/ano em relação à frota que substituíram.
A propósito, logo nos lembramos de várias empresas públicas - não se recordam do caso da Companhia das Águas? - cujos gestores também pretendiam iludir o povo, exactamente com o mesmo argumento, para, despudoradamente, se fazerem passear em automóveis de luxo quando nem condições havia para se transportarem de carroça.
No mesmo país que, inadvertida e irresponsavelmente, o Partido Socialista conduziu à bancarrota, melhor seria que os membros do seu grupo parlamentar tivessem um pingo de vergonha e nos poupassem estas lamentáveis cenas de pacóvios deslumbrados com mordomias que custam o sangue, o suor e as lágrimas de um povo sofrido e exaurido. Não haverá quem os contenha?
Claro que o «arco do poder» é tão medíocre que, actualmente, em substituição de tão maus governantes, estamos sendo governados pela equipa dos mais incompetentes desde o Vinte e Cinco de Abril. São péssimos, é verdade, continuam perfeitamente às aranhas, com a troika de permeio, fazendo-nos pagar juros de agiota por empréstimos incomportáveis, no quadro de uma economia que nem sequer gera a riqueza necessária ao serviço da dívida.
Contudo, cumpre não esquecer que, na aflitiva situação que o país atravessa, os mesmos senhores que nos trouxeram à bancarrota, não hesitaram em comprar, com o nosso dinheiro, bens perfeitamente dispensáveis. Não, meus senhores, ao contrário do que possa sugerir-se, isto não é um episódio insignificante, onde estão em jogo «só» umas centenas de milhar de euros, coisa desgarrada, inconsequente.
Inadmissível seria que se confundisse este e outros comentários congéneres com qualquer ponta de demagogia. Nem por sombras! Tenho, temos, isso sim, o direito a concluir, perante as evidências, que prevalece a mesma mentalidade de sempre. É a mesma gente. É o mesmo escândalo. É, sem qualquer hipérbole, o horror institucionalizado a minar os frágeis alicerces de um Estado Democrático de Direito servido pelos piores dos piores. Que lástima!
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