[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 17 de abril de 2013





Encontro de chefes,
a excepção e a regra


Finalmente, depois de seis meses de ausência de contacto pessoal directo, como entender que só hoje, e para troika ver, o PM se encontre com o chefe da oposição?Num país que, há anos, está à beira do colapso, previsível seria que estes senhores reunissem amiúde, afinassem estratégias de defesa dos interesses nacionais, tanto no exterior como para «consumo interno».

Só gente medíocre, representativa de uma classe política desqualificada, pode permitir-se desperdiçar a oportunidade de encontros frequentes, ao mais alto nível, que, além da sua premente necessidade de concretização, demonstrassem aos concidadãos como, apesar das divergências decorrentes dos respectivos enquadramentos partidários, o superior interesse justifica e exige.

Também é por esta via que se promove a superior noção do civismo – hoje em dia, fácil e evidentemente, coincidente com a de patriotismo – como paradigma contrário à radicalização de posições.

Como, infelizmente, assim não tem acontecido, a ideia prevalecente, suscitada pela contundente atitude mútua de Pedro Passos Coelho e António José Seguro, é a que também decorre do mundo do futebol, ou seja, a de duas «comadres desavindas», quais Pinto da Costa e Rui Vieira, digladiando-se na praça pública, através dos media.

Aliás, em consequência ou em articulação com esta ‘estratégia’ dos respectivos chefes políticos, como espantarmo-nos com os «comentários políticos» alinhavados nas redes sociais por ilustres anónimos, militantes e simpatizantes do PSD e do PS, numa lógica obediência ao exemplo de radicalização que lhes vem do alto, reproduzindo a atitude dos presidentes e dos adeptos do Porto e do Benfica?

Portanto, muito bom seria que os dois políticos decidissem privilegiar a frequência periódica de encontros, tornando regra o que é excepção. A situação do país é de tal maneira grave que, mesmo sem um governo de ‘salvação nacional’ se impõe uma via para certas vertentes de um desejável entendimento. Pelo menos, que tornem operacional uma ‘linha telefónica vermelha’...

Finalmente, como não lembrar a primeira ópera de John Adams, produzida por Peter Sellars, com libreto de Alice Goodman, acerca de um dos mais famosos encontros de chefes, entre Nixon e Mao Zedong, em 1972? Eis um excerto.

Boa audição!


http://youtu.be/5Tv3hrZmcEk
 



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