Mozart, trilogia sinfónica
na Mozartwoche 2013
na Mozartwoche 2013
[Texto publicado no facebook em 26 de Janeiro de 2013]
Apenas uma nota prévia às considerações que farei acerca do concerto de ontem à noite. Na Mozartwoche, todas as propostas são do mais alto nível. Desde 1956, ano do início deste festival, a Stiftung Mozarteum não faz qualquer concessão à mediania. Os eventos podem correr mal e,
em tantos anos que aqui venho, tenho boas histórias de espectáculos que correram mal ou mesmo muito mal, o que não significa que, à partida, não constituíssem apostas estimulantes.
Portanto, durante todo o festival, antes de qualquer dos espectáculos, tal como ontem fiz, poderei sempre evidenciar a excepcionalidade do que aqui acontece. Ontem, fi-lo por se tratar de um programa que envolve uma tríade de peças geralmente considerada como o testamento sinfónico de Mozart e que, tão recentemente, como deverão lembrar-se, também eu abordei ao escrever as notas que convosco partilhei no fim do «curso» que vos propus sobre todas as sinfonias de Amadé.
Ora bem, Sir Simon Rattle sabe perfeitamente o terreno que pisa quando , em Salzburg, se apresenta à frente da inglesíssima Orchestra of the Age of Enlightenment (OAE), num dos auditórios mais emblemáticos como é o do Grosses Festspielhaus, perante um público sempre muito exigente quanto à leitura e interpretação do «seu» Mozart, pelas melhores orquestras alemãs e austríacas que gostam de reivindicar o melhor serviço ao grande génio aqui nascido.
Nesta mesma sala, há dez anos, assisti eu aos primeiros passos de Sir Simon Rattle como Director do Festival da Páscoa de Salzburg. Cumpre lembrar que Herbert von Karajan, natural desta cidade, foi quem fundou o Festival da Páscoa e o dirigiu pela primeira vez. Depois da sua morte, os maestros que se lhe seguiram também têm assumido a direcção do Österfestspiel que pressupõe uma especial relação com esta cidade. E Sir Simon tem, de facto, essa relação especial com Salzburg.
Por outro lado, a sua relação com a OAE vem de 1992, portanto, há mais de vinte anos, quando foi designado seu ‘Principal Guest Conductor’. Actualmente é ‘Principal Artist with the OAE’, uma excelente formação orquestral cuja fama e proveito nós, portugueses, bem conhecemos das suas deslocações à Gulbenkian, sob a direcção de Franz Brüggen.
Em Salzburg, tal como Sir Simon Rattle, também a OAE nada veio arriscar e, isso sim, apenas confirmar o altíssimo nível das prestações que fazem o seu já longo palmarés. Mozart teve o mais fiel servidor através da leitura que ontem tivemos o privilégio de viver. Nada falhou, numa obediência rigorosa aos tempos, às pausas – e que longas pausas Sir Simon é capaz de fazer aguentar os músicos e o público, na correctíssima perspectiva que pausa é sofisticadíssima música – sereno mas arrebatado, dominando todos os matizes das partituras, privilegiando uma sábia adequação da dinâmica, jamais concedendo a mínima facilidade e, em suma, evidenciando como é de bastidores, e não fruto de exuberância no palco, a grande tarefa de qualquer maestro.
A exemplo do que quase sempre acontece, o Grosses Festspielhaus estava esgotadíssimo, nos seus dois mil e trezentos lugares, vivendo uma das maiores festas sinfónicas que é possível. O grande legado sinfónico de Amadé continua bem entregue. E, no ano que vem, também na Mozartwoche, há mais. Para o dia 1 de Fevereiro de 2014, já está anunciado um concerto com a Orquestra Filarmónica de Viena, com o mesmo programa, sob a direcção de Daniel Barenboim.
Vou deixar-vos com um momento absolutamente genial, de uma inspiração inultrapassável, do terceiro andamento, Menuetto-Trio, da Sinfonia KV. 543, a primeira da trilogia, numa fabulosa leitura de Karl Böhm, dirigindo a Orquestra do Royal Concertgebouw de Amsterdam, em 1955.
http://youtu.be/f531-rRjipM
Portanto, durante todo o festival, antes de qualquer dos espectáculos, tal como ontem fiz, poderei sempre evidenciar a excepcionalidade do que aqui acontece. Ontem, fi-lo por se tratar de um programa que envolve uma tríade de peças geralmente considerada como o testamento sinfónico de Mozart e que, tão recentemente, como deverão lembrar-se, também eu abordei ao escrever as notas que convosco partilhei no fim do «curso» que vos propus sobre todas as sinfonias de Amadé.
Ora bem, Sir Simon Rattle sabe perfeitamente o terreno que pisa quando , em Salzburg, se apresenta à frente da inglesíssima Orchestra of the Age of Enlightenment (OAE), num dos auditórios mais emblemáticos como é o do Grosses Festspielhaus, perante um público sempre muito exigente quanto à leitura e interpretação do «seu» Mozart, pelas melhores orquestras alemãs e austríacas que gostam de reivindicar o melhor serviço ao grande génio aqui nascido.
Nesta mesma sala, há dez anos, assisti eu aos primeiros passos de Sir Simon Rattle como Director do Festival da Páscoa de Salzburg. Cumpre lembrar que Herbert von Karajan, natural desta cidade, foi quem fundou o Festival da Páscoa e o dirigiu pela primeira vez. Depois da sua morte, os maestros que se lhe seguiram também têm assumido a direcção do Österfestspiel que pressupõe uma especial relação com esta cidade. E Sir Simon tem, de facto, essa relação especial com Salzburg.
Por outro lado, a sua relação com a OAE vem de 1992, portanto, há mais de vinte anos, quando foi designado seu ‘Principal Guest Conductor’. Actualmente é ‘Principal Artist with the OAE’, uma excelente formação orquestral cuja fama e proveito nós, portugueses, bem conhecemos das suas deslocações à Gulbenkian, sob a direcção de Franz Brüggen.
Em Salzburg, tal como Sir Simon Rattle, também a OAE nada veio arriscar e, isso sim, apenas confirmar o altíssimo nível das prestações que fazem o seu já longo palmarés. Mozart teve o mais fiel servidor através da leitura que ontem tivemos o privilégio de viver. Nada falhou, numa obediência rigorosa aos tempos, às pausas – e que longas pausas Sir Simon é capaz de fazer aguentar os músicos e o público, na correctíssima perspectiva que pausa é sofisticadíssima música – sereno mas arrebatado, dominando todos os matizes das partituras, privilegiando uma sábia adequação da dinâmica, jamais concedendo a mínima facilidade e, em suma, evidenciando como é de bastidores, e não fruto de exuberância no palco, a grande tarefa de qualquer maestro.
A exemplo do que quase sempre acontece, o Grosses Festspielhaus estava esgotadíssimo, nos seus dois mil e trezentos lugares, vivendo uma das maiores festas sinfónicas que é possível. O grande legado sinfónico de Amadé continua bem entregue. E, no ano que vem, também na Mozartwoche, há mais. Para o dia 1 de Fevereiro de 2014, já está anunciado um concerto com a Orquestra Filarmónica de Viena, com o mesmo programa, sob a direcção de Daniel Barenboim.
Vou deixar-vos com um momento absolutamente genial, de uma inspiração inultrapassável, do terceiro andamento, Menuetto-Trio, da Sinfonia KV. 543, a primeira da trilogia, numa fabulosa leitura de Karl Böhm, dirigindo a Orquestra do Royal Concertgebouw de Amsterdam, em 1955.
http://youtu.be/f531-rRjipM
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