Mozart,
Corpo de Deus
Neste dia de Corpo de Deus, outra não podia ser a obra que logo me ocorre, ou seja, o Ave Verum Corpus, motete, KV 618, de Mozart. Está datado de 17-18 de Junho de 1791, portanto, do último Verão do ano em que o compositor viria a falecer, tendo sido dedicado ao seu amigo Anton Stoll, mestre de coro em Baden e, pela primeira vez apresentado no seguinte dia 19 de Junho, festa do Corpo de Deus, na igreja paroquial de Baden.
Trata-se de uma verdadeira obra-prima, em que a grande mestria da escrita polifónica se alia a uma serena limpidez e singular simplicidade que faz lembrar os grandes mestres da Renascença. A fonte inspiradora directa é a sequência In Honorem Sanctissimi Sacramenti, dividindo-se esta curta peça em três secções:
1.‘Ave verum corpus…’ [‘Verdadeiro Corpo, nascido da Virgem Maria e sacrificado na Cruz pelo Homem’; versículos 1 e 2, em Ré Maior];
2. ‘Cujus latus perforatum…’ [‘Do teu ventre trespassado, corre a água e o sangue’; versículo 3 com uma modulação espantosa em Fá Maior, seguida de Ré menor];
3. ‘Esto nobis praegustatum…’ [Sede para nós um exemplo por ocasião da prova da morte’; versículo 4, em Ré Maior].
Terminando numa serenidade confiante, apenas cumpre assinalar a curta conclusão instrumental que nos eleva a uma dimensão espiritual já no campo do divino. A gravação que vos proponho foi colhida num concerto ao vivo, em Abril de 1990, na igreja de Waldsassen, em que Leonard bernstein dirige o Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera.
Boa audição!
http://youtu.be/6KUDs8KJc_cVer mais
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